Dia do Orgulho LGBTQIA+: veja dicas de filmes para assistir
Diversos longas nacionais e internacionais trazem histórias e reflexões através de personagens gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros
O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ é celebrado nesta segunda-feira, 28 de junho. O Estadão separou algumas indicações de filmes do Brasil e do exterior que abordam temas como romance, descoberta da sexualidade, homofobia e transição de gênero para você assistir.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014)
O filme dirigido por Daniel Ribeiro conta a história de Léo (Guilherme Lobo), um jovem cego que nunca beijou ninguém, mas começa a ter outra percepção sobre sua sexualidade após conhecer Gabriel (Fábio Audi), aluno novo de sua escola.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho foi escolhido pela comissão especial de especialistas brasileiros para disputar uma vaga pelo Oscar de Melhor Filme Internacional em 2015, sem sucesso. Exibido em diversos festivais, foi premiado como Melhor Filme da Seção Panorama, a segunda mais importante da Berlinale, pela Federação Internacional dos críticos de cinema (FIPRESCI).
Anos antes do lançamento do longa, em 2012, foi feito um curta-metragem com uma história ligeiramente diferente, mas com os mesmos personagens, chamado Eu Não Quero Voltar Sozinho. É possível assistir à íntegra no YouTube. Confira abaixo:
A Glória e a Graça (2017)
O título do longa-metragem de Flávio Ramos Tambellini faz referência ao nome de duas irmãs, Glória (Sandra Corveloni) e Graça (Carolina Ferraz). Brigadas há 15 anos, elas voltam a se falar quando Glória descobre um aneurisma e busca reconciliação com a irmã travesti para que ela se aproxime de seus filhos.
À época, Carolina foi alvo de críticas e de um "manifesto trans" pelo fato de interpretar uma personagem transexual em A Glória e a Graça. Em entrevista ao Estadão, ela respondia: "Nós artistas somos como os anjos, a gente não tem sexo. A gente pode fazer qualquer coisa. Eu acho que esse é o barato do artista, poder transcender a questão do gênero e criar seres humanos. Mas a nossa sociedade ainda não permite essas coisas. Então, entendo o manifesto [trans]. Peço licença, com o maior respeito. Tentei construir uma coisa com a maior dignidade, o maior respeito. Essa personagem é minha, eu lutei por ela, por acreditar na humanidade dela, por querer contar essa história de amor de duas irmãs".
"Eu cheguei a escutar de dois executivos: 'Puxa, Carolina, você é tão bonita, tem uma reputação tão boa, uma carreira tão bacana, tem certeza que vai se meter com um personagem desses que não vai ser bom para você?'. Nós nunca pretendemos que esse filme dissesse ou se tornasse de alguma forma uma bandeira. O que eu acho lindo é a história de redenção, a história de segundas chances, de amor, da família moderna, de afeto. O fato de a personagem ser uma travesti só engrandeceu a complexidade dela, a humanidade dela e a minha vontade de interpetá-la", continuava.
A Garota Dinamarquesa (2016)
Eddie Redmayne interpreta Einar Wegener, artista plástico casado com a pintora Gerda Wegener. Quando uma modelo que posava para ela falta, ela pediu ao marido que vestisse roupas femininas durante a sessão de pintura, fato que acabou mudando a vida do casal, já que Einar passou a se fascinar pelos trajes e também desenvolveu uma personalidade feminina, passando a se identificar como Lili.
A Garota Dinamarquesa, que se passa na Copenhague da década de 1920, rendeu o Oscar de melhor atriz coadjuvante para Alicia Vikander (Gerda), além de indicações para melhor ator (Redmayne), figurino e design de produção.
O Segredo de Brokeback Mountain (2005)
Os caubóis Ennis Del Mar (Heath Ledger) e Jack Twist (Jake Gyllenhaal) se conhecem ao realizar um serviço juntos. Após o trabalho, se separam, mas jamais esquecem um ao outro. Mesmo casados com suas respectivas mulheres e pais, eles decidem arriscar um reencontro com a intenção de viver uma antiga paixão em uma sociedade homofóbica.
Na cerimônia do Oscar em 2006, O Segredo de Brokeback Mountain venceu em três categorias: melhor diretor (Ang Lee), melhor roteiro adaptado e melhor trilha sonora. O longa também foi indicado ao Oscar de melhor filme, melhor ator (Heath Ledger), melhor ator coadjuvante (Jake Gyllenhaal), melhor atriz coadjuvante (Michelle Williams) e melhor fotografia
Azul é a Cor Mais Quente (2013)
Vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 2013, o filme Azul é a Cor Mais Quente é baseado remotamente na HQ de mesmo nome de Julie Maroh, contando a história de Adèle (Adèle Exarchopoulos), adolescente francesa em um momento de descoberta de sua sexualidade. Inicialmente se relacionando com um homem, ela vive novas emoções ao conhecer a jovem pintora Emma (Léa Seydoux).
Flores Raras (2013)
O diretor Bruno Barreto baseou-se no livro Flores Raras e Banalíssimas, de Carmem Lúcia de Oliveira, para retratar a história de amor entre a escritora Elizabeth Bishop (Miranda Otto) e a arquiteta Lota de Macedo (Gloria Pires) no Brasil dos anos 1950. Ainda que o filme se passe em território nacional, é válido ressaltar que é falado em inglês.
Diante de um romance lésbico entre as protagonistas, Barreto explica que a homossexualidade não é o tema central do longa, apenas uma de suas características - o que também pode ser visto como um passo importante em relação à normalização das relações LGBTQIA+. "Não seria diferente se a história de amor fosse enre um homem e uma mulher. Durante muito tempo pensei no que seria o tema. É um filme sobre perdas. Baseia-se numa inversão dramatúrgica: a mulher forte que vai se enfraquecendo (Lota) e a fraca que termina por impor sua força (Elizabeth)", analisava, em entrevista ao Estadão, em 2013.
Berenice Procura (2018)
Berenice (Cláudia Abreu) é uma taxista casada com um apresentador de programas policiais na TV, Domingos (Eduardo Moscovis), que vê sua família e um de seus clientes mais frequentes envolvidos no assassinato da cantora transgênero Isabelle Deluxe (Valentina Sampaio), e passa a investigar o caso por conta própria. O elenco ainda conta com Vera Holtz, Emilio Dantas e Caio Manhente, que interpreta Thiago, jovem que sofre com homofobia em um momento de revelação de sua sexualidade à família.
Madame Satã (2002)
O filme brasileiro de Karim Aïnouz foi exibido na mostra Un Certain Regard, do festival de Cannes em 2002, e retrata a história de João Francisco dos Santos, figura emblemática da boemia carioca na década de 1930 vivida por Lázaro Ramos.
Alice Júnior (2019)
O longa brasileiro aborda a vida da adolescente transgênero Alice (Anne Celestino Mota), que se muda da praia de Boa Viagem, no Recife, para uma cidade pequena e conservadora ao sul do País. Lá, ela encara um sentimento de inadequação social e um bullying por parte de colegas na escola.
Alice Júnior conta com diversas intervenções gráficas, muitas inspiradas em recursos da internet, como emojis ou memes, e conta com uma fotografia clara e viva. "Queríamos fazer um filme político, mas que essa política visse em camadas delicadas", explicava o diretor Gil Baroni à época do lançamento.
Bixa Travesty (2019)
Selecionado para a mostra Panorama da 60ª edição do Festival de Berlim, o documentário de Kiko Goifman e Claudia Priscilla tem como foco a transexual Linn da Quebrada. A rapper também já trabalhou como atriz, integrando o elenco da série Segunda Chamada, da Globo - que aborda a transfobia em alguns episódios por meio de sua personagem, Natasha.
"Esse documentário foi uma oportunidade incrível, porque foi um longa feito comigo, e não sobre mim. Foi um espaço onde pude depositar minhas intenções, minhas vontades artísticas em relação ao audiovisual, com total abertura", afirmou a cantora na ocasião do lançamento de Bixa Travesty.
As Vantagens de Ser Invisível (2012)
O filme narra a vida de Charlie (Logan Lerman), um jovem tímido que busca fazer novos amigos na escola e acaba se entrosando com Sam (Emma Watson) e Patrick (Ezra Miller). A homofobia é retratada quando, em um determinado momento, Charlie flagra Patrick beijando Brad, um dos principais jogadores de futebol americano do time do colégio, mas o relacionamento deve ser mantido em segredo.
Divinas Divas (2016)
O documentário aborda personagens como Valéria, Jane Di Castro, Camille K, Eloína dos Leopardos e Rogéria, que se autodefinia como "a travesti da família brasileira". Dirigido por Leandra Leal, próxima às retratadas e ao Teatro Rival, que foi dirigido no passado por Américo Leal, seu avô, um dos primeiros palcos a permitir homens se apresentando como mulheres no Brasil, o longa conta com um olhar que traz as protagonistas para muito perto de nós, mostrando-as como pessoas quaisquer, com medos, inseguranças, orgulhos e vaidades.
"Me identifico muito com as divas porque fazem parte da minha história, mas também e principalmente porque são artistas que se fizeram respeitar. Antigamente, artista tinha de ter carteirinha de saúde como prostituta. O estigma social era imenso, agora você imagine um homem que se faz mulher. E elas ainda atravessaram toda a repressão da ditadura", contou Leandra em entrevista ao Estadão em 2017.
Cores e Flores para Tita (2017)
O documentário de Susan Kalik traz depoimentos de homes e mulheres trans de diversas gerações a respeito de suas histórias pessoais e de questões sociais envolvendo o grupo. O nome Cores e Flores para Tita faz referência a Renato Tita, transexual que cometeu suicídio aos 15 anos em 1973.