La Casa de Papel supera novos limites do absurdo na reta final (Crítica da 2ª parte)
Popular série espanhola promete seguir conquistando o público brasileiro na Netflix.
Nota: 4,0 / 5,0
É curioso ver como o povo brasileiro tem mania de abraçar certas coisas. La Casa de Papel causou grande repercussão nas redes sociais em sua primeira temporada e, se depender do rumo que a trama segue, promete repetir o feito na segunda metade. Originalmente exibida na Espanha em 15 episódios seguidos, a Netflix tomou a estranha decisão de dividir a trama em duas partes, reeditando em um novo número de capítulos. É algo essencial? Provavelmente não. Porém, não é algo que atrapalhe a experiência. E talvez até ajude alguns espectadores, já que a atração se baseia em grandes cliffhangers.
Em sua segunda parte, a trama continua acompanhando o ambicioso roubo na Casa da Moeda da Espanha. Mas, a medida que o tempo passa, as emoções de assaltantes, policiais e reféns estão chegando ao limite e decisões cada vez mais extremas são tomadas. E o bizarro relacionamento criado entre Professor (Álvaro Morte) e a detetive Raquel (Itziar Ituño) não ajuda a situação.
As reviravoltas mirabolantes continuam presentes nessa nova leva de capítulos, porém são os personagens (e as belas performances de seus intérpretes) que mantém a atenção do espectador. Afinal, é a torcida por seus preferidos que fazem essas surpresas serem tão importantes, mesmo quando você já as espera. Fugindo do estilo comum de protagonistas, Tóquio (Úrsula Corberó) segue tendo um papel fundamental. E não somente na condução da trama como narradora. Ela estrela, pelo menos, três sequências marcantes dessa segunda parte - a última, inclusive, ultrapassa limites de absurdo no maior estilo Velozes e Furiosos. Mas no bom sentido.
Se o relacionamento da moça com Rio (Miguel Herrán) ainda tem importância, é bom ver como outros personagens interessantes ganham destaque. Nairóbi (Alba Flores) e Berlim (Pedro Alonso) roubam todas as cenas em que aparecem e devem gerar as maiores reações dos espectadores. Por sua vez, o romance de Denver (Jaime Lorente Lopez) e Mónica (Esther Acebo) também vai chamar a atenção da torcida. É curioso pensar como o Professor planejou que o roubo perfeito seria sem laços, mas é justamente os relacionamentos entre os personagens que fizeram o público comprar essa história.
Porém, nem tudo são flores na Casa da Moeda. Se o desgaste emocional poderia gerar momentos interessantes dentro da instituição, qualquer trama envolvendo os reféns perde força diante dos assaltantes carismáticos. Até porque, quem precisa de mais Arturito (Enrique Arce) nessa vida, não é mesmo? Já o grande defeito da trama fica justamente no relacionamento entre Raquel e Professor, que culmina em decisões sem sentido e resultados dignos daqueles clichês ruins de novelas mexicanas.
Além de seus protagonistas carismáticos e poderosos, é o incrível trabalho de fotografia que salva La Casa de Papel de cair na breguice total. O uso de ângulos inusitados e o capricho no uso das cores vermelho e verde criam sequências belíssimas. Daquelas que dá vontade de tirar print e usar como capa de tela do computador. E, se o ritmo dos últimos episódios pode ser esticado demais, o final deve satisfazer os fãs dessa história.
Ou seja, se você é daqueles que não aguenta mais ver todo mundo te aconselhando a ver La Casa de Papel... Saiba que a popularidade dessa galera não vai acabar tão cedo!