Do romance de época ao amor de patinadores no gelo: entenda sucesso da autora paulista Babi A. Sette
Um dos principais nomes do romance de época nacional, a autora fala ao 'Estadão' sobre seu lançamento jovem adulto. Ela também explica suas realizações como escritora
Babi A. Sette, um dos principais nomes do romance de época nacional, se aventura em um novo campo: as pistas de patinação no gelo. A autora paulista de 44 anos acaba de lançar O Beijo da Neve, um romance jovem adulto que conta a história de amor entre dois jovens patinadores. Em entrevista ao Estadão, a autora, que esteve na programação oficial da Bienal do Livro, se descreve como uma pessoa apaixonada por "contos de fadas, histórias clichês e coisas que a surpreendem".
"Sou um pouco de cada história que já contei, bastante do que eu sonho e acredito, o desejo ardente de um mundo melhor e a certeza de que todas as histórias de amor — sejam elas sobre um casal, grupo de amigas ou amar a si mesma — podem ter um final feliz", fala.
Depois de 10 livros lançados, Babi A. Sette olha para trás com orgulho. Ela somou o número de palavras que já escreveu em cada romance ao longo de dez anos de carreira e, em média, foram 100 mil palavras cada: "Somando um milhão de palavras. É lindo e enorme, e é pouco ao mesmo tempo se pensarmos como uma história é infinita em significados. Como cada uma dessas palavras pode plantar sementes no coração das pessoas."
Mas sua paixão pelos livros não veio com a escrita. Na verdade, Babi conta que foi uma criança apaixonada por romances de época, como os de Jane Austen: "Eu era tão fã que sabia os diálogos de cor [risos]. Com 12 anos já lia os clássicos da literatura do século passado, mas também amava brincar de Barbie e criar histórias".
Ela relembra que um de seus sonhos de infância era ganhar uma Barbie com vestido do século 19, e que sua bisavó encomendou numa barraca da feira um vestido do jeito que sonhava. Ao lembrar desse momento, ela pensa em como a "mini" Babi estaria feliz em saber que ela continua "brincando de criar histórias de época".
A Promessa da Rosa, seu último romance de época, foi lançado em 2022 e só reforçou o motivo da escritora ser uma referência no gênero literário aqui no Brasil. Nesse livro, lançado pela Verus, Babi conta a história de Kathelyn Stanwell é a primeira filha de um conde, e de Arthur Harold, nono duque de Belmont.
Para Babi, ter conquistado esse espaço tem a ver com o "amor pelas histórias de séculos passados": "Comecei a publicar romances de época no Brasil quando poucos autores nacionais conheciam ou se arriscavam no gênero, quando poucos leitores pensavam em ler esse gênero. Foi natural pra mim, como brincar de Barbie na infância".
Do romance de época ao jovem adulto
Em O Beijo da Neve, Babi A. Sette se aventura em um livro jovem adulto. Lançado um ano após A Promessa da Rosa, a escritora conta que sente que o processo de escrita de cada livro "sempre se encontra". "De algum jeito é como se a história que estou escrevendo agora, me levasse para as histórias que ainda vou escrever. Quando penso em sair de um romance de época para um romance contemporâneo e jovem, de certa forma, isso me trás um alívio. É tipo um respiro", fala.
A ideia para escrever seu novo livro surgiu em três momentos diferentes, segundo a autora. Uma mistura de Canadá, Disney e enquete nas redes sociais. Babi passou 21 dias no inverno do Canadá em 2014 e se apaixonou pela estação. Seis anos depois, na Disney e apaixonada pelo universo da Frozen, veio a vontade de escrever um romance de patinação no gelo. E neste ano, uma enquete nas redes sociais perguntando qual universo os leitores preferiam definiu o tema do livro: balé clássico ou a patinação no gelo: "O livro se passa no Canadá e foi lá que aprendi a me apaixonar pelo inverno, uma estação tão extrema e bela".
Nina, a personagem principal de O Beijo da Neve, tem algumas coisas em comum com a autora. Babi estava há três anos sem escrever nenhum romance e a protagonista de seu lançamento vivia algo parecido: ficou três anos sem patinar.
"Ela precisou superar muitos desafios, assim como eu também precisei para voltar a escrever com a leveza, entrega e todo o meu coração. Eu sinto que a Nina me deu a mão e conforme ela superava lembrava o quanto amava patinar, eu também lembrava o quanto amo escrever. A inspiração para escrever esse romance foi uma tentativa de reencontrar a minha própria inspiração", fala.
O Beijo da Neve também trata de temáticas como cyberbullying, questões LGBT+ e relacionamento interracial. Para a autora, inserir esses assuntos em seu livro é uma forma de representar "na arte o sofrimento e estrago que o preconceito (de todas as formas) podem trazer para a vida de uma pessoa".
Para migrar entre os dois gêneros literários, Babi cita algumas autoras que admira e estão no mesmo caminho que ela: "Lisa Kleypas me fez entender que era possível mudar de gênero com competência. Anne Marck é uma autora nacional que admiro muito. E, por fim, não pode faltar o talento e versatilidade da escrita da Paola Aleksandra, que lançou dois romances de época e acaba de lançar seu primeiro romance contemporâneo, Amor às causas perdidas".
Para o futuro
Babi A. Sette já está trabalhando em dois romances novos. Um, claro, de época, mas que ainda está só no esboço. O outro é um new adult (novo adulto, na tradução literal), que já está em produção. "O new adult terá uma protagonista brasileira que mora fora do País e que vai enfrentar alguns problemas com xenofobia e um professor de música que não é bem quem parece ser em sala de aula", adianta ao Estadão.
Por mais que esteja trabalhando em romance para os "novos adultos", Babi não esconde que os romances de época têm um lugarzinho especial no seu coração. "Meu coração pertence às histórias de amor [risos], mas, sem dúvidas, os romances de época ocupam um lugar bem importante nele", conta.