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'Emilia Pérez' e 'O Brutalista' usaram inteligência artificial em vozes de atores; entenda polêmica

Longas utilizaram software ucraniano para afinar voz e modificar o sotaque dos protagonistas

20 jan 2025 - 16h37
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Os longas Emilia Pérez e O Brutalista, que venceram o Globo de Ouro de Melhor Filme em suas respectivas categorias, estão sendo bastante criticados por utilizarem inteligência artificial para modificar as vozes dos atores que participaram da produção. Ambos os filmes são fortes candidatos ao Oscar, mas a polêmica com a nova tecnologia pode impactar as chances de vitória das obras.

O longa "O Brutalista", de Brady Corbet, venceu três Globos de Ouro.
O longa "O Brutalista", de Brady Corbet, venceu três Globos de Ouro.
Foto: Divulgação/A24 / Estadão

Na pós-produção de ambos os longas, foi utilizado o software ucraniano Respeecher — um aplicativo que modula a voz de pessoas por meio de IA generativa. No caso do filme dirigido por Brady Cobert, as alterações nas vozes de Adrien Brody e Felicity Jones — que protagonizam o longa — foram feitas para que os sotaques húngaros dos personagens soassem o mais próximo possível da fala nativa. Já no musical francês, a tecnologia foi utilizada para afinar a voz de Karla Sofía Gascón, protagonista do filme de Jacques Audiard.

Em entrevista ao site RedSharkNews, o editor de produção de O Brutalista justificou o uso da tecnologia. "Sou um falante nativo de húngaro e sei que é uma das línguas mais difíceis de aprender a pronunciação correta," afirmou Dávid Jancsó na reportagem. "Se você fala uma língua anglo-saxã, certos sons podem ser difíceis de pronunciar". Apesar de ter origem húngara, Brody nasceu nos Estados Unidos. Já Jones é britânica. Ambos os atores aceitaram que suas vozes fossem modificadas pela ferramenta.

No longa, eles interpretam um casal húngaro de sobreviventes do Holocausto que se muda para os Estados Unidos. A maior parte dos diálogos do filme é falada em húngaro. De acordo com Jancsó, a produção do longa tentou outros métodos — como dublagem e edição de áudio —, mas os resultados não foram satisfatórios ou rápidos o suficiente. "Fomos muito cuidadosos para manter as performances intactas. Na realidade, é só substituir algumas letras aqui e ali", descreveu o editor, que não enxerga tal processo como uma atividade criativa.

"Se tornou controverso falar sobre IA na indústria cinematográfica, mas não deveria ser", disse Jancsó. "Deveríamos ter uma discussão honesta sobre o que a IA pode nos oferecer. Não há nada no filme que use IA que não tenha sido feito antes, a tecnologia só torna o processo muito mais rápido. Usamos a IA para criar os pequenos detalhes que não tínhamos o dinheiro ou o tempo para filmar."

No caso de Emilia Pérez, a correção de voz só foi utilizada na atriz espanhola Karla Sofía Gascón. Outros nomes do elenco, como Zoe Saldaña, Adriana Paz e Selena Gomez não precisaram ter a performance alterada. "O caso de Karla Sofía foi mais complicado", afirmou o técnico de som do filme, Cyril Holtz, em entrevista ao portal CST.

"Havia partes muito difíceis, principalmente porque ela já havia feito a transição [de gênero] e algumas notas vocais não eram mais alcançáveis", comentou. Karla, que é uma mulher trans, interpreta uma chefe de um cartel mexicano que deseja fazer uma cirurgia de redesignação de gênero. "A personagem passa por uma transição de gênero, o que tonou tudo ainda mais desafiador. Mesmo adaptando as melodias e a tessitura, era muito difícil para ela", revelou.

O longa "O Brutalista", de Brady Corbet, venceu três Globos de Ouro.
O longa "O Brutalista", de Brady Corbet, venceu três Globos de Ouro.
Foto: Divulgação/A24 / Estadão
Estadão
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