Amazon fecha compra da MGM por US$ 8,45 bilhões
Aquisição trará mais 4 mil títulos e 17 mil horas de programação de TV para a empresa
A Amazon fechou um acordo nesta quarta (26) e comprou lendário estúdio de cinema MGM por US$ 8,45 bilhões.
Apesar de ter sido vazada na semana passada, a negociação teria sido bem mais longa - e, além da Amazon, a Apple também teria aberto conversas com o estúdio, mas o preço da aquisição foi considerado muito elevado para o prosseguimento das negociações.
"O valor financeiro real por trás deste negócio é o tesouro de um catálogo profundo que planejamos reimaginar e desenvolver junto com a talentosa equipe da MGM. É muito empolgante e oferece muitas oportunidades para contar histórias de alta qualidade", disse Mike Hopkins, vice-presidente sênior da Prime Video e Amazon Studios, ao revelar a compra pela manhã.
O catálogo da MGM é vastíssimo, considerando que se trata de um dos estúdios mais antigos de Hollywood (fundado em 1924). A lista é repleta de clássicos (O Mágico de Oz, E o Vento Levou, Rocky, O Silêncio dos Inocentes), franquias cobiçadas no mundo do streaming (como os filmes de 007 e três séries longevas de um mesmo universo, Stargate), além de atrações modernas como os filmes Creed, A Família Addams, Nasce uma Estrela, as séries The Handmaid's Tale, Vikings, Fargo, reality shows como The Voice, Survivor, Shark Tank e até um canal de TV paga, o Epix.
Mas como frisou o executivo da Amazon, o negócio também inclui os direitos criativos de todas as produções - menos 007, que é propriedade da EON Productions - , para serem utilizados em novas continuações, remakes e séries derivadas. O negócio é a maior aquisição da Amazon no setor de mídia, e sinaliza que a empresa está disposta a investir pesadamente em conteúdo para seus serviços de streaming.
A Amazon investiu US$ 11 bilhões em conteúdo em 2020, ante US$ 7,8 bilhões no ano anterior, e acaba de atingir 200 milhões de assinantes Prime em todo o mundo, dos quais 175 milhões assistiram conteúdo de streaming no ano passado.
A aquisição da MGM também é uma estratégia que suprir a eventual perda de conteúdo por parte dos estúdios que estão lançando suas próprias plataformas, e da falta de novas produções inéditas em todo o mercado de entretenimento devido às paralisações durante a pandemia, dando ao Prime Video um reforço instantâneo de títulos para avançar no mercado e preocupar a Netflix.
Ao comprar a MGM, a Amazon adicionará cerca de 4 mil títulos e 17 mil horas de programação de TV em seu serviço, que incluem propriedades de empresas adquiridas pelo estúdio ao longo dos anos, como as produções da Orion Pictures e American Internationtal Pictures. Além disso, contará com os novos projetos da MGM para este ano, como House of Gucci, de Ridley Scott, estrelado por Lady Gaga, e a sequência animada Família Addams 2.
O avanço da Amazon reflete a alta competitividade deste mercado e acontece dias após a decisão da AT&T de negociar sua divisão de mídia, a WarnerMedia, com a Discovery, o que criará uma companhia de TV e cinema com valor empresarial de mais de US$ 130 bilhões.
Os desdobramentos deste mês ainda refletem o fracasso das companhias de telecomunicações, como a própria AT&T e a Verizon, no negócio de produção de conteúdo e distribuição de streaming, enquanto a Disney prosperou no lançamento de sua própria plataforma, justamente após realizar uma aquisição milionária, dos estúdios Fox.
Mas embora os planos para a livraria de títulos da MGM sejam claros, a aquisição deixa algumas incógnitas, como o destino do canal pago premium Epix, que tem seu próprio conteúdo - além de um serviço de streaming independente - com títulos como Godfather of Harlem e Pennyworth, e a produção do estúdio para outras plataformas, como The Handmaid's Tale na rival Hulu e um spin-off de Vikings na Netflix.
De todo modo, o negócio ainda precisará ser aprovado pelas agências reguladoras dos EUA, o que deve acontecer sem entraves jurídicos, mas exigirá - e revelará - maiores detalhes sobre a integração da MGM à Amazon.