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Painel de 'Medida Provisória' é marcado pelo 'afrocentrismo'

Identidade negra retratada no filme dirigido por Lázaro Ramos se reflete em mesa com Taís Araújo, Seu Jorge e mediada por Manuel Soares

4 dez 2020 - 20h45
(atualizado às 21h38)
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O painel de Medida Provisória, primeiro longa dirigido por Lázaro Ramos, foi marcado pelo afrocentrismo, segundo definiu Manoel Soares, apresentador do É de Casa e mediador da Arena Thunder. O jornalista fez um paralelo que trouxe a alma tanto da produção do cinema quanto do evento realizado virtualmente na CCXP 2020, nesta sexta-feira (4). "Eu acredito que estar em um set em que a essência tem esse afrocentrismo deve ser algo diferencial", falou, ao imaginar como os atores estariam à vontade durante as gravações e se orgulhar pela composição negra do painel, em que Taís Araújo e Seu Jorge também estavam presentes.

Cena do filme Medida Provisória, 1º longa dirigido por Lázaro Ramos
Cena do filme Medida Provisória, 1º longa dirigido por Lázaro Ramos
Foto: Divulgação

Com cenas inéditas divulgadas, mas ainda sem data de estreia por aqui, Medida Provisória aborda um Brasil distópico com elementos de ficção científica. O texto é baseado na peça Namíbia, não!, escrita por Aldri Anunciação, e que Lázaro já atuou nos tablados. Mas quem pensa que o ator baiano quis de primeira a responsabilidade da direção do longa para si, se engana. "Essa estreia no cinema foi forçada. Eu não queria dirigir", relembrou. 'Eu, modestamente, há nove anos comecei a adaptar [o texto] e felizmente consegui passar por essa experiência. É um filme que tem três gêneros: comédia, thriller e drama. Acho que vai ter impacto grande para as pessoas: elas vão se divertir, mas vão refletir'. O filme ganhou prêmio de melhor roteiro no Indie Memphis Film Festival 2020.

Painel 'Medida Provisória', mediado por Manoel Soares, com a presença de Lázaro Ramos, Seu Jorge e Taís Araújo na CCXP 2020
Painel 'Medida Provisória', mediado por Manoel Soares, com a presença de Lázaro Ramos, Seu Jorge e Taís Araújo na CCXP 2020
Foto: Reprodução

O longa é centrado em uma medida provisória assinada pelo governo que, para pagar as dívidas da escravidão, decide enviar a população negra residente no país de volta para a África – sem que as pessoas tenham o direito de escolher se querem ou não o retorno para o continente. A nova MP afeta a vida de pessoas como a médica Capitu (Taís Araújo), o advogado Antonio (Alfred Enoch) e o jornalista André (Seu Jorge).

"O filme se passa em um Brasil do futuro. Durante um tempo, algumas pessoas que estavam envolvidas no processo diziam que ele poderia ser um favela movie. E uma coisa que eu não queria fazer era justamente isso. Queria falar de outro estrato da sociedade com três personagens: uma médica, um advogado e um jornalista. Nesse contexto do Brasil do futuro em que eles estão tentando formar uma família, vão encontrando sua identidade e sua maneira de lutar", explica Ramos. 

Com humor, o longa discute temas como a meritocracia e, obviamente, o racismo, além da solidão de pessoas negras, segundo explica Taís Araújo. "É uma provocação a quem não está acostumado a ver uma médica negra. E para ajudar a construir um imaginário que já existe. Já temos muitos médicos e médicas negras. Existe sim. E não se surpreendam! No texto também há aspectos sobre a solidão desses profissionais nesses trabalhos, quando não há com quem dividir sobre questões identitárias. Acho que tem um pouco de tudo", detalha a atriz. 

À condução de Lázaro Ramos por trás das câmeras, não faltaram elogios. "Trabalhei com muita gente importante, relevante, sabedora do que está fazendo e com grandes projetos. Mas eu tive dois grandes diretores que me ensinaram: Wagner [Moura, diretor de Marighella] e o Lázaro. É a maior verdade". 

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Fonte: Redação Terra
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