De 'odiada' a queridinha da internet: como Dakota Johnson transformou carreira após '50 Tons de Cinza'
Atriz que ganhou notoriedade mundial com a franquia 'Cinquenta Tons de Cinza' deu a volta por cima e conquistou a internet
Dakota Johnson não tem papas na língua. Nas últimas semanas, durante as entrevistas e eventos para divulgação de 'Madame Teia', o novo filme da Sony que integra o universo estendido do Homem-Aranha e vem sendo detonado pela crítica especializada, chamou a atenção o fato de a atriz não tentar esconder seu aparente descontentamento com a obra. Ela criticou o estado atual de Hollywood, confessou que odiou sua participação em 'The Office' e até ironizou o texto e o público-alvo de seu novo filme. Naturalmente, o modo "sem filtros" conquistou as redes sociais.
Mas esta não é a primeira vez em que a honestidade de Dakota gera repercussão. Há alguns anos, um trecho de uma entrevista concedida por ela ao talk-show da apresentadora Ellen DeGeneres também foi motivo de muitos debates. O caso aconteceu em 2019, quando Ellen iniciou uma entrevista desejando feliz aniversário atrasado a Dakota atriz, e dizendo não ter sido convidada para a festa. Foi então que a atriz rebateu: "Na verdade, não, Ellen, isso não é verdade".
O embate, apesar de menos constrangedor do que aparenta, foi considerado divertido: afinal, Dakota não perdeu tempo ao corrigir a apresentadora e falar a verdade; ela havia, sim, sido convidada, mas não compareceu ao evento por estar fora da cidade. Em um momento em que a imagem de Ellen estava em crise, a postura de Johnson foi importante para que ela mesma não se deixasse ser vista sob uma ótica cruel.
Hoje, é fácil associar Dakota Johnson a uma série de projetos diferentes, do remake de 'Suspiria - A Dança do Medo' ao ótimo 'Cha Cha Real Smooth - O Próximo Passo'. Diante de tantos projetos, alguns de cunho comercial e outros independentes, Dakota é considerada uma atriz com uma carreira estável e que tem conseguido encontrar sua voz e sua assinatura em seus trabalhos. Mas nem sempre foi assim.
Filha dos atores Melanie Griffith e Don Johnson, Dakota começou a atuar logo após terminar o ensino médio, quando conseguiu pequenos papéis em filmes como 'Loucos do Alabama' e o premiado 'A Rede Social'. De lá para cá, foi conquistando papéis de pequeno e médio porte até 2012, quando estrelou a série 'Ben & Kate', que durou uma temporada.
Mas foi em 2015 que tudo mudou, quando Dakota foi contratada para estrelar uma nova franquia cinematográfica inspirada em uma trilogia de livros de sucesso. Em 'Cinquenta Tons de Cinza', Dakota interpretou a protagonista Anastalia Steele, e o conto de romance erótico foi o que fez seu nome ficar conhecido no mundo todo -- para o bem e para o mal.
Recentemente, Jamie Dornan confessou que chegou até a se esconder na casa da diretora Sam Taylor-Johnson após o primeiro filme ser amplamente criticado pela imprensa. Dakota, no entanto, enfrentou um escrutínio maior.
Aos 23 anos, a atriz foi alvo imediato de ridicularização pelo teor do filme e por sua atuação. Pense na forma como Robert Pattinson e Kristen Stewart foram escanteados após o sucesso de 'Crepúsculo': a trajetória é bem semelhante.
Na época do lançamento do primeiro filme da trilogia, Dakota chegou a ser considerada por entusiastas do cinema como uma das piores atrizes da atualidade. Um comentário no portal Movie Chat a descreve com tons de crueldade: "Ela sempre tem as mesmas expressões, diz as falas de forma terrível e, às vezes, os mesmos figurinos. Acima disso, ela sempre escolhe filmes terríveis e os papéis mais patéticos que existem. E mesmo quando ela tem papéis pequenos em filmes de qualidade, sempre estraga suas cenas com atuações hilárias. Aposto que Dakota é uma boa pessoa na vida, mas ela não consegue fazer nada direito na tela."
Trauma e volta por cima
Desde que começou a apostar na persona mais "honesta", parece que Dakota conquistou a simpatia do público. Em entrevista concedida à revista Vanity Fair em 2022, a atriz foi franca sobre seu descontentamento com a saga Cinquenta Tons:
"Quando fiz o teste para esse filme, li um monólogo de 'Quando Duas Mulheres Pecam' e eu fiquei tipo, 'Ah, isso vai ser muito especial'", explicou, citando o clássico de Ingmar Bergman de 1966. "Se eu soubesse na época que seria daquele jeito, acho que ninguém teria feito (o filme)."
Na ocasião, Johnson destacou a influência da escritora E.L. James como um dos problemas.
"Ela tinha muito controle criativo, o dia todo, todos os dias, e ela apenas exigia que certas coisas acontecessem. Havia partes dos livros que simplesmente não funcionariam no filme, como o monólogo interno, que às vezes era incrivelmente brega". Por fim, ela também apontou a troca de direção para Sam Foley como um incômodo: "Era diferente fazer essas coisas bizarras com um homem atrás da câmera. Apenas uma energia diferente", explicou.
Aos poucos, Dakota conseguiu deixar os tempos de 'Cinquenta Tons' para trás. Apesar de jamais esconder seu passado, ela tem conseguido mostrar que vai muito além de um único papel.
"Tenho orgulho de Cinquenta Tons, não preciso me distanciar [do projeto]", disse à Vogue UK em 2016. "Quanto mais eu trabalhar, mas as pessoas vão ver os diferentes trabalhos que eu faço. Se eu acho que abriu portas? Sim. Mais pessoas sabem meu nome."
Em 'Madame Teia', Dakota interpreta Cassandra Webb, uma paramédica de Manhattan que, após sofrer um acidente quase fatal, começa a desenvolver poderes de clarividência. Assim, ela descobre a ameaça de um psicopata assassino, focado em matar um trio de jovens aleatórias que recentemente cruzaram o caminho da protagonista. Acontece que o próprio assassino tem ligação com o passado de Cassandra, é igualmente clarividente e viu no que as jovens vão se transformar.
O longa já está em cartaz nos cinemas brasileiros.