Austin Butler e Tom Hardy desafiam masculinidade em 'Clube dos Vândalos'
Filme com Jodie Comer, Boyd Holbrook e grande elenco já está em cartaz nos cinemas.
Austin Butler está no topo do mundo. Quer dizer, ao menos no que diz respeito ao momento da carreira. Alçado ao estrelato mundial ao viver Elvis Presley em "Elvis" (2022), ele emendou outros projetos que não deixam dúvidas de que veio para ficar. "Mestres do Ar" e "Duna: Parte 2" (2024) vieram para somar títulos de respeito a um currículo que já contava com "Era uma Vez em... Hollywood" e "Os Mortos Não Morrem" (2019).
A bola da vez é "Clube dos Vândalos", estreia da semana nos cinemas que leva às telonas a rebeldia sob duas rodas que tanto permeia o imaginário do sonho norte-americano.
Inspirado no livro "The Bikeriders", lançado por Danny Lyon em 1968, o filme se passa em uma época de rebeldia na América, quando a cultura e as pessoas estavam se transformando. Depois de um encontro casual em um bar local, Kathy (Jodie Comer) sente-se irresistivelmente atraída por Benny (Austin Butler), o mais novo membro dos Vândalos, clube de motoqueiros do centro-oeste americano liderado pelo enigmático Johnny (Tom Hardy).
Assim como o país ao seu redor, o clube começa a evoluir, transformando-se de ponto de encontro de motoqueiros à margem da comunidade local a um perigoso submundo da violência, obrigando Benny a escolher entre Kathy e sua lealdade ao clube. Transitando entre o fim da inocência e o despertar da vida adulta, o filme de Jeff Nichols ("O Abrigo", "Midnight Special") usa a estética da década de 60 para desafiar a masculinidade e estereótipos.
"Um dos conflitos no coração do filme é que esses caras sentem que não pertencem à sociedade padrão", conta Nichols, em entrevista a alguns veículos do mundo todo, da qual o Terra participou. O diretor e roteirista reflete sobre o espírito libertário no centro da história, e como ele pode ser uma armadilha.
"Eles encontram um lugar à margem daquilo, mas começam a adicionar estrutura e regras. De repente, aquilo se torna a coisa da qual eles estavam fugindo. É um ciclo que vimos em muitas partes da sociedade, é da natureza humana. Como contador de histórias, você encontra alguns padrões que parecem universais, e vale a pena examiná-los."
Jeff Nichols, diretor de 'Clube dos Vândalos'
Parcialmente inspirado na história do fotojornalista Danny Lyon, que escreveu o livro durante os quatro anos em que foi membro do clube de motoqueiros Chicago Outlaws Motorcycle Club, o filme explora como o grupo se transforma em uma gangue criminosa em meio a tantas mudanças políticas e sociais nos Estados Unidos.
Ao todo, são dez anos imprescindíveis na evolução do líder Johnny (Tom Hardy), do empolgado Benny (Austin Butler) e de seus companheiros motoqueiros Zipco (Michael Shannon), Funny Sonny (Norman Reedus), Cal (Boyd Holbrook), Brucie (Damon Herriman), Wahoo (Beau Knapp), Cockroach (Emory Cohen), Corky (Karl Glusman) e The Kid (Toby Wallace), enquanto eles sobrevivem em um mundo romântico, por vezes violento, que endeusa armas, bebida, drogas e independência.
História atemporal
Na percepção de Nichols, há de se valorizar o caracter atemporal da história. "Quando eu falo em cápsula do tempo, é disso que estou falando. Não muda o livro de Danny. Encontrei a história em uma edição de 2003, que me ajudou a formatar o filme, mas a cultura de gangues de motociclistas é uma coisa hoje, e era outra coisa naquela época", compara.
"Se for bem honesto, quando me sentei para escrever [o roteiro], eu pensei que talvez devesse fazer algumas pesquisas. E toda vez que eu encontrava alguma coisa, eu ficava aterrorizado, não fazia eu me sentir da forma que me senti quando peguei o livro de Danny. Então, por que isso?"
"Porque os artigos de hoje não são sobre as pessoas, eles falam das organizações que estão cometendo crimes nefastos. E isso não me interessa. O que me interessa são as pessoas, e é isso que Danny tentava fazer."
"Clube dos Vândalos" já está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil. Confira a programação local.