Script = https://s1.trrsf.com/update-1732903508/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Dirigido por Caco Ciocler, 'Partida' é uma viagem à utopia

Documentário sobre viagem de ônibus ao Uruguai aborda a polarização política de 2018 e mostra como direita e esquerda estão no mesmo “barco”

18 jun 2020 - 09h00
(atualizado às 09h01)
Compartilhar
Exibir comentários

Um ônibus que leva um grupo de cinema ao Uruguai para conhecer o ex-presidente Pepe Mujica na virada de ano entre 2018 e 2019 é a premissa de Partida, filme dirigido por Caco Ciocler, com estreia nas plataformas de streaming a partir desta quinta-feira (18). Apesar da simplicidade contida na viagem de ônibus rumo ao país vizinho, o longa aborda conceitos como utopia, capitalismo, viagem, presidencialismo e polarização, em uma brincadeira que mescla ficção e realidade. Numa simbologia de Brasil rumo ao futuro.

"O país continua dividido, isso é uma coisa, infelizmente, atual. Mas a questão da utopia, a importância da utopia, a importância do sonho, de ir atrás, ganhou uma dimensão muito especial nesse momento em que a gente vive, a própria questão do confinamento. Não é um filme que transforma as pessoas, mas é um filme que diz, simbolicamente, que estamos todos no mesmo ônibus, no mesmo barco, e é preciso que as divergências, que fazem parte do jogo democrático, cedam à possibilidade de uma grande relação afetiva. Pelo simples fato de sabermos que estamos no mesmo ônibus e que se esse ônibus não for em direção a um objetivo comum e grande, esse ônibus vai bater. Eu falo um pouco sobre esperança, sobre a importância da utopia, sobre a convivência dos diferentes, sobre a possibilidade dos afetos. É um filme sobre isso", conta Ciocler em entrevista ao Terra

Atriz Georgette Fadel em cena do filme "Partida", que tem direção de Caco Ciocler
Atriz Georgette Fadel em cena do filme "Partida", que tem direção de Caco Ciocler
Foto: Divulgação

A ideia do longa surgiu enquanto o ator e diretor tomava um banho após uma conversa entre ele, uma namorada e um casal de amigos sobre onde passariam o ano novo. Caco sugeriu, de brincadeira, um réveillon ao lado do ex-político uruguaio. Nove meses depois, uniu a epifania à possibilidade de Georgette Fadel se candidatar à presidência da república pelo Partida, legenda formada apenas por mulheres. Com a base para o longa pronta, ele alugaria um carro para filmar o pensamento político da amiga. Mas seria bom um técnico para deixar o áudio melhor. E assim outros elementos foram incorporados à viagem que podia não ter dado certo.

Vasco Pimentel, técnico de som, veio de Lisboa. A produtora Julia Zakia topou a empreitada, mas precisou levar a filha Luiza, com quem passaria o ano novo. A namorada de Georgette, Sarah Lessa, queria estar na virada com a companheira -- e foi também. "Tudo o que vinha como um problema, a gente transformava em um elemento para o filme", justifica Ciocler. O carro, então, ficou pequeno, e o elenco, concordante demais.

Para ser o antagonista da narrativa, a voz dissonante, convidaram Léo Steinbruch, um empresário e eleitor de Jair Bolsonaro. Georgette Fadel foi quem partiu para o embate ideológico e promoveu, junto ao seu principal antagonista, algumas das melhores cenas do filme. "Existia uma artista classe média e um empresário sensível. E existe conversa entre nós. Se eu estivesse no fronte, talvez a gente fosse inimigo de vida e de morte, mas quando eu falo em indivíduos, é um homem que eu amo", conta Georgette. 

Além dos acirramentos entre os representantes de direita e de esquerda, os dias de viagem também foram regados a tédio, momentos descontraídos e à tensão pelo encontro de Mujica, regado a gozo. "Foi um êxtase. Juro para você. Quando a gente voltou no dia seguinte eu não tinha força para nada, a equipe não tinha força para nada após a utopia", descreve Ciocler.

Premiações

Segundo documentário de Caco Ciocler, Partida estreou na 43ª Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, entrando para a lista dos longas mais bem avaliados pelo público da edição. O filme foi exibido no 21º Festival do Rio, como parte da Première Brasil - Mostra Fronteiras, e conquistou quatro prêmios no 14º Fest Aruanda, em João Pessoa: Prêmio Especial do Júri de Melhor Filme, Melhor Som para Vasco Pimentel, Melhor Atriz para Georgette Fadel e Melhor Montagem para Tiago Marinho. A produção também foi selecionada para o 23º Festival de Málaga.   

Às 18h do dia 18 de junho Partida será exibido em estilo drive-in no Memorial da América Latina, em São Paulo.

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade