Disney é responsabilizada em caso de assédio de Harvey
Justiça canadense nega pedido do estúdio para manter confidencialidade do processo, que investiga duas acusações de abuso sexual.
As acusações de assédio sexual contra Harvey Weinstein atingem Hollywood de tal modo que nem mesmo a Disney sairá ilesa. Segundo o veículo The Hollywood Reporter, uma corte canadense negou o pedido do conglomerado de mídia para manter a confidencialidade do processo movido por uma atriz anônima contra o poderoso produtor. O Estúdio do Mickey atua como réu, sob acusação de negligência.
Natural de Toronto, a atriz afirma que foi abusada por Harvey Weinstein em um quarto de hotel por duas vezes no ano de 2000. A Disney tenta suspender o processo pela alegação de que o produtor tinha "autonomia virtual" para cuidar de seus negócios e que não há base legal para ser envolvida no provável crime. Como prova, o estúdio prometeu apresentar três contratos com o réu, mas desde que os documentos fossem mantidos sob sigilo. A Corte Superior de Justiça de Ontário recusou a proposta.
"A busca pela verdade é o ofício mais nobre do homem; sua publicação é um dever", declarou a promotora Tamara Sugunasiri, acrescentando que são raras as situações em que há necessidade de proteger um interesse público importante, e que este caso não se enquadra na exceção. A Disney argumenta que esse tipo de contrato possui cláusulas de confidencialidade que impedem sua divulgação pública. Tamara Sugunasiri observa que o termo é uma imposição sobre Weinstein, e não sobre a Disney. Portanto, não há violação.
O site THR observa que a liberdade da Justiça canadense para investigar casos de assédio sexual deve gerar mais desdobramentos sobre as relações de negócios entre Weinstein e Disney, talvez até revelando o conhecimento do estúdio sobre a atuação abusiva do produtor em Hollywood.
Um exemplo disso é o fato de Barbara Schneeweiss — assistente de Harvey Weinstein envolvida no caso como ré por ter telefonado para a vítima, revelado as boas impressões do produtor atriz após assistir a um vídeo da atriz e ter marcado a fatídica reunião que culminou no assédio — ter apresentado provas documentais de que, na ocasião, não tinha relação trabalhista com o produtor, e sim com a Disney.