Filmes sobre esportes melhores do que muitos jogos da Copa do Mundo da Rússia
Vamos parar diante da TV e torcer quando o Brasil entrar em campo, é claro, mas será que todos os jogos merecem a nossa atenção? Spoiler: não.
A acachapante derrota da seleção brasileira para a Alemanha em 2014, a lenta recuperação econômica do país, a falta de emprego, a política nacional em estado de constante crise e o fato de estarmos em um ano que promete uma exaustiva campanha eleitoral. Estes são alguns dos fatores que podem ter influenciado o brasileiro a não se importar tanto com um de seus eventos globais favoritos: a Copa do Mundo. Segundo um levantamento feito pelo instituto Paraná Pesquisas, 65% dos brasileiros não têm interesse na edição deste ano do mais importante torneio de futebol que existe.
Além disso, algumas partidas não ajudam a despertar a euforia por vezes tão associada à competição. Nesta quinta-feira (14 de junho) o torneio começa com um jogo que está longe de ser um dérbi do futebol mundial. A equipe da Rússia, anfitriã do evento quadrienal, recebe a seleção da Arábia Saudita no Estádio Luzhniki, em Moscou, às 12h (horário de Brasília). É claro que o clima é de festa e o confronto pode até surpreender os amantes do esporte bretão, mas a verdade é que o jogo marca o embate entre os dois piores times (de acordo com o ranking da FIFA) desta Copa do Mundo.
Sabendo que nem todas as partidas dessa Copa do Mundo serão promissoras, o AdoroCinema separou alguns filmes (uns bons, outros excelentes) sobre esporte para você assitir quando começar a bocejar em jogos menos empolgantes da Copa do Mundo da Rússia.
Touro Indomável (1980)
Com uma impecável fotografia em preto e branco e movido por atuações nocauteantes, Touro Indomável é mais do que um grande filme de esporte, é uma masterclass de cinema. Do roteiro inspiradíssimo de Paul Schrader à direção meticulosa de Martin Scorsese, o longa-metragem apresenta uma corrosiva cinebiografia do pugilista Jake LaMotta, interpretado com a firmeza que apenas um ator do calibre de um Robert De Niro no auge de sua carreira poderia imprimir. Parte-se do boxe para estabelecer uma trama sobre obsessão, comportamento autodestrutivo e frustração. Um filme denso e explosivo, mas que também é cheio de momentos poéticos, como os inesquecíveis créditos de abertura.
Heleno (2011)
Rodrigo Santoro deu mais uma prova de sua versatilidade como intérprete ao encarnar o mitológico jogador de futebol Heleno de Freitas, que defendeu o escudo do Botafogo no Rio de Janeiro da década de 1940. Em grande atuação, o ator brasileiro que hoje é destaque na série Westworld se entrega completamente para viver um atleta que veio de família rica, era advogado formado, viciado em éter e em romances tórridos, e disposto a se tornar o maior jogador de futebol que o Brasil já viu — o que as circunstâncias de sua saúde física e mental não permitiram. Mais uma vez, um destaque é a fotografia cheia de belos contrastes de Walter Carvalho e a personalidade do diretor José Henrique Fonseca em fazer um filme que não entrega respostas fáceis.
Senna (2010)
Maior ídolo do esporte brasileiro fora dos gramados de futebol, Ayrton Senna ganhou um documentário à altura no filme do britânico Asif Kapadia (que anos depois ganhou o Oscar com seu trabalho em Amy). Mais do que um filme que apresenta a trajetória de seu biografado do berço ao túmulo, Senna é construído de uma maneira muito sofisticada e consegue exprimir os valores, costumes e gostos do maior piloto brasileiro de Fórmula 1 de maneira eficaz e emotiva.
Carruagens de Fogo (1981)
Vencedor do Oscar de melhor filme e melhor roteiro, Carruagens de Fogo é baseado em fatos reais e se passa nas Olimpíadas de 1924 em Paris. A trama acompanha a relação de dois corredores britânicos, um cristão escocês devoto que pratica o atletismo como forma de honrar a Deus e um judeu inglês que corre para superar preconceitos. A cena de corrida da praia se tornou uma das mais icônicas do cinema, referenciada em diversos outros filmes, e o tema de Vangelis se tornou tão importante que virou sinônimo de vitórias gloriosas no atletismo, sendo usado em diversas competições ao redor do mundo.
Campo dos Sonhos (1989)
Campo dos Sonhos é o primeiro filme desta matéria até então cuja trama não tem paralelo com eventos reais. Isso não quer dizer, entretanto, que, em seu escapismo fantástico, o filme estrelado por Kevin Costner não tenha o que dizer sobre o mundo real. Com uma trama que explora o realismo mágico proposto pelo livro no qual se baseia, o filme explora temas como senso de propósito, culpa e segundas chances. Na trama o ator de O Guarda-Costas interpreta um fazendeiro que passa a ouvir uma voz misteriosa lhe dizer para construir um campo de baseball no meio de sua plantação.
Rocky, Um Lutador (1976)
Top of mind quando se pensa em filmes sobre boxe, Rocky, um Lutador é um filme muito mais sensível e delicado do que pode parecer à primeira vista. Sylvester Stallone compõe um personagem que é um verdadeiro elogio às pessoas comuns ao viver um lutador azarão que se prepara para o maior dia de sua vida de forma quase amadora e encontra a glória no final mesmo sem vencer a luta principal. Da inesquecível sequência de treinamento ao som de "Gonna Fly Now", o triunfo de Rocky é mostrar que um cinturão vale menos do que sua própria integridade.
Invictus (2009)
Pobres daqueles que só conseguem ver "pão e circo" nos esportes populares. Com direção de Clint Eastwood, o drama baseado em fatos reais Invictus mostra como política, esporte e cultura se intrincam e ajudam a explicar o mundo que nos cerca. Na África do Sul pós-apartheid, o então presidente Nelson Mandela, interpretado por Morgan Freeman, percebeu que a Copa do Mundo de Rugby que seu país recebeu em 1995 representava uma oportunidade de ajudar a fechar algumas das feridas de seu país após décadas de racismo institucionalizado.
Quando Éramos Reis (1996)
Em 1974, Muhammad Ali e George Foreman se enfrentaram no Zaire na luta que ficou conhecida como "The Rumble in the Jungle" (ou "a luta na floresta"). O diretor Leon Gast filmou tudo o que conseguiu do lendário conflito e seu extenso preparativo. Perfeito em capturar a atmosfera daquele embate histórico que ajudou a consolidar Ali como um verdadeiro mito do boxe, além de examinar as relações entre africanos e afro-americanos. O filme conta com uma vibrante trilha sonora soul e só foi finalizado mais de duas décadas depois da luta. Quando Éramos Reis foi o vencedor do Ocar de melhor documentário.
Homens Brancos Não Sabem Enterrar (1992)
Woody Harrelson e Wesley Snipes mostram muita química em cena e em quadra em Homens Brancos Não Sabem Enterrar, comédia sobre basquete de rua que era um dos filmes preferidos de Stanley Kubrick. É preciso dizer mais alguma coisa?
Driblando o Destino (2002)
Superficialmente (e cinicamente), Driblando o Destino pode ser visto como apenas uma comédia romântica adolescente feita para sessões vespertinas de TV. Entretanto, o filme de Gurinder Chadha é um divertido e pulsante comentário sobre amadurecimento, religião, família e tradição. Parminder Nagra interpreta uma jovem filha da primeira geração de britânicos de uma família de imigrantes indianos. Ela encontra no futebol (que pratica com sua amiga interpretada por Keira Knightley) uma forma de expressão que funciona como uma válvula de escape para as pressões socais com as quais tem que lidar.
A Guerra dos Sexos (2017)
Com uma ótima atuação de Emma Stone, o drama biográfico com toques de comédia A Guerra dos Sexos aborda de forma leve mas contundente em sua denúncia do machismo no ambiente esportivo. Stone vive Billie Jean King, uma das maiores tenistas de todos os tempos, que levantou a bandeira da igualdade de gênero e de maiores oportunidades para o esporte feminino. Ela aceita o desafio do "porco chauvinista" Bobby Riggs, um ex-campeão interpretado por Steve Carell, de enfrentá-lo numa partida de tênis onde há mais em jogo do que games e sets.