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Fernanda Torres fala sobre Oscar para 'Ainda Estou Aqui': 'Importante, mas não é a medida de tudo'

Atriz interpreta a advogada Eunice Paiva em filme dirigido por Walter Salles e inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva

19 out 2024 - 05h01
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Fernanda Torres em 'Ainda Estou Aqui'
Fernanda Torres em 'Ainda Estou Aqui'
Foto: Sony Pictures Classics/Divulgação

"Ainda Estou Aqui" é certamente um dos filmes brasileiros mais aguardados dos últimos anos. Desde sua estreia no Festival de Veneza, de onde saiu com altas expectativas para a temporada de premiações do Oscar 2025, o longa dirigido por Walter Salles e inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva caiu na boca do povo, e uma possível indicação ao prêmio máximo da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas tornou-se um assunto recorrente no entorno da obra.

Para Fernanda Torres, no entanto, não é preciso esperar até o Oscar para comemorar: segundo a atriz, a grande vitória é a boa repercussão do filme e a vontade dos brasileiros de irem ao cinema prestigiá-la.

Ambientado nos anos da ditadura militar brasileira, o filme conta a história da família Paiva a partir do desaparecimento do patriarca, o engenheiro civil e ex-deputado Rubens Paiva, levado por agentes militares de sua própria casa no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1971. Sem respostas sobre o marido e com cinco filhos para cuidar, Eunice transforma sua vida radicalmente diante desta ausência, a fim de manter a família em pé e pressionar o governo por respostas sobre o paradeiro de Rubens. A obra narra esta trajetória diante deste luto que ela própria não tem tempo para viver. 

Falando em entrevista coletiva que precede as primeiras exibições do filme na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o elenco e a equipe de "Ainda Estou Aqui" se emocionaram ao conversar sobre os desafios de construção do filme e o impacto da recepção positiva.

"Eu tinha um livro do Marcelo [Rubens Paiva] que eu li antes do Walter [Salles] me convidar, porque eu queria saber o que tinha acontecido com o pai do Marcelo", conta Fernanda Torres a uma plateia de jornalistas.

"Era uma história que eu conhecia de manchetes, mas eu não sabia que vai muito além do que eu poderia imaginar. Aí o Walter me chama e, de repente, tenho a Eunice pela frente, com a responsabilidade de uma mulher única, uma mulher que nunca fez questão de ser reconhecida. Ela sai de 'viúva do Rubens Paiva' para 'mãe do Marcelo Paiva', movendo revoluções de uma maneira sempre digna. Ela teve uma resistência persuasiva."

Fernanda Torres, sobre interpretar Eunice Paiva em 'Ainda Estou Aqui'

Selton Mello, que é quem interpreta Rubens Paiva na trama, não esconde a emoção ao falar pela primeira vez com o público brasileiro a respeito do filme, após passar por festivais internacionais de Veneza a San Sebastian. "Estamos bem emocionados de estarmos aqui, é o início da nossa história, nosso encontro com os brasileiros, com o nosso público e a nossa língua", declara, antes de falar sobre as transformações, físicas e emocionais, pelas quais passou para viver o ex-deputado e engenheiro.

"Foi uma transformação física grande, foram 20 quilos que inclusive foram difíceis de perder. Mas o personagem precisava disso para dar aquele carácter 'paizão', como era a figura do próprio Rubens. Isso é parte do trabalho, a beleza de falar aqui é sobre os reencontros."

"Sou da geração que foi completamente impactada pelo Feliz Ano Velho, amo e respeito o Marcelo e nunca imaginaria na vida que um dia eu iria fazer o pai do Marcelo. Tem sido muito emocionante, não vou fingir que não. Eu tinha fotografias do Rubens para servir de guia, não tinha nenhuma imagem em movimento. Vi fotos, ouvi coisas sobre o Rubens do Marcelo, das irmãs e amigos. Minha missão no filme era iluminar a primeira metade, espiritualmente falando, mais do que tecnicamente."

Selton Mello, emocionado, sobre interpretar Rubens Paiva em 'Ainda Estou Aqui'

A conexão pessoal com a história não é algo que afeta apenas os atores, considerando que o próprio Walter Salles tem uma ligação com a história. "Muitas pessoas me perguntam por que eu não fiz ficção durante 12 anos. E eu digo que é porque não é todo ano que surge um livro como o do Marcelo, que retrata não somente a memória da família dele mas, ao mesmo tempo, retrata a história do Brasil ao longo de várias décadas", pontua o cineasta.

"Eu tive a sorte de ser amigo, aos 13 anos, de Nalu, irmã do meio do Marcelo, e acabei tendo a possibilidade de conhecer a casa que está no coração do filme. Essa superposição entre o pessoal e o coletivo, que sempre me interessou em cinema, foi potencializada pelo fato de que, neste processo, o Marcelo descobre que a mãe tinha sido o personagem absolutamente central dessa história", salienta. 

Possibilidade de Oscar

'Ainda Estou Aqui'
'Ainda Estou Aqui'
Foto: ALILEDARAONAWALE

Diante das conversas sobre as chances do filme figurar entre os indicados ao Oscar 2025, Walter Salles, Fernanda Torres e Selton Mello aparentam tentar fazer com que os espectadores mantenham as esperanças num nível mais realista.

O diretor explica que o filme tem seguido uma trajetória de campanha de cunho independente, fazendo a turnê de festivais a fim de se aproximar de quem vota nos indicados. "Hoje, metade dos votantes [da Academia] não mora no eixo estreito entre Nova York e Los Angeles. Antigamente, para olhar para essas premiações, o filme precisava ser visto ali. Hoje a realidade foi completamente reconfigurada, só a França tem 200 votantes da Academia. Isso é muita coisa. Fazer uma campanha é ir acompanhando o filme nos festivais, porque é a única maneira de os votantes verem o filme. É melhor quando tem um contato pessoal", resume. 

Fernanda, por outro lado, salienta que as chances existem, mas torce para que o Brasil não espere pelo Oscar para celebrar "Ainda Estou Aqui".

"A gente está nas 'short lists' de coisas muito grandes para o tal do Oscar, que parece ser a fronteira final que nós teremos que cruzar", diz, bem-humorada. "O filme tem grandes chances de estar entre os [indicados] em filme estrangeiro, estamos trabalhando para talvez outras categorias, mas o filme já é um acontecimento para nós. Ele já está no mundo, já é uma porta de entrada para o mundo."

"O Oscar é muito importante por várias questões, mas ele também não é a medida de tudo. Eu não queria que no final todo mundo acabasse 'aaaaahhh', decepcionado."

Torres aproveita o momento para relembrar a reação do público brasileiro à indicação de sua mãe, Fernanda Montenegro, e à derrota para Gwyneth Paltrow.

"Quando as pessoas falam do prêmio da mamãe, eu tento explicar que, quando um ator brasileiro, falando português, é nomeado, ele já ganhou. Pode estourar champanhe, entendeu? Vai para lá sem expectativa porque não vai levar. Eu só queria explicar isso para as pessoas já ficarem contentes."

"Ainda Estou Aqui" estreia nos cinemas de todo o Brasil no dia 7 de novembro. 

Fonte: Redação Entre Telas
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