Dramas de baterista e de cidade pobre se destacam no Festival de Sundance
O drama-musical Whiplash e o documentário Rich Hill, sobre moradores de uma cidade rural muito pobre dos Estados Unidos, ficaram com os principais prêmios do Festival Sundance de Cinema, realizado no sábado (25). O evento é um reconhecimento importante para que filmes independentes possam ter contato com um público maior.
Whiplash, o filme da noite de abertura do festival, estrelado por Miles Teller e J.K. Simmins, seduziu o público com sua emocionante história sobre um baterista de jazz na obsessiva busca pela perfeição em seu trabalho. O longa ficou com os prêmios do público e do júri da competição.
As honrarias representam uma grande vitória para o diretor e roteirista de 28 anos Damien Chazelle, que ficou com o prêmio do grande júri de melhor curta-metragem norte-americano de ficção no ano passado em Sundance com uma versão curta de Whiplash, que posteriormente transformou em longa-metragem para a edição deste ano.
"Lembro que a minha primeira vez aqui foi com um curta e o motivo pelo qual nós fizemos um curta foi devido às minhas experiências como baterista", disse Chazelle. "Ninguém queria financiar o filme, porque ninguém queria fazer um filme sobre um baterista de jazz. É surpreendente", acrescentou, rindo.
O filme foi rapidamente comprado pela Sony Pictures Classics por US$ 3 milhões e poderá seguir o caminho de seus antecessores no Sundance, como Inverno da Alma, de 2010, e Indomável Sonhadora, de 2012, que ganharam o prêmio do grande júri de melhor drama e, posteriormente, a aprovação do Oscar.
O prêmio do júri para melhor documentário norte-americano foi para Rich Hill, que explora a vida de três meninos adolescentes na cidade rural do Missouri, Rich Hill, que tentam superar as agruras da pobreza.
"Esse é um filme pequeno, mas tem um grande coração e podemos dedicá-lo às família da cidade, às famílias deste filme; aos três garotos e suas famílias que foram tão corajosos e encantadores por nos deixar entrar nas suas vidas, por confiar na gente e revelar algumas coisas tão difíceis", disse a co-diretora do longa, Tracy Droz Tragos.
O prêmio do público para melhor documentário norte-americano foi para Alive Inside: A Story of Music & Memory, que explora o efeito da música em pacientes idosos que sofrem da doença de Alzheimer.
"Essa foi uma experiência avassaladora para mim", disse o diretor Michael Rossato-Bennett. "Só fiz este filme porque ele me tocou. Não percebi o qu]ao importante era esse tema."
Realizado anualmente, o Festival Sundance de Cinema, o principal evento de filmes independentes dos UA, é patrocinado pelo Instituto Sundance, do ator e cineasta Robert Redford. A edição deste ano começou no dia 16 de janeiro e termina neste domingo (26), após dez dias de exibições.
Na categoria de filme estrangeiro, o chileno-francês To Kill a Man ficou com o prêmio do júri de melhor drama. O sírio-alemão Return to Homs, a história de dois jovens cujas vidas são viradas ao avesso pela guerra civil na Síria, ficou com o prêmio do júri de melhor documentário.
Outra vitória notável na premiação de sábado foram Dear White People, que deu ao cineasta Justin Simien o prêmio de revelação do ano. O filme é uma narrativa satírica baseada em um feed do Twitter com o mesmo nome.
"Estou tão grato por estar aqui e por ter uma plataforma para esse filme, esses personagens e essas histórias, que têm sido injustiçadas há tanto tempo em produções", disse Simien, um ex-agente cinematográfico.
O cineasta Cutter Hodierne, que assim como Chazelle ganhou um prêmio especial do júri por um curta-metragem (Fishing Without Nets) e depois voltou a Sundance neste ano com uma versão em longa-metragem da produção anterior, ganhou o prêmio dos EUA de melhor direção de drama.
O prêmio do público para curta-metragem deste ano, patrocinado pelo site de vídeo YouTube e baseado na quantidade de visualizações que os filmes conseguiram, ficou com Chapel Perilous, descrito como uma "comédia metafísica" sobre um homem que é visitado por um vendedor que não tem nada para vender.
O prêmio do júri para melhor curta-metragem foi para Of God and Dogs, enquanto o de melhor curta metragem norte-americano, para o drama Gregory Go Boom.