Por que a Marvel está em queda nos cinemas?
Relembre a história do MCU, do primeiro filme até "As Marvels", e entenda a razão do declínio
Com o vindouro lançamento de "The Marvels", nova empreitada do MCU nos cinemas, tem sido comum ver uma quantidade considerável de fãs reclamando sobre os rumos que o universo cinematográfico dos heróis tem tomado.
A Marvel tem sofrido uma queda contínua em sua bilheteria geral quando comparamos aos números das fases anteriores, e no artigo de hoje tentamos entender a resposta de uma única pergunta: por que isso tem acontecido?
Para poder responder, é preciso voltar um pouco no tempo.
A história do Universo Cinematográfico Marvel começou em 2008 com o lançamento de "Homem de Ferro". Dirigido por Jon Favreau e estrelando Robert Downey Jr. como Tony Stark, o filme foi um sucesso surpreendente, tanto de crítica quanto de bilheteria, e estabeleceu as bases para o que viria a ser um empreendimento cinematográfico sem precedentes.
O sucesso de "Homem de Ferro" levou a Marvel Studios a desenvolver uma série de filmes interconectados, todos situados no mesmo universo. Eles seguiram uma estratégia de "Fases" para estruturar seus lançamentos. A Fase 1 culminou em "Os Vingadores" (2012), que reuniu os heróis dos filmes anteriores, incluindo o Capitão América, Thor, Hulk, Viúva Negra e Gavião Arqueiro, em um único evento cinematográfico. O filme não só foi um sucesso colossal de bilheteria, mas também solidificou o MCU como uma força dominante no cinema.
A Fase 2 continuou a se construir sobre esse sucesso, com filmes como "Guardiões da Galáxia" (2014) e "Homem-Formiga" (2015), expandindo o universo para a galáxia e o mundo quântico, respectivamente. Cada fase terminava tradicionalmente com um filme dos Vingadores, e a Fase 2 se encerrava com "Vingadores: Era de Ultron" (2015).
A Fase 3 foi mais ambiciosa e incluiu histórias mais interconectadas, introduzindo personagens como Doutor Estranho, Pantera Negra, Homem-Aranha e Capitã Marvel. A narrativa culminou em "Vingadores: Guerra Infinita" (2018) e "Vingadores: Ultimato" (2019), este último tornando-se o filme de maior bilheteria de todos os tempos na época de seu lançamento.
Após "Ultimato", o MCU entrou na Fase 4, que talvez tenha sido onde o problema se iniciou. Logo depois de bater todos os recordes, o MCU entrou na Fase 4, que incluiu uma mistura de filmes e séries de TV lançadas no Disney+, e aqui está parte da explicação do problema.
Acompanhar filmes da Marvel foi aos poucos se tornando um evento. Até mesmo quem não era muito entusiasta se sentia contagiado pela energia das pessoas lotando os cinemas, e isso acontecia por uma criação de expectativa.
Você precisava esperar até o próximo lançamento, e no meio do caminho havia tempo de sobra pra especular, teorizar, conversar a respeito. Hoje, com filmes e séries sendo lançados praticamente sem intervalo, isso não acontece mais.
No início, até que a estratégia se sustentava. "WandaVision", "Falcão e o Soldado Invernal" e "Loki" foram muito bem recebidos, mas aos poucos essa recepção positiva foi caindo conforme chegavam filmes como "Shang-Chi" e "Eternos".
Hoje "The Marvels" está prestes a sair no cinema e a previsão é praticamente um desastre para o estúdio que um dia lucrou bilhões com seus filmes no cinema.
A estratégia de lançar múltiplos filmes e séries a cada ano trouxe também uma sensação de excesso. A consistência no tom e na fórmula narrativa dos filmes começou a ser vista por alguns como previsível e repetitiva.
Um outro problema passou a ser a necessidade de ter visto um filme X para conseguir entender completamente uma série Y. Por algum tempo, isso foi um atrativo, mas a sensação que traz hoje é de que você tá numa espécie de esquema de pirâmide.
A complexidade da narrativa interconectada, que um dia foi inovadora, aos poucos se tornou uma barreira para quem queria consumir algo casualmente. Sem contar que participações especiais foram se tornando prioridade e o tom de surpresa que elas causavam foi também diminuindo.
É possível dizer que apesar desses desafios, o MCU continua sendo extremamente popular, mas a cada novo lançamento a gente percebe que as coisas foram perdendo a força simplesmente porque a ganância de fazer uma obra depois da outra acabou falando mais alto.
Acho importante ressaltar também que no final das contas os filmes que conseguem furar essa bolha de ostracismo são justamente aqueles que permitem mais autoralidade aos seus realizadores, como o último "Guardiões da Galáxia", por exemplo.
Mas para tornar essa questão mais abrangente, queremos saber de você: deixa aqui nos comentários se você tem uma sensação parecida, e por que você acha isso tudo tá acontecendo. Não esqueça de seguir a gente no @terraentrete para mais conteúdos.