Conheça a cinebiografia baseada na história intensa de Whitney Houston
'I Wanna Dance With Somebody' expõe os anseios e as frustrações de uma das maiores cantoras norte-americanas.
Existem momentos interessantes e até fortes no longa que conta a história de Whitney Houston - 'I Wanna Dance With Somebody'. A mãe, Cyssy/Tamara Tunie, fingindo estar impossibilitada de cantar e forçando a filha (vivida por Naomi Ackie), a tomar seu lugar no show, ao perceber a presença, na plateia, do empresário Clive Davis (Stanley Tucci), notório descobridor de talentos. Whitney, convidada a cantar o hino americano na abertura do Super Bowl, adota um andamento lento. O hino sai das suas entranhas. Whitney no show em homenagem a Nelson Mandela, levando a multidão ao delírio. E Whitney, disposta como está a fazer cinema, descartando o roteiro que Davis lhe oferece – 'O Guarda-Costas' – para catar o script do chão, ao saber que quem lhe propõe o papel é o astro Kevin Costner.
São momentos emblemáticos de uma vida que foi intensa e terminou precocemente, aos 48 anos, em um acidente doméstico – Whitney morreu em 2012 por afogamento na própria banheira, em conexão com as drogas de que era dependente. O roteiro de Anthony McCarten, de 'Bohemian Rhapsody', e a direção de Kasi Lemmons tentam dar conta de tudo. Da questão racial, da sexual. A música de Whitney não é considerada negra o suficiente e ela se vangloria, como cantora, de fazer o crossover. A negra aceita pelo público branco e que vira ícone do público preto. A bissexualidade. Ao mesmo tempo que se relacionava com sua assistente Robyn, Whitney tinha aquele desejo por um lar, uma família tradicional. Sua relação com o rapper Bobby Brown (que será interpretado por Ashton Sanders) era abusiva, como já era a que tinha com o pai empresário.
Quando decide fazer filmes, Whitney está em casa, vendo TV. O filme é 'Ama-me ou Esquece-me', de Charles Vidor, de 1954. A história da cantora Ruth Etting e de sua ligação com o violento gângster Martin Snyder. Doris Day e James Cagney. Os modelos da dupla McCarten e Lemmons são os dramas musicais tradicionais.
No topo
Ascensão, apogeu e decadência. Não chega a ser ruim, mas dada a complexidade da personagem, fica aquém, no já visto. Whitney tinha aquele vozeirão. Bateu recordes dos Beatles e permanece até hoje no topo das paradas de sucesso. Ninguém foi tantas vezes para o primeiro lugar, nem Michael Jackson venceu tantos prêmios como ela numa única noite do Music Awards.
O problema é que dinheiro e sucesso não compensam. Muito importante – Naomi Ackie não canta, apenas dubla a voz potente de Whitney. Tamara, a mãe, é melhor do que ela. E, sim, 'I'll Always Love You' volta como motivo recorrente. A inclusão da música na trilha de 'O Guarda-Costas' foi ideia de Kevin Costner. Virou o hino de Whitney. A mulher que queria amar não reconhecia o afeto de quem gostava dela de verdade. Como em tantas figuras públicas – e privadas – a maior inimiga de Whitney foi ela mesma.
