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Lucas Cassales e Rafael Sieg falam sobre ‘Disforia’

Bastidores, sensações e detalhes da obra que explora uma experiência onírica do cinema de horror brasileiro, sem susto

26 jun 2020 - 09h00
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Podemos não estar em frente às telas do cinema. Mas com um pouco de comprometimento, cortinas fechadas, luzes apagadas, volume alto e a disforia vai chegar até você. Com um lançamento abreviado por conta do coronavírus, Disforia, o filme de Lucas Cassales (O Corpo) estreia no Net Now, Google Play, Itunes, Vivo Play, Looke, Youtube Filmes nesta sexta-feira, dia 26. 

Rafael Sieg em cena de Disforia, filme de Lucas Cassales (O Corpo)
Rafael Sieg em cena de Disforia, filme de Lucas Cassales (O Corpo)
Foto: Divulgação

A experiência onírica é uma mistura de drama, terror, suspense. Um cinema, que o próprio diretor muito bem definiu, de horror sem susto, sem ‘jump scares’. “Acho que a gente se encaixa justamente aí, menos padronizado, com menos apelo para a grande massa”, diz Cassales. Disforia fica em você. 

No filme, acompanhamos a história de Dário (Rafael Sieg), um psicólogo, que sofre pela dificuldade em se recuperar de um acontecimento assustador de seu passado. Ao se deparar com Sofia (Isabella Lima), as emoções e a culpa tomam conta de sua vida, a partir das sensações estranhas e perturbadoras que a menina causa nas pessoas ao seu redor. Atormentado, ele precisa encarar o passado e o mistério envolvendo a família de Sofia.

Para falar sobre os bastidores do filme, desde o início do projeto, em 2013, detalhes de cenas, o projeto da trilha sonora e desenho de som, e as expectativas da estreia para o streaming, o Terra entrevistou o diretor Lucas Cassales e o ator Rafael Sieg, que dá vida ao protagonista Dário. Acompanhe a seguir a entrevista completa:

Terra: Quando o projeto começou, foi em 2014?

Lucas: foi em 2013, se não me falhe a memória, e foi quando eu e o Thiago Wodarski, que é o outro roteirista, do Disforia, a gente se encontrou para trocar ideias mesmo, porque a gente tem muitos interesses em comum, a gente estava se conhecendo, a gente decidiu escrever o roteiro e jogou várias histórias, várias ideias que ambos tinham, na mesa. E começamos a trabalhar em Disforia, que no início era muito mais gore, muito mais visual, do que ele acabou sendo. Até porque o Thiago tem muita influência desse cinema. Então, ao longo do processo, ele foi se retrabalhando, o filme, para chegar numa coisa que eu queria mais. E na época eu também estava trabalhando já no curta O Corpo, que já carrega um pouco dessa coisa de atmosfera, sensorialidade. É um pouco do que eu queria: investir mais em uma jornada onírica na mente daquele personagem. Até teve uma versão do roteiro que ele era um thriller investigativo, ele era muito mais um passo a passo, do que acabou sendo. 

Rafael: Tenho a impressão que a primeira vez que eu e o Lucas, que a gente se falou foi em 2014.  E desde o diálogo sobre o roteiro até acessar os editais, o filme conseguir receber o financiamento, levou uns três anos. E o filme foi recebendo outros tratamentos, foi evoluindo. Eu já tinha lido o tratamento de 2014, da primeira vez que a gente se falou, porque a gente filmou. Ele tem algumas mudanças bem significativas assim. Mas foi lá. E eu não conhecia o Lucas pessoalmente, ele me mandou junto o link de O Corpo, que é um curta dele fantástico, que ganhou em Gramado. E logo achei incrível. Fora o aspecto especial de ser convidado para fazer o filme dele, quanto trabalhar com alguém tão talentoso, tão inteligente, tão capaz de criar atmosferas como as que já estavam impressas naquele curta, como as que a gente foi debatendo, que eram as intenções dele para o filme que a gente viria fazer, que é o que a gente fez. 

Terra: Eu gostei muito de um termo que você, Lucas, usa para descrever Disforia, que é o cinema de horror sem susto. 

Lucas: Isso, porque nem todo cinema de horror é atrelado, mas tem uma convenção mais padronizada, mais comercial, que pessoas vão ver o filme de terror e querem ver os  "jump scare". Mas, claro, hoje em dia, isso é muito mais diluído, em vários subgêneros. Então acho que a gente se encaixa justamente ai, menos padronizado, com menos apelo para a grande massa. 

Terra: E como você acha que o horror ajuda a contar a história de Disforia?

Lucas: Eu acho que os gêneros, em si, todos os gêneros cinematográficos, eles normalmente, pelo menos os que eu gosto, que trazem algo de interessante, eles usam os estereótipos de gênero para falar sobre as questões humanas. Para mim era muito de como esse horror que estava na mente, e essa angústia, e essas cicatrizes mal resolvidas, do Dário, que é o protagonista, de como se utilizar do horror e da atmosfera sombria, para externalizar isso e tornar visual, tornar auditivo. O horror se presta muito a isso, desde sempre, e até mesmo a comédia. Se você for ver Monty Python, eles estão fazendo críticas ali o tempo inteiro, então os gêneros que se sobressaem são os que se utilizam bem desse recurso. 

Terra: Rafael, você vem do teatro. Que elementos o Dário recebeu dessa sua experiência?

Rafael: Eu sou formado em teatro, mas logo já na minha formação já estava próximo ao pessoal da comunicação e já extensão em cinema, então já consegui desde o final da minha formação me conectar com a galera de cinema, de audiovisual, e vou participando disso já há um bom tempo. Mais eu acho que sim, o aspecto de uma compreensão sobre o meu corpo, sobre a teatralidade, ele ajudou muito nesse filme que é um filme sensorial e é um filme que exige muito da imaginação do ator para criar as reações no seu corpo, e pra fazer esse mergulho na mente. O Lucas escreveu algo que precisa ser compartilhado com o espectador, algo que está dentro da mente de um personagem, e que, sim, a câmera vai contar, todos os elementos do filme vão convergir para criar essas sensações que estão no roteiro no espectador, mas ele vai passar pelo meu corpo também. E isso é um grande barato para mim enquanto ator, que venho do teatro, poder colocar isso fisicamente. Porque também me dava suporte, eu não estava achando que tudo estava só acontecendo na minha cabeça. Eu estava consciente de que tudo que a gente debateu, seja com psicólogo, seja trocando ideia com o Lucas nos ensaios, seja estudando o roteiro, ele ia precisar passar pelo meu corpo também. Isso me deu muita força para criar as impressões que eu gostaria. Mas é claro que é uma linha tênue que você vai navegando de acordo com uma outra linguagem, que não é a do teatro, que é a do cinema. 

Terra: Para o lançamento nas salas de cinema, antes do início da quarentena, vocês chegaram a fazer debates com profissionais da saúde usando o Disforia como objeto de estudo para discutir a saúde mental. Como foi?

Lucas: Fizemos na pré-estreia, em São Paulo, com a Folha de S. Paulo, com a Sílvia Haidar, que é colunista de saúde mental e de psicologia. E fizemos esses paralelos, porque, obviamente, o filme, apesar de ter um psicólogo como protagonista, ele trata muito de um distúrbio mental que talvez vários daqueles personagens estejam vivendo naquele momento. Mas o filme também não se preocupa em tornar esses distúrbios exatamente didáticos ou tornar isso o tema do filme, eu acho que isso é mais consequência das ações humanas do que trazer essa questão clínica como tema. Às vezes a gente até não se preocupou muito com a verossimilhança, já que o filme traz tanto um clima onírico que pra nós era mais interessante de abordar. 

Rafael: Foi muito interessante. Antes de a gente começar filmar, eu tenho um amigo que é psiquiatra, e a gente se encontrou duas vezes para discutir o roteiro, para discutir um entendimento sobre o personagem porque, por exemplo, eu poderia me utilizar da ideia de procurar um psicólogo, um psiquiatra, para discutir um personagem que tivesse um transtorno, que tivesse passado por um trauma. Poderia ou não, dentro do meu processo de criação, porque esse é o mote do personagem. Ele passou por uma situação traumática e ele está tentando se reerguer disso. Só que a minha ideia de procurar um profissional da saúde é porque o personagem é um profissional da saúde, ele é um psicólogo. Então existe um busca por entendimento que é bastante cruel dentro do trauma que esse personagem vive. Porque ele se culpa por aquilo que ele não percebeu que estava acontecendo tão próximo dele. Eu acho que isso é uma camada bem interessante do personagem e nas palestras e debates que tiveram com profissionais de saúde, se falou muito sobre isso, sobre o profissional de saúde, sobre o que ele passa também. Ele também tem as suas fragilidades, as suas dificuldades. E a gente entende que o meu personagem, especificamente, que é um psicólogo, e todos os outros, esse pai dessa menina, a personagem da Juliana, que é a minha esposa, em geral, todos os personagens, são personagens que não pedem ajuda, que não pediram ajuda. Eles passam por momentos difíceis e não conseguem verbalizar isso, e isso, eu acho que é um problema da nossa sociedade. A gente tem dificuldade de admitir que está passando por um momento difícil, que não tem mais o controle sobre si, ou que está caminhando para isso, ou procurar uma ajuda, ou alguém. Então esses personagens do filme transitam por esse lugar e os debates foram interessante por isso também. 

Terra: As cenas de "flashback" com videos caseiros com o Paolo e a esposa dele. Pessoalmente, eu vi como um recurso que trouxe a história ainda mais pra realidade e me deixou com medo. Foi essa a intenção, aproximar mais o filme de quem estava assistindo? Como vocês pensaram nesses trechos no roteiro?

Lucas: As cenas em MDV, eu sempre penso em VHS, mas não é, a gente já está em outra geração. Elas sempre estiveram no roteiro, mas eles estavam em outro local no roteiro, eles estavam mais pro final, quando o Dário vai até o chalé, onde o Paolo está, e vê a fita, e teria isso mais compactado dentro daquela fita. Só que tiveram duas questões, uma que essas cenas muito boas de gravar, e eu decidi também dar muita liberdade para os atores fazerem. E eu gostei muito do que eles estavam fazendo e estava muito difícil de escolher algumas coisas, dentro daquele material, que estava ficando bem grande pra inserir junto no final, e então o Daniel Almeida, que o montador do filme, que teve a ideia de colocar esses pequenos enxertos dentro do filme. E dão um contraste, porque algumas partes são mais solares dentro daquele registro, então são um contraste bem legal com o peso todo do que aqueles personagens estão vivendo no presente, no caso do Paolo.

Terra: A gente podia falar um pouco sobre a trilha sonora? Foi um trabalho conjunto com o Tiago Abrahão? 

Lucas: A questão sonora a gente sempre pensa muito tempo antes. Não só a trilha como o desenho de som, a mixagem. E a gente sempre trabalha com o pessoal da Gogó, daqui de Porto Alegre. O Tiago Bello é desenhista de som, mixador. E para nós sempre foi importante trabalhar esse som. E claro, também pensamos em ver no cinema, numa tela escura, num local um pouco mais propenso a se deixar emergir. Mas também de trabalhar com uma certa sutileza nos elementos. Claro que tem momentos que a trilha sobe mais para acentuar certas coisas, mas a maior parte do filme ela é muito sútil. E a gente queria muito que isso fosse mais um elemento, para levar o espectador dessa viagem onírica. Eu até comento bastante que quando eu fui ver Hereditário (Ari Aster/ 2018) pela primeira vez nos cinemas, a trilha me incomodou muito, porque ela era muito presente no filme. E isso mais do que me levar junto com o filme, ela me tirou um pouco do filme, e é um filme que eu adoro, eu já revi algumas vezes, mas nessa primeira vez que eu tive essa experiência foi um pouco fora do tom pra mim. E tem muitas coisas interessantes nessa coisa de trilha mesmo, de trilha musicada, apesar de não ter uma canção específica, tem vários momentos que a trilha musical é quase um desenho de som, elas quase se misturam. E elas foram feitas pela Rita Zart e pelo Tiago Abrahão. A Rita conseguiu pescar na internet alguns trechos de uma música, que é de um pessoal mais erudito, com algumas partes em francês, bem rapidamente. E se trabalhou com violino, harpa, e que eu acho muito interessantes. E a Rita e o Tiago incluíram isso dentro de momentos de mais alucinação do Dário. Tem vários elementos que para dar certo. 

Terra: Como foi assistir Disforia em casa e nos cinemas? A experiência foi muito diferente?

Lucas: É uma experiência diferente. Principalmente por parte de como o espectador... eu mesmo, quando eu estou vendo em casa, minha experiência é diferente. Por mais que eu esteja só vendo o filme, tem os elementos da casa, tem o caminhão que passa lá fora, tem o vizinho de cima que derruba alguma coisa. São coisas que as vezes não tem a ver com como a gente se comporta, mas que são fatores externos. E por isso que quem tiver a oportunidade de desligar as luzes e de botar o som no talo, eu acho que vai ser mais prazeroso de ver. Acho que vai de como cada um se relaciona com o audiovisual. Têm questões que são muito específicas do cinema. Por mais que você possa sair, você não sai por nada. Você se propõe a estar preso ali, por duas horas, pelo tempo que for necessário com aqueles personagens. Mas, claro, pra gente agora é incrível que a gente consiga lançar o filme no streaming e tentar alcançar o maior número de pessoas, já que o lançamento foi abreviado por causa da pandemia. 

Terra: Você tem uma cena favorita no filme?

Rafael: Eu acho que, usando um pouco do que você trouxe... tem dois momentos meus, fazendo essa relação com o teatro, por eu ser um ator com formação em teatro. Eu acho que tem duas cenas, o confronto com a personagem da Juliana Wolkmer no carro, quando eu verbalizo angústias. Ali é um momento super bonito também, porque é um desespero, ele é agressivo, a maneira que ele trata ele, como ele age, mas ao mesmo tempo é um grito de desespero do personagem quando ele finalmente consegue botar um pouco pra fora. Das minhas favoritas, acho que também fazer uma cena em plano sequência, pro ator, é um negócio fantástico, que é a cena da festa no apartamento, com uma mistura de sonho e projeções. É uma sequência longa, com seis ou sete minutos. Acho muito prazeroso fazer planos sequências longos, é um exercício de coletividade, é um momento de toda a equipe de um filme, jogar suas melhores energias, o maior campo de concentração e dedicação, tanto da equipe como do elenco, para fazer uma sequência de seis minutos, ou muito mais que isso acontecer, ou menos também. Acho que é onde o encontro coletivo de fazer cinema se potencializa mais. E, fisicamente, uma das últimas sequências, no sobrado, onde eu me senti mais exigido, quando entra a fumaça, o personagem cai no chão, sufocado por uma angústia. Aquilo exige fisicamente bastante e eu acho muito bom. Não consigo te dizer só uma coisa. 

Terra: O filme tem uma forte carga dramática, mas faz um cinema de horror. Você acha que a gente pode caracterizá-lo como terror psicológico?

Rafael: Acho que o Lucas vai pode te falar melhor sobre isso. Acho tão interessante da criação da obra, da arte, que a gente não precisa colocá-la num quadrado, de dizer que ela é um terror psicológico, de dizer que é um suspense, que é um drama. Eu acho que ele navega por todos esses lugares. De uma maneira muito franca, muito aberta. O filme não tenta impor um estilo único, sabe? E eu acho que isso é um barato. Acho que isso nos assusta porque ele nos aproxima da realidade, eu acho que os tempos de hoje falam muito sobre isso, do que é horror, do que é drama, do que é suspense, dentro desse cenário que a gente está vivendo. E quanto mais ele se aproxima da vida, ou de momentos da vida, ou de como a vida pode se potencializar, estamos sozinhos, na sua casa, cada um está no seu isolamento, você não consegue oxigenar. E o filme é muito de internas, muito dentro das casas, muito dentro da casa daquele pai, com aquela menina, dentro do carro, dentro da outra cabana. Ele é muito dentro da memória do personagem. São muitas cenas internas. Ele é uma viagem pra dentro da mente do personagem, com todo mundo dentro de casa, tendo que se confrontar com as suas sombras. 

Terra: Gravando você teve essa sensação também? Foi difícil deixar o Dário quando você terminava as cenas?

Rafael: A gente filmou em 20 dias. Começamos o processo antes, claro, fez uma preparação, fez uma pequena pausa, e depois retomou uns dias antes desses 20 dias de intensidade. E eu não moro em Porto Alegre, eu nasci no Sul, moro no Rio de Janeiro, mas estava em Porto Alegre, especificamente para o filme. E a gente teve dias bem disfóricos, por assim dizer, com essa neblina, inverno, frio. Estava muito concentrado no que estava fazendo. E como eu estava o tempo todo no set, eu não consigo ter esse deslocamento dia a dia do personagem, mas eu acho que quando acaba, sim, leva um tempo para você se distanciar daquele olhar, daquele corpo, daquele estado emocional de silêncio, de introspecção, de tempos dilatados, de gesto, do meu próprio rosto de barba comprida. E eu fui fazer uma coisa bem diferente depois, então foi bom pra poder me descolar. 

Terra: Para quem assiste Disforia é também uma boa recomendação, assistir algo solar depois.

Rafael: Eu faço isso também. No cotidiano, onde a gente fica fora de cenário pandêmico, onde estamos mais em casa, também tento intercalar com filmes ou séries que eu assisto, que tenham mais camadas densas, com algo mais leve. Faz bem. Eu estou assistindo uma série agora que chama This is Us. É incrível. O meu coração bate de uma outra forma. 

Terra: Mas This is Us é pra chorar também.

Rafael: Todos os episódios. Acho que a série traz esse choro bom, esse choro de se sentir vivo, que é de colocar pra fora. A série te coloca nesse lugar: bota pra fora isso. É difícil viver, é difícil se relacionar, é difícil amar, é difícil se conectar com as pessoas. Isso nos leva a uma emoção, a um choro, mas que ele é colocado pra fora. As pessoas se comunicam. A gente tem exatamente o oposto com o que acontece com o filme Disforia. As pessoas não se comunicam, elas não botam pra fora as suas emoções, elas não botam pra foram o que está acontecendo consigo e isso leva pra outra direção. 

Terra: E qual a expectativa para o lançamento de Disforia no streaming?

Rafael: A gente vai jogar a mesma energia, o mesmo desejo de que as pessoas assista o filme no seu modo, da forma que elas desejarem, seja numa tela de computador, ou numa tela grande em casa, ou no celular. O que a vida nos trouxe, infelizmente, é isso. Espero que as pessoas assistam ao filme e tenham essa experiência. Por exemplo, eu vi outro dia um filme que eu não tinha visto no cinema, O Beijo no Asfalto, e foi tão interessante assistir em casa. Claro que ter assistido a um filme que tem um diálogo entre cinema e teatro numa tela imensa, sentado numa plateia teria sido incrível, mas assistir dentro de casa, eu achei tão íntimo, porque o filme fala de uma intimidade, que dialogou com o meu estar em casa. E eu acho que o filme que a gente fez, Disforia, ele fala de intimidade, da intimidade dos personagens, os cenários são íntimos, são de dentro de casa, de dentro dos espaços, e pode ser uma experiência muito interessante assistir dentro de casa, com o seu som potencializado. 

Terra: E como ficam seus projetos futuros?

Lucas: Muitos projetos, estou com alguns editais abertos. Eu já trabalhava de casa boa parte do tempo, principalmente a parte de escrita de projetos, de questões de produção. Tem um projeto que é com o Thiago Wodarski (que escreve Disforia), que se chama Cerimônia, que a gente está trabalhando e desenvolvendo, e é bem mais dentro dos padrões de horror, bem madução, que chama O Rei do Riso, que é uma comédia melancólica, mas uma "dramédia" do que uma comédia, temos muitos projetos. A questão é sempre quando eles chegarão à tela.is um dialógo com Corra!, com Midsommar, e tem alguns outros que eu escrevo sozinho, que também flertam com o gênero. Tem um projeto agora que estamos colocando em produção, que chama O Rei do Riso, que é uma comédia melancólica, mais uma "dramédia" do que uma comédia. Temos muito projetos, a questão é quando eles chegam às telonas. 

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Fonte: Redação Terra
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