Filme de Mike Leigh já é apontado como favorito a Palma de Ouro
"Extraordinário", "comovente", "magnífico", foram alguns dos comentários ouvidos neste sábado em Cannes depois da exibição de Another Year, do britânico Mike Leigh, que já é considerado um dos favoritos para conquistar a Palma de Ouro.
Vencedor do Festival de Cannes em 1996 com Segredos e Mentiras e da Palma de Ouro para melhor diretor por Naked em 1993, o cineastra britânico mostrou um dos melhores filmes vistos até o momento em Cannes, que começou na quarta-feira e tem o encerramento programado para 23 de maio.
O filme de Leigh, de 67 anos, passou depois do filme You Will Meet a Tall Dark Stranger do diretor americano Woody Allen, de 74 anos, exibido na mostra oficial mas fora de competição. As dua obras têm várias semelhanças, mas o enfoque e o tratamento foram completamente distintos.
Os longas se passam em bairros de Londres e contam as histórias de vários personagens que se confrontam ao longo dos anos, falam sobre solidão, morte, decepções, momentos tristes e alguns alegres.
A produção de Allen - uma comédia leve que deixa, no entanto, um sabor ácido - repete seus temas recorrentes: o amor, o sexo, a traição, tecendo e desfazendo as relações complicadas de um grupo de casais em crise.
Já Leigh retrata, ao longo de um ano, um casal de classe média inglês, seu filho, uma amiga solteira cheia de inseguranças que busca apoio neles (em uma atuação extraordinária de Lesley Manville), um amigo do casal e o taciturno irmão do marido.
Mas o casal protagonista do filme de Leigh, diferentemente daquele do filme de Woody Allen, Tom e Gerri, interpretados por Jim Broadbent e Ruth Sheen, se compreendem, permanecendo juntos até a velhice.
Ao longo das quatro estações, o casal cuida durante o tempo livre de uma pequena horta, plantando e colhendo ervas e tomates para cozinhar, e leem juntos na cama. Atividades que poderiam parecer ordinárias, entediantes, para serem abordadas em um longa-metragem de Cannes. Mas para Leigh, não existem pessoas entediantes, nem atividades.
"A vida é fascinante", disse o britânico na entrevista coletiva logo após a apresentação de seu filme. "Só fica chata se alguém quiser", acrescentou.
"Este filme é centrado em como encaramos a vida, como encaramos o que nós mesmos somos", completou.
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