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Filha de Woody Allen critica dupla que trabalhou com seu pai

A ativista acusou o diretor de tê-la abusado sexualmente quando tinha apenas 7 anos de idade.

9 jan 2018 - 15h17
(atualizado às 15h50)
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Após a cerimônia do Globo de Ouro 2018, que colocou mais uma vez em evidência a onda de corajosos testemunhos das vítimas de assédio sexual em Hollywood, capa da prestigiada revista Time, Dylan Farrow voltou a se manifestar. A ativista - que acusou Woody Allen, seu pai, de ter abusado sexualmente dela quando tinha apenas sete anos de idade - ofereceu seu apoio ao movimento, ressaltado pelo emocionante discurso de Oprah Winfrey, mas também encontrou tempo para criticar alguns de seus "partidários":

Foto: AdoroCinema / AdoroCinema

"Apoio totalmente mulheres que tomam uma posição, dando seus braços a outras mulheres (e homens) e advogando a favor de uma à outra para concretizar uma mudança, não só na indústria do entretenimento, mas no mundo como um todo. Este é um objetivo válido e admirável, espero que essas mulheres mudem o mundo. Tendo dito isso, é muito difícil compreender como pessoas se juntam ao movimento sem aceitaram suas responsabilidades pessoais quanto à forma que suas palavras e decisões ajudaram a perpetuar a cultura que estão combatendo" declarou Farrow, em comunicado oficial divulgado pelo BuzzFeed News.

A alfinetada que encerra o testemunho tem direção certa. Ou melhor, direções certas: Farrow está se referindo à Blake Lively e Justin Timberlake, que trabalharam com Woody Allen em Café Society e Roda Gigante, respectivamente. Ambos manifestaram seu apoio e doaram tinheiro para o Time's Up, fundo criado recentemente para oferecer apoio às vítimas de assédio sexual; no entanto, como lembra Farrow, os dois atores também já elogiaram suas experiências com o cineasta de Manhattan. À época de Café Society, Lively afirmou que considera que Allen "empodera as mulheres" - em uma defesa semelhante à feita por Kate Winslet - e Timberlake, por sua vez, declarou que concretizou um sonho ao trabalhar em Roda Gigante.

"Tenho dificuldades em entender como uma mulher que acredita que Woody Allen empodera as mulheres possa reivindicar um papel como uma partidária das mulheres que sofrem por causa dos assédios sexuais. Tenho dificuldades em entender como uma poderosa força como Justin Timberlake possa declarar que está impressionado pela força das mulheres e ficar ao lado delas neste momento #MeToo [#EuTambém, hashtag que ganhou força no Twitter e tornou-se símbolo do movimento de denúncias das vítimas de abuso na rede social] e na frase seguinte dizer que trabalhar com Woody Allen foi um sonho que virou realidade", disparou Farrow.

No último mês de dezembro, a ativista assinou um artigo no Los Angeles Times denunciando o apoio que a indústria continua a manifestar à Woody Allen: "Apesar de que a sociedade parece estar mudando rapidamente, minha alegação aparentemente ainda é muito complicada, muito difícil, muito 'perigosa', para usar os termos de Lively, para ser confrontada. A verdade é difícil de negar, mas fácil de ignorar".

Allen, que negou as acusações feitas por Dylan Farrow e apoiadas por Ronan Farrow - cujo artigo ajudou a expôr os crimes de Harvey Weinstein, epicentro do escândalo de assédios sexuais -, recentemente teve o conteúdo de seus arquivos pessoais revelado. De acordo com o jornalista que fez a descoberta, os roteiros, ideias e anotações do diretor são repletos de misoginia e uma obsessão por jovens e adolescentes. O realizador ainda não se pronunciou sobre nenhum dos casos.

AdoroCinema
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