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Análise: 'Thor: Amor e Trovão' mostra que a Marvel pode ser feliz em outros gêneros

Longa que estreia esta semana traz romance em primeiro plano; outros filmes abraçaram o terror e a ficção científica como formas de destaque

7 jul 2022 - 18h10
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Com exceção de Capitão América: Soldado Invernal, que abraça o thriller como poucos filmes de heróis já fizeram, a Marvel parecia ter criado um gênero próprio para seus filmes. É uma mistura de ação, aventura e fantasia, sempre permeada com a tal "fórmula Marvel" de fazer filmes, com piadas incessantes e personagens sempre com a mesma personalidade. Só que, de 2022 pra cá, a coisa mudou: ficção científica em Eternos, terror em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura e, agora, romance em Thor: Amor e Trovão.

Estreia dos cinemas desta quinta-feira, 7, o longa-metragem mostra Thor (Chris Hemsworth) em um momento difícil: depois de perder quase toda sua família e a cidade-natal de Asgard, está sem rumo. As coisas mudam, porém, quando uma criatura das sombras (Christian Bale) começa a matar deuses e, principalmente, quando a antiga paixão Jane Foster (Natalie Portman) ressurge. No entanto, não mais como a brilhante cientista que é, mas também como a Poderosa Thor, versão feminina do deus nórdico da Marvel.

Neste ponto, o cineasta Taika Waititi transforma o filme em uma verdadeira saga romântica. Não entramos no mérito, aqui, se o longa-metragem é bom ou ruim. O fato é que a Marvel está cada vez mais dando liberdade aos cineastas e roteiristas de buscar novas linguagens para contar histórias que há dez ou cinco anos atrás seriam contadas de maneira pasteurizada, focando em elementos que dão unidade ao Universo Cinematográfico Marvel (UCM) e que, se não fossem memoráveis, seriam competentes de fazer o arroz com feijão.

Mudança de tom, novas tentativas

Isso mostra, de uma vez por todas, como a Marvel não está confortável com a repetição das mesmas histórias de sempre e, acima de tudo, indica que o chefão produtor Kevin Feige sabe que não dá para apostar sempre no mesmo formato. Em seu 29º filme, sem contar as séries para o Disney+, a Marvel precisa ousar mais, se arriscar mais. A primeira tentativa foi contratar a premiada cineasta Chloé Zhao (Nomadland) para o comando de Eternos, filme que traz um requinte visual pouco visto e aposta em uma típica história de ficção científica.

Depois, a guinada mais forte foi com Doutor Estranho no Multiverso da Loucura: o diretor Sam Raimi (do Homem-Aranha, de 2002) assumiu o controle de um filme repleto de obrigações com o UCM, como a apresentação aprofundada do multiverso. No entanto, ele soube colocar sua marca ao colocar elementos de terror na representação amedrontadora da Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) e até mesmo com um zumbi do Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch). É o mais longe, sem dúvidas, que a Marvel chega no gênero.

Thor: Amor e Trovão também tem muitas pontas soltas do UCM a serem resolvidas, como a situação do Thor em um contexto devastador, e também acrescenta outros elementos, como o drama familiar do vilão. Só que o que toma conta da história é o amor, a redenção, a paixão. Isso é o que move a narrativa - o vilão de Bale, apesar de seus feitos contra deuses, acaba sendo apenas uma pedra no sapato de um romance entre Thor e Jane que tinha tudo para dar certo. É, enfim, uma história que busca o amor em seu objetivo central.

O público, no entanto…

O único problema é que, mesmo com essas investidas em outros gêneros, a Marvel continua com dificuldades em agradar um público que, antes, era certeiro. Em termos de bilheteria, Eternos e Doutor Estranho no Multiverso da Loucura não agradaram. O primeiro ficou na casa dos US$ 400 milhões, enquanto o segundo superou os US$ 900 milhões - resultado mais expressivo, mas abaixo da cifra mágica de US$ 1 bilhão da Marvel Studios.

Em sites que agregam críticas e notas de filmes, há mais problemas. Eternos ficou com apenas 47% de aprovação no Rotten Tomatoes e nota 6.3 no IMDb. Doutor Estranho no Multiverso da Loucura se saiu um pouco melhor, mas ainda inconsistente: 74% de aprovação e 7,1 no IMDb. Thor: Amor e Trovão também abriu abaixo da expectativa, com 71% no Rotten Tomatoes. Com isso, fica a dúvida: será que a Marvel continuará em busca da melhor forma de ousar? Ou o futuro será, inevitavelmente, voltar à fórmula? A conferir.

Estadão
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