Script = https://s1.trrsf.com/update-1732903508/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js

Escolha de Pequeno Segredo é criticada por diretores

Cineastas de longas-metragens que também estavam na disputa comentaram a escolha do Ministério da Cultura.

12 set 2016 - 23h41
(atualizado em 13/9/2016 às 10h20)
Compartilhar
Exibir comentários

O cineasta Kleber Mendonça Filho comentou a decisão do Ministério da Cultura (MinC) de indicar o drama Pequeno Segredo, de David Schurmann, para disputar uma nomeação ao Oscar de melhor filme estrangeiro na próxima edição do prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Aquarius, dirigido por Mendonça Filho e estrelado por Sonia Braga, era apontado como um dos favoritos ao posto de representante brasileiro na disputa pela cobiçada estatueta dourada. "Soube aqui no Festival de Toronto da decisão via Ministério da Cultura de não indicar Aquarius como candidato brasileiro ao Oscar. Estou numa tarde de entrevistas e já vendo o tipo de reação que tem surgido na imprensa e redes sociais. É bem possível que a decisão da comissão esteja em total sintonia com a realidade política do Brasil, ou seja, é coerente e já esperada", disse o cineasta em um comunicado publicado em seu perfil pessoal no Facebook e na página oficial do filme na rede social.

O Pequeno Segredo representará o Brasil no Oscar deste ano
O Pequeno Segredo representará o Brasil no Oscar deste ano
Foto: AdoroCinema / AdoroCinema

Multipremiado em festivais internacionais e vastamente elogiado pela imprensa especializada, o drama recifense chegou a concorrer à Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano. Durante a première de gala do tradicional festival francês, Mendonça Filho, Braga e a equipe de Aquarius protestou contra o impeachment da hoje ex-presidente Dilma Rousseff, fato que repercutiu bastante na imprensa nacional e internacional.

A manifestação realizada pela equipe do filme foi duramente criticada pelo jornalista Marcos Petrucelli, membro da comissão especial da Secretaria do Audiovisual (SAV), órgão interno do MinC que escolheu qual filme representaria o Brasil no prêmio da Academia. Após os ataques contra Mendonça Filho, diretores como Anna Muylaert e Gabriel Mascaro pediram que seus filmes (Mãe Só Há Uma e Boi Neon, respectivamente) fossem retirados da concorrência a uma vaga ao Oscar em protesto contra a parcialidade do membro da comissão.

"Para além de decisões institucionais via Governo Brasileiro, Aquarius tem conquistado internacionalmente um tipo raro de prestígio, e isso inclui distribuição comercial em mais de 60 países enquanto já se aproxima dos 200 mil espectadores nos cinemas brasileiros, com um tipo de impacto popular também raro", afirmou Mendonça Filho. "Mais ainda, é um filme que já faz parte da cultura e desse tempo, num ano difícil no nosso País. No final das contas, Aquarius é um filme sobre o Brasil, que está no filme da maneira mais honesta possível. Talvez seja exatamente esta honestidade que tenha feito de Aquarius um filme forte como agente cultural, social e produto da nossa indústria do entretenimento. Sonia está aqui do lado, poderosa como Clara."

Em entrevista para o Jornal O Globo, Mascaro protestou contra a indicação de Pequeno Segredo. "É lamentável que o Ministério da Cultura tenha levado à frente um processo de escolha com imparcialidade questionável, confrontado com clareza pelos meios de comunicação diante de sua transparência duvidosa. A manutenção do processo só reforça o descompasso entre sua gestão e a comunidade artística brasileira. O que está em questão não é o filme escolhido, mas o processo de sua escolha."

Também em entrevista ao jornal carioca, Muylaert também criticou o Minc, afirmando que a decisão coloca em xeque um trabalho de décadas que vem sendo realizado no cinema brasileiro. "Esse trabalho, que começou após a retomada, foi meticuloso para formar uma geração e incluir os filmes brasileiros em festivais de primeira linha, como Cannes, além de fazer nosso cinema circular pelo mundo. Quando se despreza um filme que conseguiu passar pela seleção rígida do festival francês, coisa que não conseguíamos há anos, em detrimento de um filme que ninguém viu, você joga fora um trabalho de qualidade que foi construído ao longo de décadas. É muito triste isso para quem faz cinema". A cineasta dirigiu Que Horas Ela Volta, outro filme nacional que rodou por importantes festivais internacionais no ano passado e foi escolhido para representar o Brasil na corrida pelo Oscar.

AdoroCinema
Compartilhar
Seu Terra