Crítica A História da Minha Mulher | Filme é lento e apático demais para agradar
A História da Minha Mulher chega aos cinemas no dia 15 de junho e, infelizmente, traz uma história morna e um pouco apática apesar da bela fotografia.
Assinado pela cineasta húngara e vencedora do Urso de Ouro de Berlim, Ildikó Enyedi, o drama A História da Minha Mulher tem quase três oras de duração e mostra por que Ildikó não conseguiu, neste longa, o mesmo êxito que o fez ganhar o prêmio por Corpo e Alma em 2017.
A verdade é que o filme tem, de fato, uma sinopse interessante, mas se perde na sua própria narrativa, tornando-se morno e apático demais para prender a atenção de qualquer audiência possível.
Baseado no romance homônimo do escritor húngaro Milán Füst, a trama acompanha Jacob Störr (Gijs Naber), um capitão naval que está sendo corroído pela azia e solidão e que, aconselhado por um amigo, decide se casar.
Com isso em mente, ele se reúne com o charlatão Kodor (Sergio Rubini), seu outro amigo de longa data, em um restaurante qualquer. É lá que ele decide que se casará com a primeira mulher que entrar no local. E quem é essa mulher? A bela e inconstante Lizzy, vivida por Léa Seydoux, que coleciona em seu currículo obras como Azul é a Cor Mais Quente e 007- Sem Tempo Para Morrer.
Com uma pitada de comédia, esse momento se torna risível e ainda mais surpreendente quando a jovem diz "sim" para o, até então, desconhecido homem que está à sua frente.
A partir daí, inicia-se uma história de amor que mais parece um jogo de gato e rato, onde um caça no outro motivos para insegurança, ansiedade e traição. Aliás a traição é praticamente o fio condutor da trama, mas a narrativa não ganha força suficiente para instigar no público qualquer curiosidade sequer.
Isso porque boa parte da história do longa fica nas entrelinhas e é contada mais pela belíssima fotografia do que pelos diálogos. Porém, faz falta que mais informações apareçam em cena. Apesar do título, não chegamos a descobrir de fato qual é a história da mulher de Jacob, nem porque ela aceitou se casar com ele tão rapidamente.
Outra trama que é um tanto quanto mal desenvolvida é o quarteto amoroso que se forma com a entrada de Dedin (Louis Garrel) e Grete (Luna Wedler). Apesar de bons atores, seus coadjuvantes ficam pelo meio do caminho, servindo apenas como apoio para as rixas dos protagonistas.
Elenco cativante, mas com barreira idiomática
Por falar nos atores, podemos dizer que A História da Minha Mulher acertou em cheio na escolha do elenco. Tanto os coadjuvantes como, por exemplo, Kodor e o detetive (vivido por Udo Samel) e os dois citados acima agradam, assim como os protagonistas.
Gijs Naber, que vive Jacob — e tem em seu currículo Judas e Fiéis —, forma uma boa dupla com Léa, demonstrando química tanto nas cenas amorosas e sexuais quanto nas de briga. A barreira idiomática, no entanto, não passa despercebida. Por ser um elenco multicultural, o inglês foi eleito como o idioma padrão, mas fica nítido que ele não consegue suportar a paixão que alguns diálogos pedem. Fato que pode desagradar alguns espectadores, mas não estraga a experiência no geral.
E se os diálogos às vezes deixam a desejar, a fotografia não decepciona em momento algum. Comandada pelo diretor de fotografia Marcell Rév, de Euphoria, as imagens são de encher os olhos e fazem do longa uma bela obra de arte.
Um filme que tenta ser vários e acaba sendo comum
Voltando aos problemas, no entanto, o que mais incomoda em A História da Minha Mulher é que o filme tenta se aventurar em vários estilos ao mesmo tempo. É dramático, cômico, satírico e até sobrenatural no desfecho, mas não foca no que mais importa: o desenvolvimento do enredo, se tornando uma história circular que corre atrás do próprio rabo.
Não é de todo ruim, é claro! E com belas imagens conta quase uma fábula sobre como nasce e morre o amor, mas poderia ser melhor, e é essa a principal sensação que fica em quem está assistindo.
Ainda assim, vale uma chance se você estiver com tempo e disposição. Lembrando que o filme estreia nos cinemas de todo o Brasil no dia 15 de junho.
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