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Figura da 'escrava Leia' provoca debate sobre sexismo

Fãs protestam que representação da princesa Leia encolheu mais ainda após Disney ter retirado os bonecos da personagem do mercado

14 dez 2015 - 13h44
(atualizado às 16h27)
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Representação da princesa Leia na exposição de 'Star Wars' no museu de cera Madame Tussauds
Representação da princesa Leia na exposição de 'Star Wars' no museu de cera Madame Tussauds
Foto: Stuart C. Wilson / Getty Images

Fãs da franquia Star Wars ou Guerra nas Estrelas questionam a representação da princesa Leia como escrava de biquíni dourado e veem o papel da heroína encolher ainda mais após a Disney retirar bonecos da personagem das prateleiras.

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Antes do tão aguardado lançamento de Star Wars: O Despertar da Força nesta semana, os fãs da franquia reviveram uma controvérsia sobre uma figura que marcou a cultura pop por décadas: a princesa Leia usando um biquíni dourado e com uma corrente gigante em torno do pescoço.

O debate se deu por duas razões: o furor sobre a natureza altamente sexualizada do traje "escrava Leia", como é chamada oficialmente, e sobre a suposta decisão da Disney de retirar todas as mercadorias relacionadas a ela das prateleiras das lojas – eliminando, efetivamente, a única e importante personagem feminina da trilogia original de Star Wars.

Pôster de 'Star Wars: O Despertar da Força'
Pôster de 'Star Wars: O Despertar da Força'
Foto: Divulgação

Fisher: "Não seja uma escrava"

Os rumores – que a empresa não quis comentar – começaram quando um artista da Marvel, que também faz parte do grupo Disney, postou em seu perfil no Facebook que ele ouviu de diversas e importantes fontes da empresa que os brinquedos e produtos da "escrava Leia" seriam descontinuados.

O movimento foi supostamente associado à luta da empresa com as implicações de vender um brinquedo que representa uma mulher de biquíni acorrentada pelo pescoço por seu carrasco, o gângster alienígena Jabba, o Hutt.

A atriz Carrie Fisher, que interpretou a princesa Leia na trilogia original e repete o papel em O Despertar da Força, falou de seu repúdio em relação ao traje.

"Não seja uma escrava como eu era", disse Fisher a Daisy Ridley – que interpretará a personagem Rey no novo filme, o qual tentou redimir os pecados do passado ao incluir personagens femininas – em recente entrevista à revista Interview. "Lute pelo seu figurino. Continue lutando contra o traje de escrava", afirmou Fisher.

'Lute pelo seu figurino. Continue lutando contra o traje de escrava', disse Carrie Fisher a Daisy Ridley
'Lute pelo seu figurino. Continue lutando contra o traje de escrava', disse Carrie Fisher a Daisy Ridley
Foto: Divulgação

Por outro lado, a atriz rejeitou a controvérsia de merchandising em comentários mais recentes ao jornal Los Angeles Times, ao dizer que "indicar que o traje é algum tipo de acessório sadomasoquista é absolutamente estúpido".

"Eu concordo plenamente que pessoas estão indo longe demais nas suposições sobre o que realmente o traje quer dizer", opina Alexandra Steiger, autoproclamada "fã de longa data da princesa Leia", em entrevista à DW. "Mas isso precisa ser considerado no contexto do filme."

Apesar de Leia ser a única personagem feminina importante do filme, Steiger afirma que "sua presença é sentida mais que suficiente". Como uma líder de uma rebelião, responsável e corajosa, pela maior parte dos 386 minutos da trilogia original, não importa se Leia é passiva e acorrentada por 15 minutos.

Ao olhar esses 15 minutos de vergonha, é também importante lembrar que "ela consegue virar o jogo, mata Jabba e usa sua corrente como uma arma", afirma Natalie Wreyford, especialista na representação de mulheres no cinema da Universidade de Southampton, em entrevista à DW.

"Não é problemático como brinquedo, mas é problemático porque é a única representação de Leia amplamente disponibilizada", afirma Wreyford, e não apenas com parte do merchandising do filme: as representações midiáticas de Leia também tendem a colocá-la nesse traje.

"Esse traje não representa o caráter dela, e nós sabemos que Carrie Fisher relutou em usá-lo", diz Wreyford.

O desaparecimento da princesa Leia

No entanto, um problema ainda maior, de acordo com Wreyford, é o fato de, ao descontinuar a venda dos produtos "escrava Leia", a Disney ter praticamente erradicado a princesa Leia das prateleiras, enquanto seus colegas do sexo masculino se multiplicaram.

Em 2014, Wreyford ficou desapontada ao entrar em uma loja da Disney com seus dois filhos pequenos e ver que os brinquedos eram claramente separados em "para meninos" e "para meninas" – sendo que os produtos de Star Wars estavam somente na seção para os meninos. Até mesmo na nova linha e de alta tecnologia que a Disney acabou de introduzir, todos os personagens principais do sexo masculino foram bem representados, com nenhuma Leia à vista.

Carrie Fisher como princesa Leia
Carrie Fisher como princesa Leia
Foto: Facebook / Divulgação

Wreyford diz que o problema não é apenas a decepção de sua filha, que ama a princesa Leia. "Eu gostaria também que meu filho observasse que as mulheres são importantes, mas não é isso que está acontecendo com o marketing da Disney".

"Os homens não são mais responsáveis pela maior parte da bilheteria", afirma Wreyford, depois de realizar uma pesquisa sobre o assunto. Apesar disso, a Disney permanece "desinteressada em ver as meninas como consumidoras de produtos Star Wars".

#WeWantLeia

A experiência levou Wreyford a lançar nas redes sociais a campanha #WeWantLeia, que rapidamente viralizou e provocou uma resposta entusiasmada da Disney, afirmando que "eles terão a princesa Leia no próximo Natal", porém, sem especificar se a empresa se referia a 2014 ou 2015.

"Mas aqui estamos nós, um ano já passou e outro está acabando, e o brinquedo não está disponível", reclama Wreyford.

Wreyford e Steiger manifestaram a esperança que, com uma nova geração de personagens femininos para serem admirados, a Disney poderá finalmente cumprir a promessa de representá-las melhor em seus produtos.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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