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Filme de cineasta iraniano é ovacionado de pé em Cannes

24 mai 2013 - 16h52
(atualizado às 20h02)
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Mohammad Rasoulof foi considerado culpado por "ações e propaganda contra o sistema" no Irã
Mohammad Rasoulof foi considerado culpado por "ações e propaganda contra o sistema" no Irã
Foto: Getty Images

Um cineasta iraniano que foi preso sob a acusação de propaganda antigoverno em 2010 lançou nesta sexta-feira (24) no Festival de Cinema de Cannes um novo filme sobre opressão estatal que ele rodou em segredo em seu país.

Mohammad Rasoulof foi considerado culpado por "ações e propaganda contra o sistema", depois de tentar fazer um documentário sobre os distúrbios que se seguiram à controversa reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em 2009.

Ele foi condenado a seis anos de prisão e proibido de fazer filmes e de deixar o Irã por 20 anos. Mas, após recurso, a sentença foi reduzida para um ano de prisão e a Justiça removeu as proibições de viajar e fazer cinema.

A plateia ovacionou de pé seu novo filme, Dast-Neveshtehaa Nemisoosand (Manuscritos Não Queimam), em uma exibição para a imprensa nesta sexta-feira em Cannes. Rasoulof disse que o filme foi baseado na história verdadeira de 21 escritores e acadêmicos iranianos que viajavam num ônibus e foram alvo de um atentado fracassado, ao qual sobreviveram. O cineasta descreveu o ataque como um "episódio obscuro" na comunidade intelectual iraniana.

Ele se concentra especialmente em um autor que escreve secretamente suas memórias sobre o período em que foi prisioneiro político e as tentativas das autoridades para destruir sua obra. Rasoulof disse que o filme nunca será mostrado no Irã por causa do tema. Ele não tentou obter uma licença para rodá-lo, pois sabia que seria recusada, e se esforçou para reunir elenco e equipe de filmagem.

"Demorou dois anos para juntar as pessoas que poderiam fazer os papéis e que aceitariam fazer isso e cooperar com a gente", declarou Rasoulof à Reuters em entrevista realizada num jardim perto da orla de Cannes.

A película não tem créditos. "Decidimos em conjunto permanecer no anonimato o quanto for possível, já que sabíamos que poderia haver consequências", disse Rasoulof, que pretende voltar para o Irã em breve.

O presidente do festival, Gilles Jacob, descreveu o festival como "uma terra de acolhimento", citando os esforços ao longo dos anos para prover uma plataforma de refúgio para os cineastas de todo o mundo que são perseguidos ou censurados pelos seus governos.

O filme anterior de Rasoulof, Goodbye, sobre um jovem advogado de Teerã tentando obter um visto para deixar o país, ganhou o prêmio de melhor diretor na exibição "Um Certain Regard", mostra paralela de Cannes, na qual são apresentadas obras de cineastas emergentes e inovadores, em 2011.

A mulher dele recebeu o prêmio, já que Rasoulof estava em liberdade sob fiança no Irã e aguardava a decisão judicial sobre o recurso contra sua sentença de prisão. Manuscritos Não Queimam também é destaque na "Un Certain Regard". Os vencedores deste ano dessa mostra serão conhecidos no sábado (25).

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