James Cameron vê similaridades entre desastre do Titanic e submersível que implodiu
O diretor confessou estar chocado com o recente caso do submarino.
James Cameron, o diretor de 'Titanic' e da franquia 'Avatar', confessou estar chocado com o recente caso do submarino que implodiu em uma expedição ao verdadeiro navio naufragado no Oceano Atlântico. Em entrevista ao jornal americano ABC News, o diretor comparou a tragédia com o desastre de 1912.
"Estou chocado com a semelhança com o desastre do Titanic em si, no qual o capitão foi repetidamente avisado sobre o gelo à frente de seu navio, e no entanto continuou a toda velocidade em um campo de gelo", declarou.
O Titanic está localizado a cerca de 3.800 metros de profundidade ao Norte do Oceano Atlântico, na costa de Newfoundland, no Canadá. A tragédia aconteceu após a embarcação colidir com um iceberg no ano de 1912. Nas telonas, a história foi retratada por Cameron no longa de 1998, estrelado por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet.
Diretor visitou o Titanic 33 vezes
Interessado em explorar os detalhes da história, o diretor já visitou os destroços do navio 33 vezes. Inclusive, imagens gravadas durante suas expedições fizeram parte de seu documentário 'Fantasmas do Abismo', lançado em 2003. A produção levou Cameron, o ator Bill Paxton e outros membros do elenco de 'Titanic' para visitar o navio naufragado.
Ao longo dos anos, o cineasta acumulou experiências nas viagens marítimas rumo as profundezas. Em 2014, ele foi com um submersível em uma expedição à Fossa das Marianas, considerado o local mais profundo do oceano, a quase 11 mil metros abaixo da superfície.
"Como um desenvolvedor de submersíveis, eu mesmo desenhei e construí um submersível, para ir ao local mais profundo do oceano, três vezes mais fundo que o Titanic, então eu entendo os problemas de engenharia associados com a construção desse tipo de veículo", afirmou.
Tragédia anunciada
Sobre a tragédia do submarino da Ocean Gate, que resultou na morte dos cinco tribulantes, o diretor apontou o teor amador da expedição. "Muitas pessoas da comunidade estavam preocupadas com este submarino e até escreveram cartas à empresa dizendo que o que eles estavam fazendo era muito experimental e que precisava de certificação".
A embarcação desapareceu no Oceano Atlântico no último domingo (18), quando perdeu contato com a superfície apenas 1 hora e 45 minutos após começar a descer em direção ao Titanic. A viagem reuniu quatro passageiros e um piloto. O caso repercutiu na mídia pelo aspecto improvisado dos equipamentos, como o controle similar a um console de videogame e a comunicação com a superfície por meio de mensagens.
Após dias realizando as buscas, a Guarda Costeira dos Estados Unidos declarou na última quinta-feira (22) que o submarino implodiu e todos que estavam a bordo morreram. Os representantes da equipe de resgate declararam que as investigações ainda vão continuar para identificar os detalhes da tragédia.
Cameron conhecia um dos tripulantes
Durante a entrevista para a ABC News, Cameron ainda revelou que era próximo de uma das vítimas. "Paul-Henry Nargeolet, o lendário piloto francês, é um amigo meu", falou. "É uma comunidade muito pequena. Eu o conheço há 25 anos. Que ele tenha morrido dessa forma trágica é quase impossível de processar".
A Ocean Gate começou a fazer expedições aos destroços do Titanic em 2019 com o ingresso para a experiência custando US$ 250 mil (R$ 1,19 milhão) por pessoa. A empresa lamentou a morte dos tripulantes. "Esses homens eram verdadeiros exploradores. Nós lamentamos a perda de vida e a alegria que eles trouxeram a todos que conheceram", declarou em comunicado.