Cinebiografia 'Os Sabores do Palácio' tem receita popular, mas não empolga
Quando um filme traz os letreiros “baseado em fatos reais”, isto normalmente quer dizer apenas que em algum momento da história da humanidade algo relativamente similar aos acontecimentos narrados ali aconteceram realmente – assim, quando no início de Os Sabores do Palácio - que estreia no Brasil nesta sexta-feira (23) - li as palavras “Livremente inspirado na vida de Danièle Delpeuch”, deduzi que, com exceção do nome da ex-chef do ex-presidente francês François Miterrand, nada do que veria na tela havia acontecido de fato.
Pois talvez eu tenha me enganado, já que os incidentes retratados pelo longa de Christian Vincent são tão banais que provavelmente jamais teriam saído apenas de sua mente e sido jogados no roteiro co-escrito com Etienne Comar – e é razoável imaginar que, no mínimo, a dupla teria adicionado algum conflito ou drama (ambos inexistentes aqui) à história da cozinheira. Em vez disso, o projeto se limita a acompanhar Hortense (Frot) ao longo de 95 minutos enquanto esta lida com briguinhas triviais com seus colegas do palácio presidencial e estabelece uma relação cordial com o presidente (d’Ormesson), usando a passagem da chef por uma base de pesquisas na Antártica para conferir alguma estrutura à narrativa.