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Gladiador 2: Conheça a história real da Roma Antiga que inspirou o filme

Dirigida por Ridley Scott e estrelada por Paul Mescal, a continuação chega aos cinemas brasileiros nesta semana.

13 nov 2024 - 19h11
(atualizado em 14/11/2024 às 11h15)
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Gladiador 2: A história real por trás do filme:

Apesar de tomar suas próprias liberdades poéticas, Gladiador 2 - assim como seu antecessor de 24 anos atrás - é vastamente baseado em pessoas reais que existiram no período da Roma Antiga e foram protagonistas de alguns dos reinados mais sanguinolentos e caóticos de todos os tempos.

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O filme dirigido por Ridley Scott e estrelado por Paul Mecal, Pedro Pascal e Denzel Washington mistura ficção a acontecimentos reais, e caso você esteja lendo este texto antes de assistir ao filme, provavelmente vai perceber diversas referências que não ficariam tão explícitas assim numa primeira vista.

A jornada começa no primeiro Gladiador, em 180 d.C., na Roma governada por Commodus, um imperador tão excêntrico quanto perverso. Interpretado com maestria por Joaquin Phoenix no primeiro filme, Commodus é um dos personagens mais polêmicos e assustadores da história romana.

Filho de Marco Aurélio, que era reverenciado pela sua sabedoria e liderança estoica, Commodus trazia a marca de um imperador ambíguo. Ao herdar o trono, ele fez questão de romper com os ensinamentos do pai e lançar Roma numa era de excentricidade e tirania. Para ele, o título de imperador era insuficiente: ele queria ser adorado como um semideus.

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Commodus carregava a ambição de ser lembrado como um novo Hércules, trajando-se com a famosa clava e a pele de leão do herói mitológico. Mas sua obsessão com os gladiadores era o que realmente o destacava. Não apenas um espectador do Coliseu, ele se vestia como gladiador, descia à arena e lutava para o delírio da multidão. Essas batalhas, porém, eram cuidadosamente coreografadas, garantindo sempre a sua vitória. Commodus transformou a arena em seu próprio palco, onde sua fantasia era alimentada enquanto a cidade entrava em decadência. Para o povo, ele era uma espécie de espetáculo bizarro; para a elite romana, um pesadelo sem fim.

Essa fase caótica de Commodus chegou ao fim em 192 d.C., quando ele foi estrangulado por um membro de sua guarda pessoal. Na trama de Gladiador, este papel foi assumido pelo fictício Maximus, interpretado por Russell Crowe. Já em Gladiador 2, a história avança alguns anos, focando em Lucius, filho de Maximus, que agora é um adulto e acaba escravizado como gladiador em busca de vingança contra um novo antagonista, o general Acacius.

Na realidade, Lucius realmente existiu, mas Acacius é uma criação ficcional para dar fôlego à trama. Esse contexto serve apenas como pano de fundo para algo maior e ainda mais turbulento: o período em que Roma viveu sob os irmãos Caracalla e Geta.

Após a morte de Commodus, Roma experimentou uma breve calmaria, interrompida quando Caracalla e Geta, filhos do imperador Sétimo Severo, assumiram o poder juntos em 211 d.C. Sua "co-imperadoria" foi um projeto que existiu apenas no papel, uma ideia fadada ao fracasso. Caracalla era o irmão mais velho e desde cedo demonstrava um apetite insaciável por brutalidade. O jovem Geta, em contraste, era mais retraído e menos agressivo, algo que, aos olhos do implacável Caracalla, significava fraqueza.

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A rivalidade entre os irmãos tomou proporções quase teatrais. Dividiram o Palácio Imperial ao meio, cada um governando sua área com aliados e guarda pessoal. Esse ambiente de constante tensão entre eles parecia mais com uma guerra civil velada do que com uma liderança conjunta. Caracalla, incapaz de aceitar a ideia de compartilhar o poder, planejou uma armadilha fatal para Geta. Em um encontro para selar uma suposta paz, Caracalla ordenou que seus guardas assassinassem o irmão, marcando um dos episódios mais sangrentos e dramáticos da história de Roma.

A morte de Caracalla em 217 d.C. trouxe para o poder um homem inesperado: Macrinus, que havia sido manipulador hábil e estrategista implacável. No filme, Macrinus é brilhantemente interpretado por Denzel Washington, um personagem intrigante por seu histórico nada aristocrático.

Ele surgiu das classes médias e subiu na política romana pela sua habilidade de intriga e manipulação, o que lhe permitiu manobrar os bastidores e garantir seu lugar no trono em 218 d.C. No filme, ele é quem treina Lucius como gladiador, usando a habilidade do jovem para se consolidar e traçar seu próprio caminho ao poder.

Enquanto Gladiador 2 usa a licença poética para explorar esses personagens, o filme consegue capturar a brutalidade e a complexidade da política romana. A narrativa destaca a realidade de que, para a elite, o poder e a glória eram fugazes, mas, para o povo, os gladiadores eram a verdadeira força e entretenimento que sobreviveriam a qualquer imperador.

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A história de Roma é repleta de sangue e traições, onde a arena era uma metáfora para a vida política da época. Commodus, Caracalla, Geta e Macrinus foram figuras que ditaram a sobrevivência de Roma em seu tempo — às vezes por meio de leis e combates simbólicos, mas quase sempre pela violência.

No final, o que Roma nos lembra é que o poder político pode ser tão efêmero quanto a areia do Coliseu, e que os gladiadores, tanto na ficção quanto na realidade, sempre carregaram um fascínio que sobreviveu à queda de imperadores e ao próprio império.

Fonte: Ygor Palopoli
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