Em Gramado, Othon Bastos se torna 1º ator a receber Kikito de Cristal

O ator Othon Bastos entrou para o hall dos poucos nomes da cinematografia brasileira ao ser homenageado com o desejado Kikito de Cristal pelo Festival de Cinema de Gramado, na noite desta sexta-feira (16), no Palácio dos Festivais, na região serrana do Rio Grande do Sul. Criada em 2005, a honraria até o ano passado só havia sido concedida a diretores, sendo Bastos o primeiro ator a recebê-la.

"Gente, é bonito para burro", disse ele no início de seu discurso, já com o prêmio em mãos, entregue pelo cineasta Cacá Diegues. "Foi com muita emoção, muita surpresa, que recebi o convite para receber o prêmio em Gramado. E confesso que eu não sabia que era este o prêmio. O (curador do evento) Rubens Ewald Filho não falou que prêmio era este quando me convidou para vir."

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O público que lotou a sala principal do festival aplaudiu de pé o ator baiano, cuja carreira cinematográfica foi iniciada em 1962 e que hoje possui um currículo com mais de setenta filmes, entre curtas, longas e narrações. Um dos grandes destaques da carreira de Bastos foi o papel de Corisco em Deus e o Diabo na Terra do Sol (1963), do diretor Glauber Rocha, morto em 1981.

"Olho este prêmio nas minhas mãos e vejo que não é o Othon Bastos que o recebe e, sim, o ator. E, como ator, sou representante da classe. Então quero dividi-lo com todos os atores e atrizes do Brasil, com o cinema brasileiro", prosseguiu ele, citando o poeta Rumi com a frase "a porta do coração só é aberta por dentro".

"Com coração aberto quero agradecer a todos os diretores que me ajudaram a ser conduzido nesta longa carreira. E, ao olhar para este Kikito, vejo os rostos de todos os diretores com os quais trabalhei, que me ajudaram nesta carreira. É uma carreira penosa, difícil, mas é a carreira do ator. E não existe nada melhor do que ser ator", concluiu, sob fortes aplausos.