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Ela ganhou o Oscar aos 10 anos, entrou em coma após overdose e quase morreu: A triste história de Tatum O'Neal

Estrela de "Lua de Papel" ao lado do pai em 1973, Tatum O'Neal teve uma infância e uma adolescência de abusos e negligência.

28 jun 2024 - 15h10
(atualizado às 18h40)
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Tatum O'Neal, vencedora do Oscar aos 10 anos, em 1974
Tatum O'Neal, vencedora do Oscar aos 10 anos, em 1974
Foto: Reprodução/IMDb

Aos 10 anos, em 1974, a atriz americana Tatum O'Neal quebrou um recorde que até hoje ninguém mais alcançou: ela é dona do título de atriz mais jovem da história a vencer o Oscar. Na comédia dramática "Lua de Papel", dirigida pelo renomado Peter Bogdanovich, ela interpreta Addie Loggins, uma órfã filha de uma prostituta que embarca em uma aventura com o trambiqueiro Moses Pray (Ryan O'Neal, pai de Tatum).

Com quatro indicações no Oscar de 1974 (duas de melhor atriz coadjuvante, melhor roteiro adaptado e melhor som), o longa faturou a estatueta em melhor atriz coadjuvante, prêmio que Tatum disputava com Madeline Kahn, também por "Lua de Papel", Linda Blair ("O Exorcista"), Candy Clark ("Loucuras de Verão") e Sylvia Sidney ("Lembranças").

Tatum tinha apenas oito anos quando gravou o filme, e 10 quando venceu a premiação e entrou para a história. Na ocasião, muito se discutiu a respeito de uma possível fraude, com muitos argumentando que O'Neal deveria ter concorrido na categoria principal, de melhor atriz, ao invés da categoria de coadjuvante. Mesmo assim, trata-se de uma vitória que passou no teste do tempo. Até hoje, o filme que é ambientado durante a Grande Depressão no estado do Kansas é um dos longas mais queridos e estimados dos anos 70, por retratar de forma inquietante o período em questão.

Ryan e Tatum O'Neal em Lua de Papel
Ryan e Tatum O'Neal em Lua de Papel
Foto: Reprodução/IMDb

Desde então, a vida de Tatum não foi exatamente um mar de rosas. Em seu livro de memórias "A Paper Life", lançado em 2001, ela detalha as turbulências da vida pessoal, que envolveu negligência parental e abusos emocionais e físicos. Ela conta que a indicação ao Oscar não foi um momento feliz, muito pelo contrário. Segundo ela, seu pai ficou extremamente ressentido pela aclamação recebida pela filha, e que a inveja dele ficou "incontrolável" ao longo da temporada de premiações.

O'Neal diz não se lembrar do anúncio das indicações, mas teria sido informada posteriormente que levou um soco do próprio pai quando ele viu que ela foi indicada e ele não. “Para uma criança já obcecada em perder o pai, que vivia aterrorizada, acreditando que o amor dele estava se esvaindo, isso teria sido muito doloroso de processar. Se eu bloqueei, não é de admirar,” justificou, ao falar sobre não se recordar do momento. 

No dia da premiação, as coisas também não foram muito melhores. Seu pai, que estava na Inglaterra para as filmagens de "Barry Lyndon", de Stanley Kubrick, decidiu não a acompanhar. Sua mãe, a atriz Joanna Moore, já havia sucumbido ao vício de anfetamina e desaparecido dos holofotes. A menina foi apenas com os avós, e fez um breve discurso, que não havia preparado: "Quero agradecer ao meu diretor, Peter Bogdanovich, e ao meu pai. Muito obrigada."

Veja, abaixo, o momento da premiação.

No livro, ela descreve o sentimento de subir ao palco da cerimônia, que na época era sediada no Dorothy Chandler Pavilion: "O sentimento com o qual eu associo vencer o Oscar é uma tristeza profunda por ter sido abandonada por meus pais - os dois, já que minha mãe permaneceu em silêncio - mais uma vez" (via The Independent).

A relação com o pai nunca foi consertada, e a carreira de Tatum também nunca deslanchou de fato. Ela relata ter sido vítima de abuso psicológico e sexual na infância e na adolescência. "Quando os seus pais estão ausentes, bebendo ou se drogando, eles não estão vigiando o que acontece com os filhos. Eu sofri abuso, emocional e sexual, por anos", contou em 2018, em publicação no Instagram. Segundo ela, amigos do pai, o então namorado da mãe e até um amigo da família estão entre os abusadores.

Em virtude da negligência parental, Tatum e seu irmão, Griffin, também acabaram desenvolvendo vício, algo que ela mesma admite na biografia. "Minha mãe permaneceu bêbada por anos, anos e anos, e isso não terminava nunca", contou em entrevista à NBC News. "Desde quando éramos bem novinhos, a negligência nunca acabou." Segundo ela, a mãe a deixava sozinha com homens desconhecidos constantemente.

Os relatos de abuso foram negados pelo pai, mas em uma série documental de 2011 que mostrou uma tentativa falha de reconciliação entre os dois, ele tenta justificar o sentimento de abandono da filha e atribui a situação a "Lua de Papel". "O diretor insistia que meu personagem, Moses, não pensasse nem por um segundo que aquela era a minha filha. Ele queria garantir que eu não pensasse nela como minha filha. E talvez esse sentimento nunca foi embora."

A história trágica culmina em 2020, quando Tatum sofreu um AVC causado pela overdose de um medicamento. Ela ficou em coma e chegou à beira da morte após uma parada cardíaca e uma série de convulsões. Tatum acordou depois de mais de um mês, precisou reaprender a falar e foi recuperando os sentidos pouco a pouco.

Na imagem acima, Tatum posa com uma das filhas, Emily McEnroe, do casamento com John McEnroe.

A relação fria e distante com o pai permaneceu até o fim -- ele morreu em dezembro de 2023, por insuficiência cardíaca após anos enfrentando uma miocardiopatia. Em entrevista concedida ao The Hollywood Reporter alguns meses antes, e publicada em julho do ano passado, ela disse que não via o pai há três anos. "Meu pai e eu vamos conversar, só conversar, e eu espero que dê certo", torceu. "Acho que ele melhorou um pouco. Ele é um homem incrível e eu sinto falta dele", confessou, dizendo que, apesar da relação difícil, ainda o amava.

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Fonte: Redação Entre Telas
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