Filme com Bárbara Paz aborda depressão e saúde mental
'Por que você não chora', de Cibele Amaral, já está disponível nas plataformas digitais
Não havia melhor momento para a diretora Cibele Amaral lançar seu segundo longa-metragem, Por que você não chora?. No mês marcado pela campanha de prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo, a cineasta e também psicóloga traz um filme marcado por discussões sobre saúde mental, transtornos de personalidade e depressão.
A trama mostra a relação entre Jéssica (Carolina Monte Rosa), menina de origem humilde que veio do interior para estudar psicologia na capital; e Bárbara (Bárbara Paz), paciente diagnosticada com Transtorno de Personalidade Borderline. Segundo a diretora, o filme é inspirado em sua própria experiência enquanto psicóloga estagiária no Instituto de Saúde Mental (ISM), em Brasília, e também na morte de seu irmão, que ocorreu em dezembro de 2020.
"O filme é baseado em experiências pessoais, familiares e profissionais. Meu irmão apresentava ideação suicida, alguns diálogos do filme são conversas que tive com ele. Infelizmente, ele faleceu em dezembro de 2020, deixando um grande vazio. Já a protagonista é inspirada em colegas de faculdade. Eu me formei em 2017 em psicologia e muitas colegas eram do entorno de Brasília, de cidades pequenas, rurais", conta a cineasta.
Para interpretar Bárbara, uma paciente com um transtorno borderline severo, a atriz Bárbara Paz conta que se inspirou nas histórias contadas pela diretora. Nesse transtorno, o indivíduo tem mudanças de humor bruscas, relações instáveis, comportamento impulsivo, medo de abandono, autodepreciação e ideações suicidas.
"Não foi fácil separar o real do imaginado. Muitas vezes confundimos os personagens. Mas os transtornos de personalidade muitas vezes estão mais próximos do que imaginamos", conta a atriz. "Acompanhamento terapêutico é fundamental para qualquer transtorno, doença, fraqueza. Deveríamos sempre ter um acompanhamento na vida, pois ela nos tenta o tempo inteiro. Para mim, Bárbara, mudou tudo", opina.
No mundo, mais de 264 milhões de indivíduos sofrem com depressão, e uma em cada 13 pessoas convive com a ansiedade, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Na pandemia, o cenário se agravou: de acordo com um estudo publicado no periódico científico JAMA Pediatrics, sintomas de ansiedade e depressão entre crianças e adolescentes dobraram no mundo todo. Além disso, a maioria dos países interrompeu ou fechou serviços de atendimento a esses pacientes, de acordo com a OMS.
A discussão sobre saúde mental trazida pelo longa, especialmente em tempos pandêmicos, está ganhando cada vez mais espaço na sociedade, com livros, podcasts, filmes, novelas e séries abordando o assunto. Mas, apesar dos avanços, ainda existe um preconceito e um estigma profundos em relação às doenças mentais. Muitos pacientes sofrem com a falta de compreensão da família, dos amigos e até mesmo da comunidade médica.
"A discussão sobre diversidade de raça e gênero, felizmente, ganhou espaço na sociedade atual, mas a diversidade psíquica não. O estigma que envolve a doença mental ou emocional é gigante. O medo de expor um quadro de síndrome ou transtorno mental é uma barreira para a aceitação de pessoas diferentes dentro da nossa sociedade", comenta a cineasta.
Confira o trailer:
O filme está disponível nas plataformas Google, Now, Apple TV+, Vivo Play, Looke, iTunes e XBPIX, além de algumas salas de cinema. Assista online neste link.