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'Abracadabra 2' ignora mundo criado por J.K. Rowling e isso é bom

Sequência de filme de 1993 entrou no catálogo da Disney+ nesta sexta-feira, 30

30 set 2022 - 08h11
(atualizado às 11h19)
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Irmãs Sanders estão de volta em 'Abracadabra 2', que estreia nesta sexta-feira, 30, na Disney+
Irmãs Sanders estão de volta em 'Abracadabra 2', que estreia nesta sexta-feira, 30, na Disney+
Foto: Divulgação/Walt Disney Studios

Antes de Harry Potter, Hermione Granger e Rony Weasley andarem pelos corredores de Hogwarts fazendo feitiços e encantamentos, outro trio de bruxas, muito mais poderosas, já dava as caras e soltava raios com as mãos na Sessão da Tarde. As irmãs Sanderson, Winifred (Bette Midler), Mary (Kathy Najimy) e Sarah (Sarah Jessica Parker), apareceram pela primeira vez em 1993, no filme Abracadabra, da Disney.

Lançado no verão daquele ano, as bruxas, mortas no início do filme em um flashback no século 17 e ressuscitadas logo em seguida já no século 20, tentam se manter vivas e jovens. Para isso, precisam sugar a alma de crianças antes que o dia nasça. Elas não conseguem e morrem - spoiler de quase 30 anos não é spoiler -, explodindo em areia prateada, dando a ideia de que jamais voltariam. De lá para cá, elas se tornaram queridinhas.

Em 2022, a Disney traz de volta as três irmãs no filme Abracadabra 2, que fica disponível no streaming da empresa nesta sexta, 30. E o que esperar do filme? Entre o primeiro e o segundo, foram 29 anos. No meio disso tudo, um Mundo Bruxo foi inventado pela escritora J.K. Rowling, criadora do bruxo mais famoso da cultura pop, que já gerou milhões de dólares: Harry Potter.

Os quase 30 anos que separam os dois filmes da Disney viram sete livros e oito filmes do bruxinho acontecer, além da franquia Animais Fantásticos e Onde Habitam, que também gerou três filmes (por enquanto) e do espetáculo de teatro Harry Potter e A Criança Amaldiçoada, todos assinados pela autora.

Pode se pensar que, depois do sucesso da franquia, ao se falar de bruxas e feitiços e temas afins, algo pudesse ser bebido dessa fonte. Afinal de contas, quando de sua estreia nos cinemas, Abracadabra não fez tanto sucesso. O filme estreou no mesmo dia que Free Willy, este sim, um grande notável do ano. No entanto, Wini, Mary e Sarah, enquanto estiveram "mortas", não passaram por nenhuma escola de magia e bruxaria do universo criado por Rowling, nem para reciclarem seus truques, assumirem o uso de varinhas ou citarem outros seres fantásticos em sua nova aparição. E que bom!

Pelo contrário, o que se vê na tela, ao dar play em Abracadabra 2 é uma homenagem ao filme original e às três bruxas, que se tornaram ícones da cultura pop. Também trata-se de uma "limpeza de imagem", afinal de contas as três irmãs são vilãs perigosas (nos dois filmes), apesar de atrapalhadas e divertidas.

Abracadabra 2 é um filme para as crianças (e também para os adultos, principalmente os saudosistas), e era de se esperar que, talvez com o objetivo de conquistar o público pottermaníaco, o novo longa usasse alguns elementos da franquia da Warner. Mas não. O universo de Abracadabra é único e magicamente linear. Os dois filmes se completam.

É um história que se passa exatamente 29 anos depois dos acontecimentos do primeiro filme. Um personagem da sequência até lembra de alguns e narra-os. Aliás, é ele quem dá uma ajudinha para trazer as irmãs Sanderson de volta das trevas. E elas voltam com muita sede de vingança.

Se em Abracadabra as três bruxas precisavam lidar com as novidades tecnológicas, algumas delas sendo usadas como piadas, na sequência, elas, além de nos fazerem rir, também fazem parte da dramaturgia.

A homenagem ao primeiro filme aparece em diversas cenas, mesmo que como "easter eggs", um detalhe que pode passar despercebido. Para quem viu Abracadabra algumas vezes, vai ser divertido tentar encontrar as menções ao filme original ao longo da sequência.

'Abracadabra' foi lançado em 1993
'Abracadabra' foi lançado em 1993
Foto: Divulgação/Disney

De outro lado, temos as irmãs Sanderson se transformando. Elas eram muito más no primeiro filme, mas cativaram tanto o público que a sequência traz uma redenção. A maldade é vencida, magicamente, como tem que ser no contos de fadas.

Mas Abracadabra 2 também é uma celebração a essas atrizes que, desde os anos 1990, estão no imaginário popular. O retorno das mulheres, já mais maduras, no mesmo personagem que interpretaram em 1993, poderia gerar algum tipo de estranhamento, mas a condução do roteiro nos lembra o quão apaixonantes são essas personagens. E o quanto elas, Bette Midler, Kathy Najimy e Sarah Jessica Parker, estão incríveis, tanto no primeiro longa quanto no segundo. Aliás, parece que não se passou nem um ano entre a interpretação de 1993 e de 2022. As três não são as únicas a voltarem, Doug Jones revive o zumbi do bem Billy Butcherson, ex-namorado de Wini (ou nem tanto, como ele defende ao longo do filme).

Talvez a gente ainda esteja enfeitiçado pela interpretação do trio de I Put A Spell On You (pus um feitiço em você, em tradução livre), ainda no primeiro filme. Vai saber... Por falar nisso, na sequência também tem número musical e de dança, igualmente mágico.

E é isso que Abracadabra 2 é. Mágico. O filme se assume enquanto piada, traz uma lição de moral, esperado no mundo Disney e nos lembra que é possível abusar da fantasia tratando de alguns temas sérios como representatividade.

Estadão
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