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'Assalto na Paulista' lembra clássicos do noir com as marcas do subdesenvolvimento do Brasil 

Filme é dirigido por Flávio Frederico e tem Eriberto Leão e Bianca Bin como protagonistas;veja trailer

25 ago 2022 - 20h10
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Assalto na Paulista soma características do gênero estadunidense a particularidades brasileiras. Lembra clássicos do noir, como O Segredo das Joias (Asphalt Jungle, 1950), de John Huston, com a preparação do roubo, descrição dos antecedentes dos personagens, a complexidade da operação e os problemas surgidos após o furto. Porém, o filme de Flávio Frederico, com roteiro de Mariana Pamplona, é baseado em caso real, quando uma agência bancária no coração financeiro de São Paulo foi assaltada e quase 200 cofres particulares no subsolo foram arrombados pela quadrilha. Traz também as marcas do subdesenvolvimento do País, esse misto de sofisticação e amadorismo presente tanto no mundo oficial quanto no ambiente do crime.

Eriberto Leão interpreta Rubens, bandido do interior paulista que bola o chamado plano perfeito, após o qual ele e o bando poderão se aposentar e viver de rendas. Com ele, há um grupo de profissionais, entre os quais se destaca Leônia, vivida por Bianca Bin. Leônia fora "adotada" por Rubens quando ainda menina, fugida da Bahia onde havia abatido a tiros um abusador muito próximo a ela.

O filme segue a ordem cronológica do assalto, porém intercalada por flashbacks de alguns personagens - em especial Rubens e Leônia. Como são vistos desde a infância, nota-se a intenção de humanizá-los. Aliás, a preocupação constante é evitar tipos estereotipados e sem espessura, proposta que se cumpre na quase totalidade da obra, com exceção de alguns deslizes e clichês.

Há também a intenção de fazer um thriller moderno, com movimentação de câmera inquieta e enquadramentos espertos. A trilha sonora, de BiD, associada a títulos de diferentes gêneros da música brasileira, produz bom efeito trabalho que é ágil, sem pagar multa por excesso de velocidade. Guarda momentos de respiro. A proposta é realista, embora, dentro desse quadro de referência, não se entenda bem como um personagem baleado possa se mostrar em tamanha boa forma.

Frederico é autor de, entre outros trabalhos, um documentário sobre a guerrilheira Iara Iavelberg (Em Busca de Iara, 2013) e a adaptação de um relato autobiográfico do rei da Boca do Lixo de São Paulo, Hiroito de Moraes Joanides (Boca, 2010). Tem boa mão para filmes de ação, mas busca sempre algo mais - a subjetividade dos personagens. É seu grande trunfo neste Assalto na Paulista. Vemos no Rubens de Eriberto Leão o criminoso brutal, porém também o homem frágil em alguns pontos. Na Leônia de Bianca, sob a capa da decisão, subjaz a mulher marcada por uma infância de abusos.

Humanizar personagens fora da lei não significa desculpá-los por seus crimes, mas lhes conceder o benefício da espessura e da complexidade humanas. É um favor feito ao espectador - não aos personagens aqui imaginários, envolvidos numa trama ficcional, embora inspirada em fatos verídicos.

Estadão
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