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Roman Polanski provoca Cannes com comentários contra o feminismo

25 mai 2013 - 13h49
(atualizado às 17h12)
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Roman Polanski se mostrou extremamente provocador e sarcástico neste sábado (25) no Festival de Cannes com um discurso contra o feminismo durante a apresentação de seu novo filme, La Vénus à la Fourrure.

"Acho uma pena que oferecer flores a uma mulher tenha se transformado em algo indecente", respondeu o diretor a uma pergunta sobre como via a evolução da mulher nos últimos anos, uma vez que seu filme trata a relação de dominação que se estabelece entre um homem e uma mulher.

"Acho que tentamos igualar os gêneros e isso é totalmente idiota. É o resultado - e vou ser marxista - do progresso da medicina. A pílula mudou muito a mulher de nosso tempo, a masculinizou, e há outros elementos que afastam o romance de nossas vidas", afirmou.

Polanski manteve esse tom desafiador durante toda a entrevista coletiva e alfinetou inclusive sua mulher, a atriz Emmanuelle Seigner, protagonista do filme. "Vão pensar que é uma loira burra", disse, quando respondeu vagamente à pergunta se considerava que seu personagem no filme era uma deusa da vingança.

No filme, Emmanuelle interpreta uma atriz que chega tarde a uma audição para uma peça de teatro. Ali encontra o diretor e autor da adaptação da obra (Mathieu Amalric), a quem convence de fazer um teste, o que representa o começo de um jogo de dominação entre eles.

"Eu os dominava sempre. É sobre isso o filme, sobre a dominação. Mas eles nunca se queixaram", declarou o diretor, que abusou durante toda a entrevista coletiva da ironia e de um complicado equilíbrio entre brincadeiras e a seriedade.

"É ele (Amalric) quem quer ser dominado e ser tratado de forma sádica", indicou Polanski, que explicou que foram esses aspectos "do sexismo e a sátira do sexismo" que considerou "sedutores" para fazer o filme.

"Há muitos elementos nesse personagem masculino que se rompem em pedaços e é bastante divertido. Mas seja o que for o que pensem ou saibam de mim, eu não sou dessa maneira", acrescentou o diretor, que foi acusado de um crime de agressão sexual supostamente cometido nos anos 70.

La Vénus à la Fourrure, com o qual Polanski compete na seção oficial de Cannes, é um filme muito teatral, protagonizado por apenas dois atores em um cenário e em um único momento. Um filme que adapta uma obra teatral de David Ives e que chegou ao diretor no ano passado quando estava exatamente em Cannes apresentando uma cópia restaurada de Tess - Uma Lição de Vida.

O cineasta ficou atraído principalmente pela ideia de filmá-lo em um teatro. "Eu nasci no teatro e tenho uma relação especial com um teatro vazio", que é onde se desenvolve a história. Um projeto que, além disso, permitiu ao diretor realizar um velho sonho: fazer um filme com apenas dois atores. "Meu primeiro longa-metragem (Faca na Água, 1962), era só com três atores e sempre considerei que dois seria um verdadeiro desafio."

E o maior desafio do filme é precisamente esse, não aborrecer os espectadores com uma história de duas pessoas em um lugar, algo "muito, muito complicado" e "muito emocionante" ao mesmo tempo.

Com La Vénus à la Fourrure, Polanski concorre na seção oficial de Cannes por uma Palma de Ouro, prêmio que já ganhou em 2002 por O Pianista. "Minha primeira competição em Cannes foi desastrosa, com um filme intitulado O Inquilino (1976), que foi extremamente mal recebido e foi bastante humilhante", lembrou.

Por isso, quando anos depois apresentou O Pianista, retornou a Paris imediatamente e na manhã da entrega de prêmios lhe ligaram pedindo para retornar a Cannes, mas sem dizer o motivo. Imaginava que receberia um prêmio, mas pensou que o de direção não fazia sentido. "Já tinha vivido o suficiente para saber que poderia realizar um filme".

Ao voltar para a cidade do festival, e apenas meia hora antes da entrega, lhe disseram que receberia a Palma de Ouro. "Foi um momento extraordinário", como quando Harrison Ford recebeu em seu nome o Oscar de Melhor Diretor, comparou.

Agora volta a estar em competição. "Não posso dizer que não me importa, seria hipócrita. É preciso estar em competição e ter espírito esportivo. Não vou dizer que por já ter a Palma de Ouro ela não me interessa".

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EFE   
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