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Julgamento de Harvey Weinstein se inicia e pena pode chegar a 140 anos

Ex-produtor de cinema é sentenciado por cometer inúmeras agressões sexuais contra mulheres.

11 out 2022 - 07h39
(atualizado às 10h53)
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Foto: Etienne Laurent/Pool/AFP

Começou em Los Angeles nesta segunda-feira, 10, a seleção do júri para o julgamento do ex-produtor de cinema Harvey Weinstein, no qual espera-se que cinco supostas vítimas de agressão sexual testemunhem.

Weinstein cumpre atualmente uma sentença de 23 anos de prisão em Nova York, após ser condenado por uma série de agressões sexuais.

O produtor de 70 anos enfrenta 11 outras acusações, incluindo estupro e sexo oral forçado contra mulheres em hotéis em Beverly Hills e Los Angeles entre 2004 e 2013. O julgamento deve durar cerca de dois meses.

Ele chegou nesta segunda ao tribunal de Los Angeles em cadeira de rodas, vestindo um terno azul escuro e gravata azul clara. Ele deve comparecer em juízo nos próximos dois meses.

A seleção do júri, que poderia demorar uma semana, começou sob supervisão da juíza Lisa Lench.

Em caso de condenação, o magnata do cinema – que se declarou inocente de todas as acusações – poderia ser sentenciado a mais 140 anos atrás das grades.

Uma multidão de jornalistas se aglomerou em frente à corte do centro de Los Angeles, onde o poderoso produtor de Hollywood foi obrigado a comparecer.

As acusações de assédio e abuso sexual contra Weinstein se tornaram públicas em outubro de 2017. Sua condenação em Nova York no ano de 2020 foi um marco para o movimento #MeToo.

Em junho, Weinstein foi derrotado na tentativa de reverter estas condenações para crimes sexuais. Também foi acusado, separadamente, por promotores britânicos de um ataque ao pudor contra uma mulher em Londres em 1996.

No total, cerca de 90 mulheres, incluindo atrizes como Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Salma Hayek, acusaram Weinstein de agressão ou assédio sexual.

O jornal Los Angeles Times citou nesta segunda-feira, Mark Werksman, advogado de Weinstein, que revelou que famosos testemunharão no julgamento.

"O público reconhecerá algumas dessas vítimas. Algumas dessas mulheres podem ser vistas em filmes, em campanhas de publicidade, tiveram sucesso como atrizes e modelos", declarou o advogado ao jornal.

O Los Angeles Times afirma que uma das cinco demandantes, chamadas de "Jane Doe", para terem os verdadeiros nomes preservados, seria Jennifer Siebel Newson, esposa do governador da Califórnia, Gavin Newsom.

"Como muitas outras mulheres, minha cliente foi agredida sexualmente por Harvey Weinstein durante uma suposta reunião de negócios que acabou sendo uma cilada", declarou ao jornal a advogada de Siebel Newson, Elizabeth Fegan. "Ela pretende testemunhar neste julgamento para encontrar alguma medida de justiça para as sobreviventes e como parte do trabalho de sua vida para melhorar a vida das mulheres".

Newson descreveu o comportamento de Weinstein em um texto publicado em 2017, mas não deu detalhes sobre as supostas agressões.

Weinstein afirma que todos os encontros sexuais foram consentidos. Seu advogado disse aos jornalistas que as acusações apresentadas em Los Angeles "são de muitos anos atrás" e não podem "ser corroboradas por evidência forense" ou "testemunhos críveis".

Enquanto isso, o filme Ela Disse estreia no Festival de Cinema de Nova York. A produção aborda a investigação jornalística de 2017 sobre Weinstein que resultou na queda de seu império cinematográfico.

Antes de ser alvo dessas denúncias, Harvey e seu irmão, Bob Weinstein, estavam entre os produtores mais poderosos de Hollywood.

Juntos fundaram a Miramax Films, uma empresa de produção e distribuição criada em 1979 e cujo nome é uma homenagem à mãe Miriam e ao pai Max. A empresa foi adquirida pela Disney em 1993.

Entre os sucessos produzidos pela Miramax está Shakespeare Apaixonado, de 1998, pelo qual Weinstein ganhou um Oscar de melhor filme. Ao longo dos anos, suas produções receberam mais de 300 indicações ao maior prêmio do cinema e 81 estatuetas. / AFP

Estadão
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