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Coringa: Delírio a Dois decepciona com trama esquecível e músicas sem impacto

Apesar da direção inspirada e atuações dedicadas, a continuação de 'Coringa' evoca uma sensação de vazio.

2 out 2024 - 16h27
(atualizado em 3/10/2024 às 16h48)
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Coringa 2: Crítica do filme:

Desde seu anúncio em 2022, Coringa: Delírio a Dois, dirigido por Todd Phillips, gerou imensa expectativa.

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O primeiro filme, lançado em 2019, alcançou sucesso através da controvérsia e abordagem original, oferecendo uma visão mais densa e sombria da jornada de Arthur Fleck, um homem atormentado que gradualmente se transforma no vilão Coringa.

Com a sequência, Phillips tenta um novo experimento narrativo ao mesclar elementos de musical com um drama psicológico - mas será que o risco valeu a pena?

Coringa 2 se inicia do mesmo ponto de onde o filme anterior terminou. Arthur Fleck, interpretado novamente por Joaquin Phoenix, está agora em uma prisão de segurança máxima, aguardando julgamento por seus crimes, até que acaba conhecendo a detenta Harley Quinn, por quem imediatamente nutre uma paixão correspondida.

A partir deste ponto, o longa começa a flertar com o musical, introduzindo números que, embora bem executados, carecem de impacto emocional e de memorabilidade. Mesmo com a presença de Lady Gaga no papel de Harley Quinn, as canções não conseguem se destacar, deixando o espectador com a sensação de que a música, em vez de engrandecer a narrativa, a distrai.

A Nova Dinâmica: Harley Quinn e Arthur Fleck

Foto: Popline

A inclusão da Harley Quinn vivida por Lady Gaga era um dos aspectos mais aguardados da produção. Sua relação com Arthur Fleck poderia trazer novas camadas à história, mas o que vemos é um protótipo de romance sem muita química.

O roteiro parece seguir uma abordagem mais superficial, retratando Harley como uma personagem excêntrica que, de alguma forma, é a única capaz de compreender Fleck neste mundo tão sombrio. Suas performances musicais são excelentes, como de praxe, mas a caricatura de sua personagem não contribui.

Enquanto Joaquin Phoenix entrega mais uma vez uma performance sólida, a dinâmica entre seu Coringa e a Harley de Gaga se resume a uma repetição de comportamentos excêntricos que, ao invés de aprofundar os personagens, apenas reforçam uma imagem já conhecida. Assim, o espectador é imerso em uma relação onde ambos parecem competir para ver quem é o "mais louco", mas sem realmente proporcionar momentos de tensão ou profundidade emocional.

A Musicalidade e a Ausência de Impacto

Foto:

Embora o uso de números musicais em um 'filme de super-herói' seja, por si só, uma escolha ousada, aqui essa ousadia parece não ter atingido seu objetivo. As performances são de fato tecnicamente impecáveis, mas falham em transmitir a intensidade emocional que se esperaria de uma obra tão assumidamente 'diferente'.

Não há melodias que fiquem na cabeça, e após a exibição, pouco se lembra dos momentos musicais, além da sua execução visualmente elaborada.

Phillips parece ter tentado algo disruptivo ao misturar gêneros, mas a falta de um alinhamento emocional entre música e narrativa acaba criando uma barreira entre o espectador e a história. A música deveria ser o catalisador das emoções dos personagens, mas em vez disso, age como um elemento separado da trama principal.

A segunda metade de Coringa 2 apresenta uma certa mudança de tom, transformando-se em um drama de tribunal. Aqui, o filme tenta questionar a sanidade de Arthur Fleck, colocando-o frente a frente com a justiça.

No entanto, esse segmento é tratado de forma burocrática: a defesa insiste que Fleck é insano, enquanto a acusação tenta provar o contrário. Certas reviravoltas inspiram, mas ecoam por pouco tempo.

Disruptivo?

Muito tem se discutido sobre a natureza disruptiva de Coringa 2, especialmente por não seguir o molde tradicional dos filmes de super-herói. Entretanto, é preciso questionar até que ponto essa "disrupção" foi de fato inovadora. O público que busca violência, sequências tensas e a continuação da história de Fleck certamente encontrará esses elementos. 

Todd Phillips entregou uma obra visualmente impressionante e, sem dúvida, corajosa ao tentar um caminho inesperado, mas que, no final, pode ter sacrificado o impacto emocional em nome da originalidade.

A tentativa de inovar ao mesclar musical, drama e suspense foi ousada, mas a execução deixou a desejar em termos de envolvimento e impacto. 

Fonte: Ygor Palopoli
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