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Documentário 'Dedo na Ferida' debate o sistema financeiro

Filme de Silvio Tendler traz entrevistas com David Harvey e Costa Gavras

2 jul 2018 - 06h03
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Embora a cultura do documentário tenha se desenvolvido extraordinariamente, no País e no mundo, os números continuam favorecendo, e muito, a ficção. Silvio Tendler é uma raridade. Seus documentários foram marcantes em momentos decisivos da história do Brasil e faturaram milhões de espectadores - Os Anos JK, Jango, O Mundo Mágico dos Trapalhões. A crise terá encolhido o espaço de Tendler nas salas?

No sábado, o filme foi exibido em uma única sala de São Paulo - e em apenas duas sessões. O repórter acompanhou a exibição da tarde e havia um terço de ocupação, talvez um pouco menos, numa das salas menores, a 7. Mas era um público politizado, como o filme. Teve gente que saiu emocionada.

Tendler propõe ao espectador que o acompanhe numa viagem, seguindo um podólogo que embarca no trem numa estação interiorana do Rio. Para chegar ao trabalho, ele passa horas no trem até a Central do Brasil, onde faz a baldeação, e, de metrô, chega em Copacabana. Faz isso todos os dias para sustentar a família, recebendo menos de R$ 1 mil. Além da mulher, do lar, e dos filhos, mora com o casal a mãe dele, que recebe o mínimo de aposentadoria.

Esse homem fala - sobre suas aspirações, frustrações, sobre a difícil mobilidade social sobre a qual repousa a estrutura da sociedade brasileira.

Sucedem-se as estações e as entrevistas. Falam especialistas sobre economia e política - David Harvey, Maria José Fariñas, Yanis Varoufakis, um professor da Unicamp, etc. E o cineasta Costa-Gavras. O diretor de Z repete o que já disse ao Estado quando seu filme clássico integrou a seleção do Festival Varilux deste ano. "Hoje, o poder mundial está nas mãos dos bancos. Pertence ao sistema financeiro."

O filme não contesta a tese. Antes, a reitera. O objetivo é explicar o que é a financeirização, em que medida o neoliberalismo é antidemocrático e atinge trabalhadores como o podólogo do trem. Tendler, mais uma vez, defende-se. Seu filme é político, militante, mas não partidário. O que ele expõe são fatos, números. Não é isento, porque sua montagem toma partido, mas essa é a prerrogativa do artista, grande documentarista, que é.

Estadão
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