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Como Hollywood deixa de vender ingressos a um dos maiores públicos de cinema (e se afunda em crise)

As pessoas com deficiência (PCD) são um "público enorme, leal e engajado" que pode voltar a alavancar assinaturas no streaming e ingressos de cinema, mas continua a ser mal atendida pelo setor audiovisual.

19 jul 2024 - 14h40
(atualizado às 15h44)
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Com o sucesso em Hollywood, Sônia abriu caminho para outros brasileiros que desejavam um espaço no cinema americano. Veja outros atores que alcançaram essa conquista.
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Foto: Divulgação / Pixabay / Flipar

Hollywood luta contra o público baixo e várias opções de streaming, mas o setor está negligenciando uma fatia demográfica que poderia impulsar a venda de ingressos e assinantes digitais: as pessoas com deficiência.

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Um novo relatório da Inevitable Foundation mostra que as pessoas com deficiência são um "público enorme, leal e engajado", mas que continua a ser mal atendido pelo setor audiovisual.

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"Como é possível que o maior grupo minoritário dos Estados Unidos seja o mais invisível?", perguntou o presidente da Inevitable, Richie Siegel, em uma entrevista. "Essa é uma enorme oportunidade comercial e um mercado inexplorado que está sendo ignorado pelo setor."

A Inevitable Foundation, que oferece bolsas de estudo para escritores e cineastas com deficiência, fez uma pesquisa com 1.000 pessoas, metade com deficiência e metade sem deficiência, e descobriu que 66% do público está insatisfeito com as representações atuais da deficiência e da saúde mental no cinema e na TV.

O Greenlight Disability Report, divulgado na quarta-feira, 17, também constatou que o público com deficiência assiste mais à TV do que o público sem deficiência, sugerindo que as histórias com representação mais autênticas de PCDs gerarão maior envolvimento do espectador.

A baixa frequência nos cinemas, as perdas contínuas em streaming e os efeitos persistentes das greves de atores e roteiristas no ano passado levaram a uma redução nos gastos com cinema e TV em Hollywood.

Os esforços de diversidade e inclusão, que estão estagnados em muitos setores desde 2022, de acordo com pesquisa da Glassdoor, geralmente estão entre os primeiros a serem cortados. Mas priorizar a diversidade pode ser benéfico para os resultados financeiros de Hollywood.

Cerca de 27% dos adultos nos EUA têm algum tipo de deficiência, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças. Mas esse grupo representa apenas 4,7% dos atores de filmes em streaming e 7,1% dos atores de filmes teatrais, conforme o Relatório de Diversidade de Hollywood da UCLA de 2024.

O recente sucesso de bilheteria de Bad Boys: Até o Fim, que apresenta dois protagonistas negros, sugere que o público irá aos cinemas para ver uma maior variedade de representação nos filmes de grande sucesso de bilheteria de Hollywood.

Os jovens, em especial, querem ver mais filmes que representem a diversidade da população dos EUA, disse Ana-Christina Ramon, psicóloga social e coautora do relatório da UCLA.

"Esse é o momento definitivo em que um historiador pode olhar para trás e identificar onde pode ocorrer uma mudança", disse Ramon em uma entrevista. "Qualquer estúdio que se empenhe em entender o público principal, os jovens, terá imenso sucesso".

Filme original de 2022 da Netflix, Já Fui Famoso apresentou Leo Long, um ator neurodivergente, no papel principal de um jovem baterista autista talentoso. O filme teve uma pontuação de público de 84% no Rotten Tomatoes e alcançou o 4º lugar entre os filmes em inglês mais assistidos da Netflix uma semana após seu lançamento.

A Access All Areas, uma empresa de produção sediada no Reino Unido que atende artistas autistas e com dificuldades de aprendizagem, apoiou Long com sessões de treinamento de atuação e bateria durante toda a produção.

Nick Llewellyn, diretor artístico da produtora, atribuiu parte do sucesso do filme à honestidade da atuação de Long.

"Acho que as pessoas viram sua verdade e sua vulnerabilidade, em vez de ser algo em que você se sente constrangido como público", disse Llewellyn. "Acho que o público de hoje está interessado em se conectar com a verdade e a individualidade em um nível de humano para humano."

Êxodo da diversidade

O êxodo de líderes mulheres negras no verão passado, muitas das quais lideravam iniciativas de DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) em grandes empresas de produção de Hollywood e instituições, incluindo Warner Bros. Discovery Inc. e Walt Disney Co., levantou preocupações sobre o futuro da representação equitativa no cinema e na televisão. Algumas organizações focadas em esforços de diversidade na indústria sentiram diretamente o impacto do declínio nos investimentos em DEI em Hollywood.

Um desses grupos é o Creative Futures Collective, que encontra oportunidades no setor de entretenimento para aqueles que vêm de origens sub-representadas e marginalizadas. O cofundador Jai Al-Attas disse que notou que as empresas buscaram esforços de diversidade imediatamente após a morte de George Floyd, mas no final de 2022 muitas empresas haviam se afastado dessas iniciativas.

'Bad Boys: Até o Fim' demonstra que longas com diversidade rendem mais interesse e, consequentemente, ingressos e assinaturas
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Foto: Divulgação/Universal / Estadão

"Tínhamos acordos com corporações que eram negócios fechados, e então elas se tornaram fantasmas", disse Al-Attas em uma entrevista. "Obviamente, ninguém veio a público e disse que a diversidade não é mais uma prioridade da empresa - eles sempre culpam as condições do mercado".

A Inevitable Foundation também foi impactada pelas contrações do setor.

"Quando começamos em 2021, tivemos um sólido sucesso em conseguir estúdios e streamers para o trabalho", disse Siegel. "Nos últimos dois anos, descobri que a Netflix é a única empresa que financiou esses tipos de projetos, enquanto praticamente todas as outras empresas do setor se retraíram".

À medida que o setor cinematográfico examina os orçamentos e se torna mais criterioso com relação aos filmes que produz, Siegel argumenta que investir em esforços de representação poderia ajudar a remediar os problemas de Hollywood.

"Todo mundo está lutando por lucratividade e atenção, por que não olhar para esse público que não é explorado e não é atendido?", perguntou ele.

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Estadão
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