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"The Homesman", o bangue-bangue feminino de Tommy Lee Jones

18 mai 2014 - 14h08
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Não é só de caubóis que são feitos os filmes de bangue-bangue: "The Homesman" de Tommy Lee Jones, apresentado neste domingo na mostra competitiva em Cannes, homenageia a coragem das mulheres que vivem no grande oeste americano - um filme sombrio, que se divide entre o clássico e o original.

Nove anos após "Três Enterros", que lhe valeu a Palma de Ouro de interpretação masculina em 2005, o ator-diretor nativo do Texas volta com um novo olhar sobre o oeste dos Estados Unidos.

Nebraska, 1854: três mulheres que enlouqueceram são entregues a Mary Bee Cuddy (Hilary Swank), uma pioneira forte e independente, para que ela as leve ao Leste, em Iowa, onde elas serão abrigadas pela mulher de um pastor (Meryl Streep).

Mary Bee será ajudada nesta aventura por George Briggs (Tommy Lee Jones), um sujeito trapaceador sem lenço e sem documento que ela ajuda a tirar - literalmente - da forca.

O western é um gênero particularmente presente este ano em Cannes, que exibirá após o anúncio dos prêmios, em versão restaurada digital e em alta definição, o filme "Por um punhado de dólares" do italiano Sergio Leone (1964), obra-prima do gênero com Clint Eastwood e Gian Maria Volonte.

Com "The homesman", o espectador se sente primeiramente num gênero familiar, com imagens fabulosas de paisagens do Oeste, onde o horizonte traça uma linha infinita entre céus que mudam e terras áridas. O mesmo vale para a singular tripulação que atravessa de carroça estes vastos caminhos, cruzando ao longo da viagem com uma humanidade pouco gloriosa.

Tommy Lee Jones - rosto marcado, humor áspero - recusa o termo western. "Nós quisemos mostrar o que os alunos norte-americanos aprendem, esta época da História sobre a migração para o oeste dos Estados Unidos", disse o diretor à plateia de jornalistas, após uma exibição muito aplaudida do filme.

No filme, "nós falamos de mulheres, especialmente de mulheres loucas, não há homens heroicos", martela Jones.

"Trata-se de uma época que era extrema em todos os sentidos do termo. Era uma época difícil. Não era simples viver nestas regiões na época, sobretudo quando se era uma mulher sozinha", avalia Hilary Swank.

No filme, esse papel da mulher se reflete na busca incessante de Mary Bee Cuddy por um marido, "alguém que ela pudesse amar e que a apoiasse pro resto de sua vida", explica a atriz duas vezes ganhadora do Oscar.

Tommy Lee Jones, amplamente amparado por documentos sobre a época, quis justamente homenagear estas mulheres da conquista do Oeste, julgando que suas condições à época "estão na origem do papel das mulheres hoje em dia".

Miranda Otto, que interpreta uma das três mulheres loucas, contou ter estudado bastante sobre as mulheres que sofriam de diferentes patologias psiquiátricas à época, e como elas eram tratadas. "Era de dar frio na espinha", diz.

Uma outra maneira de falar sobre os preconceitos relacionados a estas mulheres em particular, a rejeição que elas sofriam pela sociedade.

O filme não é "apenas uma história dos Estados Unidos, mas uma história universal", acredita Hilary Swank.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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