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'Rivais': Silêncio de Zendaya fala alto em filme carregado de tensão e sedução

Cineasta Luca Guadagnino transforma o tênis em arte cinematográfica no longa em que triângulo amoroso é coadjuvante e só intensifica disputas entre atletas de alta performance; filme estreia em 25 de abril

24 abr 2024 - 20h36
(atualizado em 25/4/2024 às 09h35)
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Trio protagonista esbanja sensualidade e tensão em novo filme de Luca Guadagnino; Sem precisar, Zendaya reafirma maturidade cênica e dá aula de atuação silenciosa
Trio protagonista esbanja sensualidade e tensão em novo filme de Luca Guadagnino; Sem precisar, Zendaya reafirma maturidade cênica e dá aula de atuação silenciosa
Foto: MGM Studios/Divulgação / Estadão

Rivais é um filme sobre tenistas que tem muito pouco a ver com tênis. Aliás, uma das personagens até diz que uma partida de tênis quase não tem o esporte, e sim relacionamento entre os adversários. E é sobre isso o novo longa do cineasta Luca Guadagnino, com Zendaya, Josh O'Connor e Mike Faist.

Apesar de não ser nenhuma revolução, o longa que estreia nesta quinta-feira, 25, tem o condão de tornar excitante um esporte por vezes monótono. E Guadagnino aplica a própria visão usando da já desgastada fórmula do triângulo amoroso para arejar o formato com o roteiro de Justin Kuritzkes.

Desde o início é evidente que será por meio dos olhos, e não das mãos, a maneira de contar a trama da tenista prodígio Tashi (Zendaya), que vê a carreira desmoronar após uma lesão. Ela é casada e treinadora de Art (Mike Faist) — campeão em má fase — que era melhor amigo de Patrick (Josh O'Connor) — jogador fracassado que implora a ajuda da jovem.

Essa dinâmica é uma raquetada de tensão. Rivais arremessa o espectador para dentro da quadra de tênis, na qual os ex-amigos transbordam eletricidade em partidas entrecortadas. A narrativa não é linear, cheia de flashbacks que contextualizam e acrescentam à história.

Outra contribuição fundamental é a da trilha sonora. Frequentemente gerando sensações dissonantes, a música desempenha papel próprio em provocar incômodo na audiência. Quase como no início de Anatomia de Uma Queda, em que o rap parece — e está — propositalmente deslocado do lugar. Em Rivais, a sonoplastia por vezes desconectada da cena ajuda a criar a atmosfera de ruptura.

Corpos musculosos a favor da narrativa

Competição e decepções afastam amigos de infância em 'Rivais'
Competição e decepções afastam amigos de infância em 'Rivais'
Foto: Niko Tavernise/MGM Studios/Divulgação / Estadão

O ponto alto é uma ousadia do diretor, que joga os espectadores de um lado para o outro à mercê dos personagens, em uma sequência que condensa toda a vertigem, ansiedade, inquietação e expectativa que constituíram o filme. A construção da cena poderia ser um fracasso, mas a execução é extraordinária, num uso inteligentíssimo de efeitos visuais para criar imersão.

Embora nenhuma atuação seja excepcional, todos os três canalizam bem as emoções e dilemas das personagens, que se entranham nos músculos protuberantes e corpos suados. Zendaya, em particular, já mostrou versatilidade em papéis muito diferentes e agora oferece uma performance mais silenciosa.

Isso não significa menos impactante, ao contrário: ela expressa mistos de ódio, rancor, desconforto e resignação de forma mais potente do que se optasse pela exuberância. Ela está um tanto assim também em Duna 2, estreia do início deste ano. Em resumo: uma estrela no auge, aos 27 anos.

Os parceiros também brilham. O'Connor foi no passado o príncipe Charles em The Crown e aqui oferece um ardil que só o rancor, o desamparo — e a saudade — são capazes de provocar como combustível para motivação. Do outro lado, Faist transmite ao mesmo tempo o ímpeto e a indecisão, o cansaço e o tédio, esperados de um atleta no limite.

Diretor Luca Guadagnino consegue transformar tênis em esporte de explosão com trama carregada de conflitos
Diretor Luca Guadagnino consegue transformar tênis em esporte de explosão com trama carregada de conflitos
Foto: Warner Bros./Divulgação / Estadão

Intimidade e bom gosto

A exemplo de Me Chame Pelo Seu Nome, Guadagnino imprime a sensualidade como tônica, inclusive em doses sexuais. Para isso, a figura de "coordenador de intimidade" foi levada ao set, mas não para apimentar as coisas. A ideia era deixar os atores à vontade para fazer as cenas, o que os três expressaram em entrevistas ser uma boa ideia.

"Foi fantástico e muito útil, pois era importante que nos sentíssemos seguros. Conversei com meus colegas para que pudéssemos encontrar uma maneira de nos sentirmos à vontade", disse Zendaya à revista The Hollywood Reporter Roma. O resultado extravasa a tela pelo bom gosto das sequências mais quentes.

Interessante notar a quantidade de interações dos atores com objetos fálicos, no que vale como contraste à poderosa personagem de Zendaya. Embora o segundo trailer engane, supervalorizando-a como uma devoradora de homens — a música Maneater, de Nelly Furtado, é crucial para a peça de marketing —, é de fato ela que define a dinâmica do trio.

Um diálogo ficará marcado em você: "Eu te amo", "Eu sei."

Zendaya é a maior estrela do cinema atual e podemos provar Zendaya é a maior estrela do cinema atual e podemos provar

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