'Divertida Mente 2': Com crise da Pixar para resolver, sequência tem história que emociona crianças e adultos
Sequência aborda adolescência e novas emoções em uma tentativa de reconquistar o público e recuperar o status de estúdio inovador.
É impossível falar de animações da Pixar sem mencionar o traço característico que permeia por quase todas as obras do estúdio: o fator emoção. Afinal, não é de hoje que títulos como "Up - Altas Aventuras" (2009), "Wall-E" (2008) e "Viva - A Vida é uma Festa" (2017) arrancam lágrimas de adultos e crianças em salas de cinema mundo afora. Agora, a sequência "Divertida Mente 2" chega para somar à lista, com maturidade e uma história que promete impactar todas as idades.
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Quase dez anos depois de o primeiro filme se tornar um sucesso estrondoso de público, crítica e bilheteria, conquistando para si até mesmo o Oscar de melhor animação, a segunda parte da história traz Riley mais velha, lidando com novas emoções e os transtornos da puberdade. Com isso, é claro que outras carinhas chegam à Central de Controle da menina para adicionar novos fatores à equação. É por isso que Ansiedade, Inveja, Tédio e Vergonha são os novos personagens do filme.
Mais complexos e autoconscientes que as cinco emoções primárias (Alegria, Medo, Tristeza, Raiva e Nojinho), as novatas não são a única diferença entre o primeiro filme e o segundo. Agora, encontramos a Pixar em um novo momento, após uma sequência de lançamentos que não tiveram o sucesso ou mesmo a repercussão desejados. Títulos como "Lightyear" (2022), "Elementos" (2023), "Red: Crescer é uma Fera" (2022) e "Luca" (2021) representaram uma sucessão de fracassos para o estúdio, que vem em uma batalha incessante para recuperar o status de "berçário da criatividade" que estampou durante muitos anos.
Após o fracasso do esquecível "O Bom Dinossauro" (2015), que sucedeu "Divertida Mente" (2015), a Pixar embarcou em uma série de continuações que ficaram aquém do esperado, como "Procurando Dory" (2016), "Carros 3" (2017), "Os Incríveis 2" (2018) e "Toy Story 4" (2019). Depois disso, o retorno às histórias originais foi atravessado pela pandemia de covid-19, fazendo com que filmes como os excelentes "Soul", "Luca" e "Red" precisassem se contentar com lançamentos apagados diretamente no streaming.
Agora, a missão de "Divertida Mente 2" é duplamente intensa. Não apenas se trata da sequência para um dos lançamentos mais bem-sucedidos da última década da Pixar, mas é também onde o estúdio deposita toda a confiança para reconquistar parte da audiência que acabou perdendo ao longo dos anos.
A julgar pelos primeiros números de bilheteria, as perspectivas são boas. O filme bateu recorde na primeira semana de exibição nos Estados Unidos, e já se tornou a maior abertura de 2024. O longa arrecadou impressionantes US$ 155 milhões em seu primeiro final de semana de exibição na América do Norte, superando "Duna: Parte Dois" (US$ 82,5 milhões) e "Godzilla e Kong: O Novo Império" (US$ 80 milhões). No Brasil, segundo o Portal Exibidor, os números da pré-venda foram maiores que os de "Toy Story 4", com a possibilidade de encerrar a exibição com um público de mais de 7 milhões.
'Divertida Mente 2': Quem são os dubladores das emoções no filme?
Para adultos e crianças: Divertida Mente 2 tem história para emocionar todas as idades
Diante de tantas obrigações em jogo, a única coisa capaz de garantir o sucesso é, de fato, uma boa história e um bom filme. Será que "Divertida Mente 2" é capaz de sustentar?
Ao abordar a transição de Riley para a adolescência e o despertar de sentimentos e sensações que não existiam antes, o filme inevitavelmente convida um público mais velho a se aproximar da história, já que conversa diretamente com quem passa ou já passou pelas sensações que desafiam Riley no filme, como a necessidade de lidar com o novo e sentimentos mais complexos.
Isso não significa, é claro, que o filme não seja palatável ou simples de entender para crianças mais novas. Pelo contrário, as brincadeiras lúdicas que criam o visual fantástico do filme ainda estão lá. O diferencial é que alguns conceitos e percepções atingem com mais força um público mais velho, e isso talvez seja a chave para o filme conquistar um espaço de destaque e se diferenciar de apenas mais uma "continuação genérica".
Há alguns elementos em especial que se destacam mais que outros neste sentido, e naturalmente a Ansiedade é a maior delas. Possivelmente um dos temas mais comentados em redes sociais e rodas de conversa de amigos entre a adolescência e a vida adulta quando o assunto é Saúde Mental, a Ansiedade é o grande destaque de "Divertida Mente 2".
No filme, ela não deixa a desejar. Caótica, desesperada, cansativa e incansável, ela não é nem um pouco delicada e vai se tornando cada vez mais sufocante. No ponto alto do filme, quando ela mostra todo o seu potencial, temos talvez aquela que seja a cena mais simbólica de uma animação feita nos últimos anos.
É interessante observar que, pouco a pouco, a Pixar vai se abrindo mais a discutir tópicos delicados que vão além de assuntos como vida e morte, amor, família e amizade. Não apenas "Divertida Mente", mas outros lançamentos recentes como "Luca", "Red" e "Soul" se abrem a tópicos que vão de puberdade a existencialismo, abandono e diferentes formas de transitar para a vida adulta. Abraçar a urgência de falar sobre temas tão sérios com públicos cada vez mais novos (e inevitalmente expostos a tudo isso) é uma estratégia que tem tudo para dar certo.
"Divertida Mente 2" já está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil.
