'Cinema também é político': contexto atual pode ajudar ‘Ainda Estou Aqui’ a vencer Oscar
Com três indicações ao Oscar 2025, incluindo a cobiçada categoria de Melhor Filme, 'Ainda Estou Aqui pode se beneficiar do cenário político
O filme brasileiro Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres, não é apenas uma das produções mais celebradas do ano, como também carrega um apelo político que pode ser decisivo na premiação da Academia. Em entrevista ao programa Terra Agora, do Terra, nesta quinta-feira, 23, a crítica de cinema Bárbara Demerov destacou a relevância temática do longa e como ele dialoga com questões urgentes, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
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“É um fato afirmar que Ainda Estou Aqui tem um apelo político muito interessante nos tempos que a gente está vivendo, não só aqui no Brasil como também nos Estados Unidos”, comentou Bárbara.
O filme retrata a trajetória de Eunice Paiva, uma dona de casa que se transforma em ativista dos Direitos Humanos após o assassinato do marido, Rubens Paiva, durante a ditadura militar no Brasil.
A crítica ressaltou que o contexto político norte-americano, mesmo com a polarização exacerbada durante o governo Trump, não deve impactar negativamente nas chances da produção brasileira. “A Academia, os votantes da Academia, são mais de 9 mil, pessoas da indústria que provavelmente não pensam como o Trump”, analisou.
Para Bárbara Demerov, o apelo de Ainda Estou Aqui vai além da história de Eunice Paiva, atingindo reflexões universais sobre memória, resistência e justiça social. “O cinema, ele também é político”, afirmou. Segundo ela, os votantes da Academia podem usar a premiação como uma declaração simbólica de valorização da arte, da memória e da história.
A crítica disse acreditar que, caso a Academia esteja disposta a fazer uma espécie de "manifestação" sobre a importância de se preservar e revisitar a história em tempos de crises políticas e sociais, o filme brasileiro terá ainda mais chances de vencer nas categorias em que foi indicado.
Se vencer na categoria de Melhor Filme, Ainda Estou Aqui marcará um feito inédito para o Brasil. Além disso, a indicação de Fernanda Torres como Melhor Atriz reforça a relevância da produção, conectando-a à história de sua mãe, Fernanda Montenegro, indicada ao Oscar em 1999 por Central do Brasil.
Com as indicações ao lado de grandes produções como Duna: Parte 2 e Wicked, o filme brasileiro chega à premiação com expectativas elevadas.
A cerimônia do Oscar 2025 será no dia 2 de março, em Los Angeles, e pode ser um marco para o cinema nacional e para a maneira como o cinema internacional enxerga o Brasil.