Deadpool & Wolverine: O que explica a decepção ao filme?
Apesar de divertido, Deadpool & Wolverine é mais um sintoma da saturação da Marvel em seu próprio nicho.
Altamente aguardado por milhões de fãs ao redor do mundo, "Deadpool & Wolverine" acabou surpreendendo quando estreou com opiniões mistas da crítica especializada, que apontaram um certo desapontamento em relação ao filme.
Basta uma pesquisa rápida a respeito das críticas sobre o terceiro capítulo do herói estrelado por Ryan Reynolds, que veremos um certo consenso sobre a tentativa do longa de se apoiar demais nas piadas e referências e deixar de lado uma trama cativante e engajada.
Mas por que?
"Deadpool & Wolverine" estreou em um período de pós-saturação dos filmes de heróis. A Marvel atingiu seu ápice com "Vingadores: Ultimato" e, desde então, tem enfrentado dificuldades para reconquistar o público com a mesma intensidade.
Nesse cenário, "Deadpool & Wolverine" surgiu como uma promessa de salvação e revitalização do gênero - no entanto, como dizem por aí, a expectativa é a mãe de todas as frustrações.
No filme, as sequências de luta são bem orquestradas e as piadas funcionam bem, especialmente aquelas que fazem referência à disputa judicial entre Fox e Marvel pela aquisição dos direitos do personagem. Contudo, quando um filme se propõe a ser único, diferente e original, ele precisa cumprir essas expectativas. Nesse sentido, o novo Deadpool não se destaca muito dos dois últimos filmes da franquia.
O principal problema do filme, que o impede de ser algo além de "bom", é que ele se apoia unicamente em autorreferências e nostalgia, deixando de lado a possibilidade de que os espectadores sofram por um perigo real no roteiro.
Usando como exemplos os sucessos de "Guerra Infinita" e "Ultimato", sentíamos que havia algo a perder. A ideia de que uma perda significativa poderia acontecer com os personagens a qualquer momento trazia uma tonalidade diferente à trama. Havia conflito, desenvolvimento, bons arcos, redenções, partidas, risos e lágrimas.
Já em "Deadpool & Wolverine", apesar de divertido, o filme reforça que o cinema de herói caiu na maior armadilha de todas: ouvir demais a própria audiência e atender aos pedidos desesperados de fan service, piadinhas e participações especiais, mas sem oferecer nada consistente além disso.
"Mas, não é o papel do filme ouvir a própria audiência?", você poderia perguntar.
A resposta é não. Se dependesse da audiência para fazer escolhas, o Homem de Ferro ainda estaria vivo e a trama nunca passaria por conflitos ou consequências.
O mais curioso é que a Marvel se afundou tanto nessa fórmula saturada que, mesmo com todas essas críticas, "Deadpool & Wolverine" ainda é um dos filmes mais interessantes da empresa nos últimos anos. Exceção feita a "Guardiões da Galáxia 3", que se destacou graças à direção autoral e original de James Gunn.
No fim das contas, não é possível sobreviver apenas de referências, por mais que boa parte do público insista no contrário.