Mulheres são minoria na direção dos principais filmes de 2024, apesar de fenômeno 'A Substância'
Pesquisa da San Diego State University mostrou que mulheres foram diretoras de apenas 16% dos 250 maiores filmes do ano passado; estudo é o mais longevo da representação feminina nos bastidores de produções dos EUA
Um dos filmes que mais chamaram a atenção no ano foi dirigido por uma mulher. Coralie Fargeat é a diretora responsável pelo fenômeno A Substância, sucesso nos cinemas que abusa do body horror e colocou Coralie na disputa pelo Globo de Ouro de melhor direção no próximo domingo, 5.
A diretora de A Substância divide a categoria com apenas outra mulher, Payal Kapadia, de Tudo Que Imaginamos Como Luz. Coralie e Halina Reijn, de Babygirl, representam uma parcela mínima das diretoras que comandaram os 250 principais filmes de 2024.
Um estudo feito todos os anos pela San Diego State University, "The Celluloid Ceiling", apontou que as mulheres foram responsáveis pela direção de apenas 16% dos filmes de maior bilheteria do ano que terminou recentemente. A pesquisa é a mais abrangente e longeva sobre a representação feminina nos bastidores de produções nos Estados Unidos e já se estende por 27 anos.
A expectativa para que as mulheres estivessem mais à frente dos maiores filmes do ano era alta, especialmente pelo gigante sucesso de Barbie, dirigido por Greta Gerwig, em 2023. No mesmo ano, o cinema viu outros longas bem-sucedidos, como Anatomia de uma Queda, de Justine Triet - que estreou em janeiro de 2024 no Brasil.
O número de mulheres que dirigiram os 100 maiores filmes do ano enfrentou uma pequena queda em comparação a 2023, segundo o estudo. No ano passado, 11% dos 100 longas de maior bilheteria tiveram diretoras. No ano anterior, a porcentagem era de 14%.
Em 2024, 70% dos filmes empregaram 10 ou mais homens em papéis essenciais de bastidores de filme. A porcentagem de 10 ou mais mulheres que ocuparam a mesma função foi de 8%.
O estudo observa que filmes lançados no ano passado, como O Dublê, Tudo em Família e MaXXXine resumiram a forma como a sociedade ainda enxerga mulheres diretoras de produções do cinema. Neles, as narrativas das diretoras da trama eram cercadas de fragilidade e uma necessidade de auxílio de um terceiro - especialmente, de outros homens.
"Nestas narrativas, as diretoras fictícias precisavam ser salvas, requeriam ajuda para traduzir suas direções para um ator masculino que literalmente falava uma língua diferente, ou eram retratadas de maneira tão frágil pelos pensamentos de oportunidades futuras que eram percebidas como difíceis de trabalhar", afirma a pesquisa. "Cada uma dessas representações ofereceu um Teste de Rorschach de como vemos mulheres em posições de liderança."