Irmãos Coen e filme de amor entre lésbicas lideram apostas em Cannes
Uma história de amor entre lésbicas, uma viagem à Nova York dos anos 60, uma reflexão sobre a paternidade ou uma visão sombria da China: a Croisette terá de esperar até esta noite para conhecer os vencedores do 66º Festival de Cannes.
A vida de Adèle, do franco-tunisiano Abdellatif Kechiche, Inside Llewyn Davis, dos irmãos americanos Joel e Ethan Coen, Like Father, Like Son, do japonês Hirokazu Kore-Eda, ou ainda A touch of sin, do chinês Zia Zhangke, lideram as apostas dos críticos franceses e internacionais.
Se os irmãos Coen conquistarem a Palma de Ouro, eles se juntarão ao exclusivo clube dos seis diretores que receberam esta premiação duas vezes.
Mas outros longas correm por fora, como o La grande bellezza, do italiano Paolo Sorrentino, Nebraska, do americano Alexander Payne, e ainda Le Passé, do diretor iraniano Asghar Farhadi.
As apostas foram lançadas para saber se Cannes, cujo júri é presidido pelo mago de Hollywood Steven Spielberg, vai premiar pela primeira vez um filme abertamente homossexual.
A menos que prefira agraciar a interpretação de Adèle Exarchopoulos, revelação do festival, e Léa Seydoux, brilhantes em A vida de Adèle, ou o casal extravagante de Behind The Candelabra, Michael Douglas e Matt Damon.
As possíveis recompensas para esses dois filmes seriam concedidas no dia de um novo evento em Paris domingo organizado por opositores ao casamento gay, recém-autorizado na França.
Outros atores podem surpreender: o italiano Tony Servillo, rei mundano em plena crise existencial em La grande Bellezza; o americano Oscar Isaac, ator e músico que interpreta Llewyn Davis; ou Bruce Dern, o avô obsessivo de Nebraska.
Entre as mulheres, as francesas chamaram a atenção na Croisette: Marion Cotillard, como uma imigrante polonesa no último filme de James Gray; e Berenice Béjo, por Le Passé.
Sob um céu azul, as últimas previsões na Croisette neste domingo eram abundantes de acordo com o regulamento. Um filme "palmado" não pode receber outro prêmio. Se A vida de Adèle conquistar um prêmio de interpretação não poderá, por exemplo, receber a Palma de Ouro.
O júri entrou em conclave na manhã deste domingo. O presidente do Festival, Gilles Jacob, tuitou uma foto de dois jurados, os atores Daniel Auteuil e Christoph Waltz, vestidos casualmente no salão da Villa Domergue, antiga propriedade do pintor Jean-Baptiste Domergue, cercada por jardins e fontes, um refúgio para a reflexão.
Um pouco mais tarde, uma nova série de tuites de Gilles Jacob mostrava Spielberg com as mãos sobre o coração e, em seguida, todos os jurados, incluindo Nicole Kidman.
Como manda a tradição, o presidente e o diretor do Festival, Thierry Fremaux, acompanham as deliberações do júri, que "não são uma mera formalidade", ressaltam os organizadores.
Como já visto no passado, as divergências não são raras entre os jurados. Na maioria das vezes, os conclaves começam com rodadas de debates para que todos expressem suas opiniões, para só a partir de então a votação ter início.
De qualquer forma, pede-se que o júri chegue a um acordo até o início da tarde, apenas para dar tempo de os organizadores alertaram os vencedores para que cheguem a Cannes a tempo da cerimônia que começará às 19h00 (14h00 de Brasília).
A atriz americana Uma Thurman que irá anunciar o Palma de Ouro 2013, entregue no ano passado para Amor, do austríaco Michael Haneke. A veterana Kim Novak entregará o prêmio.
Após a cerimônia, os convidados assistirão ao filme de encerramento Zulu, complexo thriller do cineasta francês Jérôme Salle, rodado na África do Sul, com atores os americanos Forest Whitaker e Orlando Bloom.
Eles interpretam dois amigos policiais que perseguem o assassino de uma jovem na Cidade do Cabo, em uma investigação que irá forçá-los a enfrentar seus demônios interiores. O filme mergulha em uma África do Sul pobre assolada pelas drogas, pela violência e pela prostituição.