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Artistas judeus apoiam discurso polêmico de diretor de 'Zona de Interesse' sobre Israel

Comunidade judaica de Hollywood se divide entre cartas de repúdio e apoio ao cineasta britânico; filme faturou duas estatuetas no Oscar

8 abr 2024 - 15h39
(atualizado às 16h19)
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Resumo
Zona de Interesse, filme sobre o Holocausto, ganhou o Oscar e foi alvo de críticas sobre o discurso do diretor Jonathan Glazer, que abordou o conflito na faixa de Gaza. Mais de 150 personalidades judias apoiaram o diretor, enquanto outro grupo de judeus da indústria criticou sua fala.

No Oscar, o cineasta britânico Jonathan Glazer falou sobre o conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza em seu discurso de agradecimento. Considerada polêmica, a fala do diretor de Zona de Interesse, filme sobre o Holocausto, segue gerando repercussão entre os membros da comunidade judaica em Hollywood, quase um mês após a cerimônia de premiação.

Na última sexta-feira, 5, foi divulgada uma carta aberta em apoio a Glazer, assinada por mais de 150 personalidades judias, dentre atores, cineastas e outros artistas da indústria criativa. Nomes como Joaquin Phoenix, Hari Nef, Debra Winger, Joel Coen e Boots Riley estão entre os signatários.

"Os ataques a Glazer também têm um efeito silenciador na nossa indústria, contribuindo para um clima mais amplo de supressão da liberdade de expressão e da dissidência, qualidades que a nossa área deve valorizar", destaca a carta, em resposta às críticas que o diretor vem sofrendo. "Em seu discurso, Glazer perguntou como podemos resistir à desumanização que levou a atrocidades em massa ao longo da história. O fato de tal declaração ser considerada uma afronta apenas sublinha a sua urgência", acrescenta o texto.

"Apoiamos todos aqueles que pedem um cessar-fogo permanente, incluindo o regresso seguro de todos os reféns e a entrega imediata de ajuda a Gaza, e o fim do bombardeamento e cerco contínuo de Israel a Gaza", complementa.

A abordagem do diretor havia sido desaprovada por outro grupo de judeus da indústria criativa, indignados com o discurso. Uma carta de repúdio com mais de 450 assinaturas foi publicada em 18 de março. "Recusamos que nosso judaísmo seja sequestrado com o objetivo de estabelecer uma equivalência moral entre um regime nazista que buscou exterminar uma raça de pessoas e uma nação israelense que busca evitar seu próprio extermínio", dizia a documento.

O texto segue: "[O discurso] dá crédito ao moderno libelo de sangue que alimenta um crescente ódio antijudaico em todo o mundo, nos Estados Unidos e em Hollywood. O clima atual de antissemitismo crescente apenas ressalta a necessidade do Estado judeu de Israel, um lugar que sempre nos acolherá, como nenhum Estado fez durante o Holocausto retratado no filme do Sr. Glazer".

Cena do filme 'Zona de Interesse', de Jonathan Glazer.
Cena do filme 'Zona de Interesse', de Jonathan Glazer.
Foto: Diamond Films/Divulgação / Estadão

O produtor de Zona de Interesse, Danny Cohen, também afirmou discordar "fundamentalmente" da fala do colega. Segundo ele, o filme era visto como crucial para a educação sobre o Holocausto e foi "confundido com o que está acontecendo atualmente, fosse a intenção de Jonathan ou não ao fazer a comparação".

O que Jonathan Glazer disse em seu discurso

A fala de Glazer, que é judeu, foi parte de seu discurso de agradecimento pela vitória do filme Zona de Interesse na categoria de melhor filme internacional no Oscar. "Nosso filme mostra como a desumanização leva ao pior cenário, moldando nosso passado e presente. Neste momento, estamos aqui como pessoas que refutam que o seu judaísmo e o Holocausto sejam sequestrados por uma ocupação que levou ao conflito para tantas pessoas inocentes", disse o diretor.

"Sejam as vítimas do 7 de outubro em Israel ou do ataque contínuo a Gaza, todas as vítimas dessa desumanização, como resistimos?", completou Glazer. Veja um vídeo do discurso:

@estadao

TOM POLÍTICO A cerimônia do Oscar, realizada na noite deste domingo, 10, em Los Angeles, abordou diversos problemas atuais, com filmes - e discursos - sobre temas como paz, guerra, raça e política sindical. O tom político se refletiu na vitória de Zona de Interesse como melhor produção internacional. Em seu discurso, o diretor Jonathan Glazer fez menção ao Holocausto, ao ataque a Israel e ao conflito que acontece na faixa de Gaza. "Todas as nossas escolhas foram feitas para refletir e nos confrontar no presente. Nosso filme mostra onde a desumanização leva ao seu pior momento", disse ao receber o Oscar. O silêncio imperou no teatro quando diretor Mstyslav Chernov, de 20 Dias em Mariupol, discursou sobre sua conquista como melhor documentário. "Esse é o primeiro Oscar conquistado pela Ucrânia. Mas eu devo ser o único diretor de cinema a dizer isso neste palco: eu desejaria nunca ter feito este filme. Eu o trocaria pela possibilidade de a Rússia nunca atacar nossas cidades", disse. "Que a verdade prevaleça."

som original - Estadão

Zona de Interesse também faturou o Oscar de melhor som. O filme mostra um novo ângulo do horror nazista ao retratar o cotidiano de uma família que leva uma vida confortável e abundante numa casa ao lado do campo de extermínio de Auschwitz. Trata-se da residência de Rudolf Höss (Christian Friedkin), comandante do campo.

Com isso, Glazer explora a frieza com que as famílias nazistas viviam do lado de fora dos campos, ignorando os sinais de dor e sofrimento que aconteciam bem diante de seus olhos. Saiba onde assistir ao filme clicando aqui.

Estadão
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