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Mostra de Cinema de São Paulo 2024: 400 filmes, Maria Callas, cinema palestino e israelense e mais

Entre os principais destaques, além da cinebiografia da cantora, interpretada por Angelina Jolie, estão filmes como 'O Brutalista', 'Anora' e 'Ainda Estou Aqui'; festival faz retrospectiva do cinema indiano e de Marcello Mastroianni e abraça temas políticos e urgentes

5 out 2024 - 13h10
(atualizado em 7/10/2024 às 12h44)
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Angelina Jolie interpreta a lenda da ópera Maria Callas no longa 'Maria', de Pablo Larraín
Angelina Jolie interpreta a lenda da ópera Maria Callas no longa 'Maria', de Pablo Larraín
Foto: Fábula Pictures/Divulgação / Estadão

"Olha, vou te dizer uma coisa, eu estou meio assustada este ano, porque a Mostra está muito grande". É assim que começa a conversa com Renata Almeida, diretora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que abre sua 48ª no dia 17 de outubro. Segundo ela, já são quase 400 filmes selecionados na programação, que segue até o dia 30.

"Para mim é assustador, porque o orçamento é um problema enorme. Estou aqui me chicoteando por ter deixado isso acontecer. Mas é o que acontece quando se trabalha com paixão, né?", diz Renata, que deixa escapar uma ponta de orgulho ao falar sobre os filmes selecionados. "Quando a seleção de filmes já está fechada, você pensa 'já deu', mas aí aparecem filmes que você adora e que não pode deixar de fora. Não tem o que fazer."

Em 2023, a Mostra atingiu a marca de 360 filmes.

A Mostra ainda vai fazer uma pequena retrospectiva de Marcello Mastroianni, com sete diretores de sete países mostrando a versatilidade do ator - e com o novo filme Marcello Mio também na programação.

Por fim, como já virou tradição, o evento vai trazer uma série de filmes brasileiros restaurados para a telona. Um exemplo é a pornochanchada Onda Nova, "um filme que os censores da Ditadura nem souberam bem o que censurar".

Política e formação de público

Um ponto importante que Renata destaca, para além desses grandes destaques da programação, está na importância da Mostra como espaço para pensar, refletir e debater sobre o que está acontecendo fora das salas de cinema, dialogando com o mundo.

"Temos vários filmes sobre o Oriente Médio", diz Renata. Dentre os filmes selecionados, Gazan Tales, do palestino Mahmoud Nabil Ahmed, Happy Holidays, do palestino Scandar Copti, Israel Palestina na TV Sueca 1958-1989, do sueco Göran Olsson, A Lista, da iraniana Hana Makhmalbaf, No Other Land, do palestino Basel Adra, o libanês Green Line, de Sylvie Ballyot, Por Que a Guerra? e Shikun, ambos do diretor israelense Amos Gitaï.

Renata, aliás, diz que não tem problema de tocar em temas políticos. Para ela, é dever de um festival como a Mostra não só falar sobre política, mas cutucar o espectador a debater.

"Isso que o Festival de Cannes fez, de dizer que não precisa falar sobre política, é uma bobagem", diz. "Não pode ter medo da polêmica, da discussão. A gente precisa reaprender a conversar sobre as coisas sem querer anular o outro completamente, sem demonizar o outro. Precisamos reaprender o diálogo. Mesmo que alguém se exalte em uma discussão, o treino da convivência é essencial. Se dissermos que o festival não pode falar de política… Como isso? O festival é político, tem que ser político. O medo da polêmica não pode existir".

Estadão
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