Daniel Craig, um James Bond que descansará das missões
Após quase uma década no papel do agente secreto 007, Daniel Craig continua a animar o público durante as cenas de ação e ainda sente pressão em cada estreia, mas garante que após "007 Contra Spectre" quer "tirar um descanso" de James Bond.
Em entrevista à Agência EFE para comentar o quarto filme como Bond e o segundo dirigido por Sam Mendes, o ator não se mostra taxativo sobre se abandonará o personagem ou o retomará futuramente.
A única certeza de Craig é que, após uma longa e cansativa filmagem, na qual percorreu cinco países, quer "tirar um descanso" e se preparar para uma peça de teatro em que participará em 2016 em Nova York, cidade onde mora com a esposa, a também atriz Rachel Weisz.
O novo projeto aparenta ser mais tranquilo que o novo 007, um grande desafio para Craig, no qual sofreu duas lesões durante as gravações. Em uma delas, precisou ser operado em um joelho, o que atrasou as filmagens no México, em abril deste ano.
Meses antes, o ator sofreu uma pancada na cabeça quando o Aston Martin que conduzia passou por um buraco durante uma perseguição em Roma, uma das cenas mais espetaculares do filme. "Ser Bond pode ser perigoso", brincou Craig.
Apesar dos anos de experiência como 007, o ator inglês diz sentir "emoção" quando filma as cenas de ação e inclusive fica "nervoso" porque não quer "parecer idiota diante da câmera". No entanto, Daniel Craig disse ter ficado bastante empolgado na segunda experiência sob a direção de Sam Mendes, após "Operação Skyfall".
"O que eu gosto de trabalhar com Mendes é que ele te dá a liberdade para incorporar novos elementos. Ele nos dá liberdade para improvisar, e se algo funcionar a câmera segue gravando".
O produto final recebeu boas críticas até agora, algo que "alivia" o ator, que sempre sente pressão durante a recepção de cada filme de James Bond, embora considere que o importante é que a reação do público nos cinemas.
"Agora que terminamos e as pessoas está a ponto de ver o filme, estou relaxado. Além disso, tive um tempo para ficar com a minha família", acrescentou.
Em "Spectre", Craig recebe uma mensagem criptografada do passado que o levará a uma perigosa missão na qual descobre a existência de uma organização que ameaça acabar com a paz mundial.
Neste filme, o famoso agente secreto passa por Marrocos, Áustria, México, Londres e, pela primeira vez, Roma, onde Bond conhece Lucia Sciarra, interpretada por Monica Bellucci, a viúva de um mafioso italiano.
"Essa é a primeira vez que Bond se sente atraído por uma mulher madura", comentou Bellucci à Efe.
A atriz, que prefere o rótulo de "Bond woman" a "Bond girl", explicou que se sentiu "surpreendida" ao receber a ligação de Sam Mendes, o diretor do filme.
"A primeira coisa que perguntei a ele foi o que ia fazer neste filme aos 50 anos de idade", confessou a atriz italiana.
"Spectre" focou a atenção nas protagonistas femininas, que têm vinte anos de diferença, já que Bellucci compartilha o papel de destaque com a francesa Léa Seydoux, de 30.
Seydoux, que interpreta Madeleine Swann, é uma psiquiatra que trabalha em uma clínica nos Alpes austríacos, além de ser a filha de Mr. White, um velho inimigo do agente secreto.
"Meu personagem não precisa de James Bond. De fato, ele precisa mais dela", afirmou Seydoux à Efe, passando a imagem de uma personagem forte e independente.
Após um longo processo de audições e entrevistas, a atriz foi selecionada para assumir o posto que já pertenceu a musas como Ursula Andress e Halle Berry, algo que "nunca" pensou "que passaria".
"Eu não esperava nada, havia muitas meninas nos testes e nunca pensei que me selecionariam, mas no fim, funcionou", disse a atriz entre risos.
De acordo com Sam Mendes, já estava claro em sua cabeça que direção queria tomar com as gravações de "Spectre".
"Tentamos encontrar um equilíbrio entre o Bond clássico e o contemporâneo, para que o personagem pudesse continuar sua viagem emocional", contou o diretor.
Após o sucesso de "007 - Operação Skyfall", considerado um dos melhores filmes da franquia, Mendes enfrentou o desafio de "incluir tudo o que as pessoas esperam em um filme de Bond e também dar uma nova direção" ao produto, para o qual contou com um vilão de alta categoria, interpretado pelo austríaco Christoph Waltz.