A resposta de David Lynch ao público que acredita que seus filmes não têm sentido

David Lynch faleceu nesta quinta-feira, 16, aos 78 anos, informaram seus familiares por meio de publicação no Facebook. A causa da morte não foi revelada, mas o artista afirmou, no último ano, que foi diagnosticado com enfisema pulmonar, causado pelo fumo. 

As narrativas pouco convencionais dos filmes do diretor renderam a ele um nome próprio para seu modo de trabalhar: o Lynchianismo, ou cinema Lynchiano. Muitos fãs, porém, ficaram confusos com alguns de seus títulos, como Império dos Sonhos (2006) e Twin Peaks. 

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Durante evento que permitiu que o público fizesse perguntas ao cineasta, uma integrante da plateia o questionou sobre o que pensa em relação àqueles que dizem que seus filmes não têm sentido. Lynch, então, disse:

Gosto de uma história que tenha algo concreto, estruturado, mas que também carrega abstrações. A vida é cheia de abstrações, e a forma como damos sentido a ela é por meio da intuição. As pessoas se acostumaram com o filme que se explica 100% sozinho e meio que desligam aquela bela coisa da intuição quando estão assistindo a um filme que tem algumas abstrações. Outra pessoas, por outro lado, amam abstrações, que dão espaço para sonharem. Abstrações, para mim, são coisas que o cinema pode dizer, e é tão bonito pensar sobre essas imagens e sons fluindo juntos no tempo, em uma sequência, fazer algo que só pode ser dito no cinema. Não são as palavras. Não é apenas a música. É um monte de coisas que se juntam em formam algo que não existia antes. É o que eu mais amo nisso. Para responder a sua pergunta um pouco mais: depende das pessoas, que elas encontrem suas próprias interpretações. Não importa realmente o que eu penso. Mesmo que todos os frames do filme sejam iguais, não há exibições idênticas. É o espectador, a imagem, o som, que fazem um círculo que fazem assim. Então, você apenas sente. É essa intuição, emoção e pensamento juntos que tomam um sentido para você.