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ESTREIA–“A Espiã que Sabia de Menos” desperdiça talento cômico de Melissa McCarthy

3 jun 2015 - 16h38
(atualizado às 16h41)
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A começar pelo título nacional (supostamente engraçado, mas sintomático), “A Espiã que Sabia de Menos” é de uma mediocridade atroz. Não chega ao baixo nível de “Uma Ladra Sem Limites”, mas também não diverte muito.

Melissa McCarthy, atriz de “A Espiã que Sabia de Menos”, em evento em Nova York. 1/6/2015.
Melissa McCarthy, atriz de “A Espiã que Sabia de Menos”, em evento em Nova York. 1/6/2015.
Foto: Carlo Allegri / Reuters

Desde seu sucesso como coadjuvante em “Missão Madrinha de Casamento”, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, Melissa McCarthy não teve mais sorte com as personagens cômicas – sua melhor performance foi como uma mãe solteira (uma personagem bem séria) em “Um Santo Vizinho”, ao lado de Bill Murray.

Escrito e dirigido por Paul Feig – que a cada novo filme faz parecer que o divertido “Missão Madrinha...” foi um acidente em sua carreira – “A Espiã...” é uma espécie de sátira aos filmes de espionagem, agora protagonizado por uma mulher. É tentador chamar de “Austin Powers” de saias, mas a personagem criada por Mike Myers tinha algum vigor, e seus filmes uma nostalgia melancólica e divertida. Longe de algo parecido aqui.

Melissa é Susan Cooper, funcionária do FBI, que trabalha atrás de um computador apoiando um agente em missão externa, no caso, Bradley Fine (Jude Law), uma espécie de James Bond ainda mais almofadinha do que o original, por quem ela é secretamente apaixonada. A função da moça é, graças à tecnologia e um ponto eletrônico no ouvido do agente, dar as coordenadas para que ele execute a missão com sucesso.

Na agência, Susan é esnobada pelos superiores e outros colegas. Porém, quando Fine é morto numa missão – algo que ela testemunha pela lente de contato com câmera que ele usa –, ela se sente culpada, e se oferece para ir a campo, terminar o que ele deixou pela metade, evitando que uma rica herdeira (Rose Byrne) venda material nuclear para um sujeito que negocia com terroristas (Bobby Cannavale).

Enfim, o humor viria potencialmente dessa situação peixe-fora-d’água. Susan não tem noção de como as coisas funcionam – mas conta com o apoio da amiga Nancy (Miranda Hart), fazendo o que ela fazia com Fine. McCarthy não tem pudor para a comédia física, se joga no chão, faz caras e bocas – e não é difícil simpatizar com ela. A gente simpatiza tanto a ponto de torcer que ela acerte num próximo filme.

Há também Jason Statham, no papel de Rick Ford – possivelmente o que há de melhor no filme. Conhecido pelos personagens durões em filmes de ação, o ator britânico interpreta um espião que, irritado, abandona a agência, mas não a missão, o que faz com que volta e meia, ele e Susan se esbarrem em diversos cantos da Europa. Com esse personagem, o ator investe em desconstruir a persona sisuda e inabalável que ergueu em sua carreira nos últimos anos.

Claramente, este é um primeiro filme de uma franquia em potencial. Uma continuação depende, evidentemente, da resposta do público. Não é de todo uma má ideia, mas é um filme tanto desequilibrado – há alguns momentos cômicos leves e outros que beiram uma escatologia desnecessária. Portanto, é de se esperar que Melissa tenha mais sorte num eventual segundo episódio.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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