'Gladiador 2' oferece espetáculo visual bonito, mas vazio e distante do filme original
Sequência de Ridley Scott estrelada por Paul Mescal já está nos cinemas.
Quando estreou em 2000, "Gladiador" foi um marco no cinema mundial. O épico romano de Ridley Scott elevou a reputação de Russell Crowe e foi responsável por um renovado interesse na história da Roma antiga, além de ficar lembrado pelos efeitos visuais e pela trilha sonora igualmente impressionantes. 24 anos depois, a sequência que chega nesta quinta (14) aos cinemas brasileiros tenta replicar a importância do original, mas falha na missão diante de uma história sem fôlego.
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Estrelado por Paul Mescal, com Pedro Pascal, Denzel Washington, Joseph Quinn e Connie Nielsen entre o elenco principal, o longa segue a história de Lucius Verus (Mescal), agora adulto e bem distante do trono de imperador, forçado a entrar no Coliseu diante de uma Roma tirânica. Seguindo os passos do venerado herói Maximus, tanto o filme quanto o protagonista titubeiam em busca de um fio condutor forte o suficiente para justificar a produção, tentando não cair na armadilha fácil de repetir uma fórmula que já deu certo.
O que no início soam como ecos propositais que vão impulsionar a história de Lucius para um caminho diferente de Maximus se provam, na verdade, os efeitos de um roteiro preguiçoso que apenas imprime novamente os mesmos dilemas; do luto à escravização de um bravo guerreiro em busca de vingança, "Gladiador 2" se coloca convenientemente próximo ao filme original sem se preocupar em oferecer algo de novo na trajetória do herói.
Da mesma forma, algumas viradas essenciais para a evolução da narrativa são convenientes e bruscas, como se o simples fato de o público já ter noção que elas precisariam existir bastasse para justificar algo tão definitivo.
Paralelamente, Scott parece se encontrar nos momentos em que aceita que não será capaz de reprisar o simbolismo do longa original, ao menos não enquanto continuar insistindo em ideias convencionais e retrógradas envolvendo honra, legado e brutalidade. Ao invés de se desprender desses conceitos, no entanto, o cineasta abraça o exagero como uma forma de rir de si mesmo, e quem conseguir aceitar a galhofa como parte de uma crítica aos ímpetos de grandiosidade romana talvez também consiga se encantar com a energia empregada.
O diretor demonstra uma força e uma habilidade impressionantes ao operar uma história com um escopo tão grande, e em uma escala igualmente grandiosa. Por isso, o espetáculo visual compensa, ainda que o emprego de efeitos visuais e computação gráfica demonstrem que há certa dificuldade ali em lidar com o digital.
"Gladiador II" já está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil.