Pobres Criaturas, O Lagosta e mais: Conheça os filmes de Yorgos Lanthimos
Cineasta grego tem se destacado por seus filmes surrealistas e é hoje um dos preferidos da Academia.
Um futuro onde todos são obrigados a encontrar um par romântico e quem não conseguir é transformado em animal; uma família de pessoas que não sabem que existe mundo lá fora; uma mulher que morre e é trazida de volta à vida com outro cérebro; essas são só algumas sinopses dos filmes de um diretor maravilhosamente esquisito chamado Yorgos Lanthimos!
Caso você não tenha reconhecido pela sinopse, um dos filmes citados aqui no início do vídeo foi Pobres Criaturas, que está hoje com nada mais nada menos do que 11 indicações ao Oscar. No entanto, alguns de seus filmes anteriores podem ser ainda mais interessantes, estando dois deles inclusive disponíveis na Netflix.
Mas que tal irmos do início?
Yorgos Lanthimos é um cineasta grego conhecido por seu estilo único e suas narrativas frequentemente surrealistas e distópicas. Ele tem como ponto forte abordar reflexões da vida e do cotidiano através da lente do que é esquisito, estranho, atípico, e quase sempre surrealista.
Existe, para mim, uma tríplice que eu considero ser a santíssima trindade de filmes excelentes pra conhecer o Yorgos, e eu vou falar deles em ordem cronológica.
O primeiro deles, "Dente Canino", foi o filme que tirou Yorgos do circuito do cinema grego e o levou diretamente pra Hollywood. Aqui, acompanhamos uma espécie de terror psicológico que retrata uma família que mantém seus filhos completamente isolados do mundo exterior, criando seu próprio conjunto de regras e significados.
É incrível mergulhar neste mundo, mas ao mesmo tempo é assustador. O filme tem seu ponto de partida quando um elemento externo é introduzido no ambiente controlado e os filhos começam a descobrir que talvez haja um mundo lá fora.
Dente Canino é uma metáfora poderosa sobre controle, especialmente no ambiente familiar. Pais que tentam proteger seus filhos do mundo, mas que na verdade estão criando-os dentro de uma bolha que não corresponde à realidade, e que precisará ser furada em algum momento.
Poucos anos depois, Yorgos lançou esse que é meu preferido: O Lagosta, que chegou este mês na Netflix.
O Lagosta é uma sátira romântica situada num distópico futuro onde pessoas solteiras são obrigadas a encontrar um parceiro em 45 dias ou serão transformadas em animais de sua escolha e soltas na floresta.
A história segue um homem que tenta encontrar amor sob essas regras absurdas, e que encontra sim o amor. Mas não da maneira convencional.
O Lagosta é um poderoso ensaio sobre a pressão autoimposta que colocamos para encontrarmos alguém logo, para nos casarmos logo, para morarmos junto logo, e quando não seguimos essas convenções sociais restritas, somos colocados no lugar de animais selvagens. Não somos dignos de amor, carinho, compaixão, só porque sentimos diferentes.
O filme conta ainda com Colin Farrell e Rachel Weisz no elenco principal.
Colin Farrell retornaria para outro filme de Yorgos poucos anos depois, chamado O Sacrifício do Cervo Sagrado, que foi também responsável por revelar ao mundo o talento de Barry Keoghan, que você talvez tenha visto em Saltburn.
Aqui nós acompanhamos um cirurgião cardíaco que é obrigado a fazer uma escolha: ele precisa matar uma pessoa da sua família, senão todos eles vão morrer de maneira horrível. O Sacrifício do Cervo Sagrado fala sobre temáticas muito interessantes que envolvem culpa, inocência, manipulação, controle; enfim, o jeitinho Yorgos Lanthimos de fazer cinema.
Depois disso, Yorgos chegou na era das parcerias com a Emma Stone, e juntos eles fariam dois filmes que acumulariam impressionantes 21 indicações ao Oscar, sendo eles A Favorita e agora Pobres Criaturas.
Com 10 indicações ao Oscar, A Favorita é ambientado no início do século XVIII, e o filme explora a relação entre a frágil Rainha Anne e duas primas que disputam pra ver quem vai ser sua favorita. Com um tom de comédia ácida e toques de suspense, o filme detalha a manipulação e a traição entre as três mulheres e traz de volta a Rachel Weisz que também brilhou muito ao lado de Yorgos em O Lagosta.
Chegamos então a ele, Pobres Criaturas, que apesar de não ter o roteiro de Yorgos, traz de volta os tons surrealistas que ele sempre adotou com tanta maestria. E essa é possivelmente a direção mais inspirada, energética e exuberante da carreira inteira dele, então vá esperando uma obra intensa e que vá tecer paralelos poderosos sobre liberdade, e como você já viu em todos os outros filmes citados, sobre controle.
Pobres Criaturas é inspirado no romance de Alasdair Grey e faz várias alusões ao icônico "Frankenstein", com o enredo ambientado na era Vitoriana trazendo a saga de Bella Baxter, uma mulher que é ressuscitada após ter seu cérebro substituído pelo de seu filho ainda não nascido.
Ansiando descobrir o mundo além dos limites que lhe foram impostos, Bella se aventura numa fuga com um advogado, embarcando numa jornada através dos continentes em busca de igualdade e liberdade.
Eu quero saber se você já assistiu algum dos filmes do Yorgos Lanthimos, qual é o seu preferido, e o que você achou de saber sobre essas suas sinopses tão diferenciadas. Me conta aqui nos comentários!